Capitulo 4

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Derek Rivera.

 Tinha acabado de receber a chamada do Dr. Smith a dizer que a minha cirurgia ia ser naquela tarde. Cancelei todas as reuniões que tinha para esa tarde, pouco me interessava se eram importantes ou não. A minha visão estava primeiro!

Já tinha feito várias operações, mas infelizmente, todas falharam. Apesar de mostrar aquela máscara fria, Derek sentia-se frustrado, triste e prestes a desistir. Já se começava a conformar que seria um deformado o resto da vida. 

 Eu sabia que era um homem charmoso, todos o diziam e ele acredita: era genética. Já o pai dele era um belo homem, pelo que podia ver das fotos dele. Sim, porque o pai de Derek abandonou-o a ele e à mãe depois do acidente de Derek. Apesar de sempre terem sido felizes os três, o pai de Derek sempre foi um homem frio e cheio de regras. 

A 1ª vez que Derek lhe desobedeceu levou com o cinto de tal maneira que ficou com a marca nas suas costas por 2 semanas. Mas não dizia a ninguém. E se dissesse? Ninguém acreditaria nele. Fora de casa eram a família perfeita, pai trabalhador, mãe linda e filho bem comportado. Em relação à mãe era verdade. Alana era um mulher deveras bonita! Ela tinha os cabelos castanhos e os seus olhos eram cor de avelã. Tinha um corpo de modelo, chegou a fazer algumas capas de revistas de moda, mas depois de se casar, o pai de Derek obrigou-a a ser uma dona de casa.E foi aí que o terror começou. O pai de Derek chegava acasa bêbedo e frustrado e descarregava em Derek. Mas Alana começou a defender o filho e aí , foi ela que começou a levar com o cinto. E do nada, Derek ficou cego.

O moreno chegou a ter acompanhamento psicológico, mas ninguém, excepto os seus pais, sabiam o que havia realmente acontecido para ele ficar cego. Só sabiam que um dia, a mãe dele chegou ao hospital com Derek nos braços, inconsciente, e que apesar de ter sido observado minuciosamente pelos médicos, eles não conseguiam justificar o porquê dele acordar na escuridão.

E o que o irritava mais era as mulheres. Só o queriam por causa do dinheiro. Claro que ele, como qualquer homem, não desperdiçava uma  boa mulher. Era raro o fim de semana que passava sozinho. Mas elas queriam sempre mais e mais, queriam que ele lhes oferecesse prendas caras e ele dispensava-as logo. Apesar de ser frio, ele queria uma mulher quente, e nao uma mulher fútil. 

A última tinha sido Ariane.  Derek havia passado dois fins de semana com ela, aquela mulher era um furacão! Derek correu todas as divisões da casa com ela e a mulher era insaciável! Mas depois começou tudo de novo.

- Derek, amor, olha aquele colar de diamantes...É tão lindo! 

-Derek, olha só aquele vestido Armani maravilhoso!

-Derek, o meu sonho sempre foi ir a Paris, ver a Torre Eiffel!

E aí, ele nem pensou duas vezes. Dispensou-a. 

-.-.-.-.-

Chegou ao hospital o mais rápido possivel e procurou pelo Dr. Smith. Uma enfermeira indicou-lhe o gabinete, perguntando se ele precisava de ajuda. Ele recusou delicadamente e foi andando em direcção ao gabinete. Já havia decorado o caminho, tantas vezes o tinha feito. Mas ao virar a esquina sentiu um corpo vir contra o seu.

-Não vê por onde anda? - Gritou ela.

Que voz forte era aquela? Nada parecida com as mulheres com que lidava. Mas gostei da ironia dela. Sim, claro que vi.

-Não, não vejo. - Disse eu, estava a espera que ela reparasse no pequeno detalhe da minha cegueira.

Conseguia sentir os olhos dela no meu corpo, e pelo silêncio, percebi que já se tinha apercebido que eu realmente não via por onde andava.

-P-peço desculpa...eu...eu nao -  Ela tentou explicar-se mas fui mais rápido que ela e nem a deixei acabar.

-Não reparou que eu era cego. Já estou habituado. Agora com licença. - E passei por ela.

Fui até ao consultório do Dr. Smith e ele explicou-me tudo. Mudei de roupa e fui levado até a sala de operações. Estava nervoso, ou melhor, BASTANTE nervoso. Era a minha última oportunidade de reaver a visão e dei por mim a rezar para que tudo corresse bem. Eu, a rezar...Eu que nunca sequer fui a igreja.

Depois da operação, levaram-me para o quarto e disseram-me para, no dia seguinte, esperar pela enfermeira que me iria trocar as compressas e limpar os olhos

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E agora, ali estava ele, sozinho no estúdio, a comer uma omolete divinal, com uma dor na anca e com um alto visivel nas calças. 

Maldito cheiro a morango!

Blind HopeOnde histórias criam vida. Descubra agora