PIRATA PROCURA PRINCESA

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CAPÍTULO SETE

Não demorou muito para os dois acabarem tendo um caso.

Era simples. Por meio de Azulzinho (foi assim que Emma apelidou o passarinho e como Killian achou muito fofo também adotou o apelido), eles trocavam cartas durante os períodos de distância em que Gancho estava no mar com seus homens (ele não podia simplesmente abandonar sua vida de pirataria, igual Emma não podia simplesmente fugir com ele. Ambos entendiam e concordavam com os limites que seu relacionamento devia ter), mas de semanas em semanas ele voltava ao porto de Misthaven por alguns dias e juntos eles passeavam pela cidade disfarçados.

Ambos conheciam a cidade. Killian já havia visitado Misthaven séculos antes e Emma conhecia seu reino como a palma de sua mão, porém tinha algo de divertido em visitar os lugares como um casal.

Nas feiras, quando músicos viam um casal jovem tão bonito se aproximando começavam a tocar músicas românticas para os dois.

Vendedoras de rosas sempre prometiam descontos (e Killian sempre as comprava para Emma, com um certo prazer extra quando a rosa era de cor rosa).

Nenhum engraçadinho se aproximava de Emma para canta-la e quando se aproximavam, Killian brigava pela "honra" dela. Não que ela precisasse de alguém para defende-la, antes dele ela já conseguia afastar os chatos sozinha, mas era bom ter alguém ali para ela.

E o contrário também podia ser dito. Killian adorava ver Emma silenciosamente marcar território apertando seu braço com mais força quando alguma garçonete de taverna servia a bebida de Killian praticamente esfregando os seios na cara dele, o olhar de ciúmes que Emma lançava de volta quando alguma moça o dava olhares sugestivos e o entrelaçamento das mão dos dois que ela fazia com prazer ao ver a tristeza no olhar de alguma camponesa quando se dava conta que aquele bonitão tem dona.

Eles nunca faziam mais do que trocas de beijos. Está certo que Killian é um homem há mais de trezentos anos e sente uma falta danada de sexo devido a isso, mas ele sabe que Emma precisa se manter "pura" até o casamento por normas sociais de realeza ou algo do gênero que ele não poderia se importar menos. Mas, sabendo que isso provavelmente (afinal, ele nunca nem sequer tocou no assunto com ela) a importa, ele nada pressiona e mantém suas bolas num tom tão azul quanto o passarinho.

Um dia, Killian recebe uma visita de Azulzinho com uma carta de Emma contando de como sua viagem ao reino de Sear está sendo divertida. Ela estava visitando Melody, a filha de Ariel, uma amiga de sua mãe. Era a primeira viagem que ela fazia sozinha, sem os pais, e estava sendo uma aventura. Ela conta que Melody, assim como ela, é aventureira e juntas elas visitaram disfarçadas algumas partes de Sear.

Emma diz que a única coisa que estraga a viagem é o irmão mais velho de Melody. Ela sabia que sua mãe a havia mandado para essa viagem provavelmente numa tentativa fútil de fazê-la ter alguém pra cortejar, visto que seria uma ótima ideia unir ambos os reinos, mas ela não poderia ligar menos para um garoto. Isso de certa forma acalma o ego e o ciúmes de Killian.

Uma parte dele queria estar ali com ela, mas infelizmente ele havia ficado preso nos arredores de Camelot devido a uma tempestade que durou dias. Por questões de distância, se ele tentasse chegar até Sear agora chegaria depois que o navio de Emma já havia começado a voltar para Misthaven, pois ela especifica na carta que ficaria apenas cinco dias no reino de Melody. Entretanto, se ele zarpasse agora e fosse para Misthaven chegaria um dia depois dela ter voltado, logo chegaria bem a tempo de vê-la e no fundo isso é tudo que importa.

Fazendo uma carta resposta para entregar a Azulzinho, ele começa:

Minha querida Swan,

Fico feliz que esteja se divertindo no reino de Sear! Sinto muito não poder estar aí com você, mas pretendo encontra-la em seu retorno à Misthaven. Devo chegar com um ou dois dias de atraso da sua embarcação, então me espere no porto como de costume. Tenho muitas histórias para lhe contar sobre minhas proezas em Camelot que terei certeza que a princesa irá adorar ouvir.

Beijos,
Seu capitão.

Ele depois dá a carta a Azulzinho que logo voa na direção de Misthaven.

Alguns dias depois, ele chega no porto de tardinha. Após chispar todos os seus homens para um bordel qualquer e obrigar que Smee fique de guarda do navio, ele coloca suas roupas de camponês e mão de madeira.

Ansiosamente ele fica a esperando no porto como combinado. Ela demora e isso faz Killian refletir como que a primeira vez que ele a esperou no porto ansiosamente para vê-la fora há mais de seis meses atrás. Fazia quase um ano desde que ele havia visto aquela belíssima princesa num baile e mudado o rumo da sua vida. Bizarro o quanto que as coisas mudam! Ele agora era um homem apaixonado, um homem que novamente tem brilho no olhar. Antes ele só tinha escuridão e uma terrível sede por vingança.

Distraído em seus pensamentos, Killian se surpreende ao ver três de seus homens carregando um Smith desmaiado de tão bêbado. Na verdade, ele não se surpreende com o quão bêbado Smith está, ele realmente bebe demais, mas sim que seus homens estavam voltando do prostíbulo mais cedo!

— O quê fazem aqui tão cedo? — Um dos seus homens, o que segurava Smith pelos ombros, ri.

— Cedo? Capitão, o bordel já fechou. Já está quase de manhã. Parece que o senhor ficou plantado a noite inteira aí... — e eles entram para dentro do navio, jogando Smith com total descuidado num dos botes, pois estavam com preguiça de carregar o bebum até os quartos. Killian apenas permanecia no mesmo lugar, surpreso.

Ele não podia acreditar que Emma o deixara plantado desse jeito. Isso nunca havia acontecido antes. Teria ela se cansado dele e seus meros beijos? Teria ela entrado em cortejo com algum nobre engomadinho e o abandonado? Killian jamais saberia, afinal ela não havia tido a coragem de vir até ele lhe dar respostas.

Já acabando com o rum de seu cantil enquanto o bebe na rua mesmo, ele caminha até a mais próxima taverna possível para comprar mais. Não liga que já é quase de manhã, ele não tem hora pra beber. Em sua segunda caneca, ouve uma conversa no mínimo interessante.

— ...o rei e a rainha estão desesperados, é claro. — a audição de Killian fica atenta na hora. Por que os pais de Emma estavam desesperados? Ele sabe que ouvir a conversa de outros não é educado, mas ele é um pirata e não liga.

— Quem não ficaria se sua filha fosse sequestrada? — Killian não se contém e desesperado questiona:

— A princesa foi sequestrada?

— O navio que princesa estava voltando de um reino distante foi interceptado. — respondeu um dos homens.

— Roubaram todo o dinheiro e as joias da tripulação, mas sequestraram apenas a princesa. — falou o segundo.

— A notícia acaba de chegar a família real, eles estão simplesmente devastados. — comentou novamente o primeiro. Killian piscou diversas vezes em fúria. Homens como ele, piratas, haviam sequestrado sua amada.

Ah, eles pagariam por isso.

Porque ninguém, ainda mais piratas, pode mexer com o que pertence ao Capitão Gancho.

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