Ciclos perto do fim

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Tudo estava absorto no mais absoluta silêncio, seu corpo parecia estar em queda livre e ao mesmo tempo flutuando como uma folha sendo carregada pelo vento.

Danilo permaneceu ali parado no completo vazio imóvel durante horas. Seu corpo parecia ser tocado pelo fogo por toda à parte direita, porém não havia dores apenas o aconchegante calor das chamas.

Por um momento todo seu corpo se envolveu naquela sensação, era como se envolver nos braços de um ente querido, a reconfortante sensação de que tudo vai ficar bem, pois você está seguro ali.

Porém suas costas sentiram o frio toque do chão. Sua queda pareceu encontrar o fim ali, naquela mistura de calor e frio que cercava seu corpo.

Aos poucos sentiu que a gélida sensação atingiu desde de seu pescoço até os calcanhares de seus pés e ele então pensou consigo mesmo.

- Será que estou morto - Pouco depois tentou abrir seus olhos, porém a luz branca que vinha de algum ponto no centro do que pareceu um teto se intensificava com a coloração também branca das paredes o forçando a fechar seus olhos.

Apesar de exitantes, seus olhos se abriram deixando algumas lágrimas escorrerem após se acostumar com a iluminação.

Ao observar melhor o  local notou que  não  havia nada ali, não havia paredes muito menos teto, porém ele jurou que havia acabado de enxergar algo parecido assim que abriu seus olhos.

Tudo era branco, de uma forma até enjoativa se observada por muito tempo.

Se pôs de pé e notou que não trajava nenhuma veste. Seu corpo tinha cicatrizes que ele não se recordava de sua origem, uma tatuagem de serpente subia de seu abdômen até atingir seu ombro esquerdo, quase como se ela tivesse acabado de lhe dar o bote.

- Onde estou? - Soltou a pergunta que ecoou pelo local.

Tentou caminhar na busca por uma saída, porém tudo ali era idêntico, quase como um enorme salão acolchoado, então o medo e o desespero se fizeram presentes com absurda intensidade, queria sair dali, queria que toda aquela imensidão branca acabasse, e num surto de adrenalina disparou à correr o mais rápido que podia.

O ar foi ficando mais pesado, sua respiração perdeu o ritmo calmo ficando descompassada, até o ponto em que o cansaço tomou o controle e seus joelhos tocaram o chão com certa intensidade.

Fechou seus olhos e gritou. E permaneceu ali, sozinho durante um bom tempo, até que sua voz falhou e tudo o que se ouvia era o silêncio mórbido daquele local.

Seus olhos se inundaram com lágrimas, não sabia que lugar era aquele, nem como havia chegado ali, suas últimas lembranças eram de seu combate e da dor que havia sentido quando viu o corpo de seu irmão estirado no chão.

Foi então que a tristeza venceu, as lágrimas escorreram pelo seu rosto quando a imagem de sua lembrança trouxe novamente à sensação de vazio que teve ao sentir sua impotência para salva-lo.

Durante alguns minutos, que pareceram horas em sua mente, Danilo permaneceu ali, apenas ele e suas dolorosas lembranças até que uma voz surgiu.

- Você leva à sério a palavra vazio! - levantou sua cabeça na busca do dono da voz porém não encontrou ninguém - E acredite, o vazio é um velho conhecido meu.

Ouviu passos vindo de suas costas e viu ali um trio de homens. Dois deles eram absurdamente parecidos, a face pálida tinha um contraste com o cenário que trouxe ao seu íntimo certo alívio, seus olhos eram idênticos, os traços em sua face eram um espelho, sendo as maiores diferenças entre eles suas vestes. Aquele posicionado à direita trajava um sobretudo marrom que atingia a metade de sua coxa, uma camisa de cor roxa e uma calça preta, trazendo em suas mãos um chapéu arredondado que lembrava muito os chapéus usados principalmente pelos britânicos durante à revolução industrial. Seu semelhante era um pouco mais alto, além de parecer alguém deslocado de sua era, suas vestes eram apenas uma toga branca, uma veste no mínimo incomum para os dias atuais, e junto de seu peito ele segurava um livro estranhamente familiar para ele. Já seu acompanhante era forte, tinha uma barba muito avantajada que se unia aos cabelos negros que caiam até o ombro, trajava vestes simples, uma camiseta preta sem detalhes e uma calça de mesma simplicidade.

Juízes Da Noite: Nas Sombras Da Noite (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora