Coroas e Navios

PRINCESA TEM UMA AMIGA

CAPÍTULO QUATRO

Emma mal podia esperar para o desjejum terminar. No geral, ela queria que ele não terminasse, porque era a melhor hora de seu dia lotado de compromissos entediantes como etiqueta e estudos. Porém, almoçar numa corte como convidada era diferente de almoçar como filha dos anfitriões, era necessário ser mais educada e contida, o que Emma detestava.

Sem contar que ela estava bem mais interessada em seu compromisso marcado com um certo pirata.

Era inacreditável sequer pensar nisso. Ela, Emma de Misthaven, a princesa coroada, a primeira na linha de trono para a coroa do maior reino da Floresta Encantada, estava ansiosa para se encontrar com um pirata.

E não só qualquer pirata.

Ela se encontraria com Capitão Gancho. O mais conhecido pirata dos sete mares. Ela havia até estudado sobre sua figura com seu instrutor de história.

Havia algo de místico nesse homem que havia não só devastado seu reino de origem trezentos anos atrás, como também aparecido diversos reinos e terras nos últimos séculos trabalhando para Pan, um terrível e muito conhecido vilão.

Não que sua fama tenha sido criada apenas por fazer o trabalho sujo e estar na sombra de Pan (trocadilho intencional)... Ele também era conhecido por ter trabalhado para outros vilões, como a Rainha das Copas e a Rainha Má, isso sem contar todos os atos horríveis que ele cometeu sozinho em nome de sua vingança.

Emma não havia recebido muitos detalhes dele nas aulas (até porque se seu instrutor mencionou Gancho duas ou três vezes durante seus quinze anos de aprendizado foi muito), mas ele não era nem um pouco como ela imaginava.

Na cabeça dela piratas eram homens bêbados e tarados, uns nojentos com escorbuto que fediam a vômito de baleia.

Killian Jones definitivamente não era isso.

Faz sentido que a mulher do Sombrio tenha fugido com ele, pensou Emma enquanto mastigava sua comida. Se ele oferecesse que eu fugisse com ele eu...

Emma balançou a cabeça acabando com suas divagações e focando em comer o cordeiro em seu prato. Apesar de ser apenas seu segundo prato, ela não sentia mais fome alguma. Quando o terceiro prato foi servido, ela teve se forçar para comer sua sopa. Sempre que ela estava ansiosa, perdia a fome. Ainda havia a sobremesa, mas até que Emma gostara do crêpe servido pelos Arendelle. Açucarado demais, porém gostoso.

Após o almoço, Elsa começou a mostrar o castelo para Emma que tentava prestar atenção no que a recém coroada rainha falava. Ela sentia que podia vê-la como uma amiga, as duas tiveram uma afinidade instantânea. Isso sem contar as personalidades parecidas, reservadas e aventurosas.

Antes delas saírem em direção ao jardim e bosque adjacente ao castelo, Elsa também mostrou a Emma seus poderes de gelo. Os Arendelle eram conhecidos por terem essa magia no sangue, houve até mesmo um escândalo quando descobriram dos poderes de Elsa alguns meses atrás, porém tudo acabou bem. Graças ao amor verdadeiro de sua irmã, Elsa percebeu que ela era aceita do jeitinho que era e não precisava estar sozinha.

Amor verdadeiro era uma coisa engraçada.

Emma não sabia se encontraria. Ser fruto de uma das maiores histórias de amor verdadeiro do mundo não garantiria que ela teria. Ela tentava se contentar com o amor verdadeiro que seus pais sentiam por ela, mas ela sabia que não era a mesma coisa que encontrar em sua alma gêmea.

Ela não sabia muito de sexo, mas já havia lido romances demais (indicações de mamãe; papai só fora letrado após ter se casado, por isso não tinha muito interesse) para saber que era o nível de conexão mais profunda que você poderia fazer com alguém. Família e amizade são importantes é claro, mas família você ama por sangue e obrigação. Amizade tem algo mágico no sentido que você adquire uma conexão com alguém sem ter obrigação alguma, em geral por terem interesses em comum ou gostarem de passar tempo juntos. Vocês contam um com o outro e compartilham segredos, mas nunca a maior intimidade de todas: a prazerosa nudez do sexo.