Eu quero- Parte 1

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Em mais uma quinta-feira normal de aula, eu acordei cedo como sempre. Tomei banho, vesti meu uniforme, peguei meu café da manhã e fiquei na porta de casa, esperando o escolar. Eu sempre tomo café da manhã e arrumo meu cabelo na van. Foi o jeito que eu conseguir de não ficar muito atrasada.

Fui para aula sem vontade nenhuma e no segundo horário, o pai do João entrou na sala com uma bolsa com o computador. Ele colocou suas coisas em cima da mesa e começou a falar. Inicialmente eu fiquei muito confusa, mas depois descobri que ele era o professor substituto. Teríamos aula com ele por uma semana de manhã e à tarde.

Na hora do almoço eu e as meninas saímos e fomos almoçar no Subway que fica perto da escola. Pedi o mesmo de sempre, steak cheddar, e uma coca-cola.

Estávamos comendo quando eu falei:

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Estávamos comendo quando eu falei:

-Por que a gente não sai daqui e vai para o shopping, ou algo do tipo?

-Depois da aula eu tenho natação. Não posso faltar. - A Marina falou.

-Mas eu não quis dizer depois da aula. Estava me referindo a agora. -Respondi.

-Você vai matar aula? -A Larissa perguntou.

-A GENTE vai matar aula. -Falei.

-A GENTE vai é voltar pra escola daqui a pouco. -A Marina disse.

-Gente, fala sério. Vocês querem mesmo estudar? Em plena quinta-feira, com esse dia lindo, vocês querem ficar presas em uma sala de aula. E outra, não quero ficar convivendo com o pai do João a tarde toda.

-Que pai do João? -A Marina perguntou. -Quem é João?

-O professor substituto é pai do meu amigo. -Expliquei pra elas.

-Mas você não pode faltar hoje. -A Marina olhou pra ela com reprovação, como se a Larissa tivesse falado algo que não devia. -Quer dizer…a gente não pode faltar.

-Por que não? -Perguntei desconfiada. -A frequência de nós três é ótima.

-Por esse motivo. Não vamos estragar essa ótima frequência. -A Marina disse sem graça.

-Ahhh… que saco! Eu desisto dessa escola. -Falei alto.

-Júlia, a gente entrou esse ano. Ainda faltam dois anos pra gente se formar – A Gabi falou e eu encostei a cabeça na mesa, desistindo de tudo. Até daquela conversa.

Voltamos para a escola e eu fiquei conversando com pessoal da turma da tarde, até o sinal bater. Eu tinha cinco horários e o pai do João ia me dar aula nos três últimos. A aula demorou tanto pra passar. Esse foi o dia mais cansativo de aula. Tudo que eu queria era ir pra minha casa, pra minha cama.

O pai do João entrou na sala, pela segunda vez no dia e começou a aula de elétrica. A aula dele até que foi interessante. No meio do quarto horário, alguém bateu a porta da sala. O professor abriu e era o filho dele. Por que o João estava na minha escola? Os dois foram até a mesa do professor e eu escutei as pessoas cochichando. A maioria era menina:

-Quem é esse?

-Queria conhecer melhor.

-Quem dera se fosse meu…

Foram alguns comentários que eu pude identificar.

O João falou alguma coisa com o pai dele e os dois olharam pra mim e o professor falou:

-Júlia, você está sendo solicitada fora da sala.

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