PIRATA RECEBE UMA CARTA

266 34 234
                                    

CAPÍTULO SEIS

Naquela tarde, Killian e Emma não puderam fazer muita coisa. Se eles se beijaram cinco vezes, foi muito. Logo ela teve de entrar no castelo, mas eles marcaram de se encontrar no dia seguinte novamente para que ele a mostrasse mais partes do reino.

Eles acabaram mais se beijando do que vendo o reino em si, apesar de terem visitado feiras e tavernas respeitáveis diferentes. Isso não se repetiu porque Emma teve de voltar com seus pais para Misthaven bem cedo da manhã seguinte. Em nenhum momento ela e Gancho discutiram o que estava acontecendo entre os dois. Era constrangedor para a princesa de vinte aninhos pensar que estava se encontrando constantemente aos beijos com o pirata centenário. E ele simplesmente não queria pressiona-la a nada.

Assim que ela zarpou, ele concordou em ir para Weselton com seus homens. Assim que chegaram no reino vizinho, foram ao bordel que eles tanto falavam que queriam ir. Killian estava feliz em ver a felicidade de sua tripulação, mas ele, estranhamente, não se sentia nenhum pouco estimulado.

Gancho via Smee com os braços ao redor de duas prostitutas peitudas, uma de cabelos negros e pele caramelo e outra de cabelos castanhos e pele alva como a neve. Keith estava com a cara nos seios de uma ruiva que o dava uma dança particular. Smith estava tentando convencer (leia forçar) uma de pele de tom de chocolate amargo e cabelo afro cor de caramelo com olhos de obsidiana a subir num dos quartos com ele para que ele pudesse apertar o "rabetão" dela. Até mesmo Sullivan estava se divertindo com um loiro malhado de cueca apertadinha, pois o prostíbulo era aperto até mesmo a um público como o dele.

Mas, Killian não conseguia tirar uma certa princesa da mente.

Ele praticamente passou a noite toda bebendo rum e fingindo estar interessado no show das prostitutas/dançarinas, mas toda vez que alguma se aproximava ele recusava. No segundo dia, ele decidiu ficar de guarda do navio, visto que ele não lucrava nada indo ao prostíbulo. Smee estava preocupado com seu capitão notando seu comportamento estranho a um bom tempo, mas o resto dos homens não ligou, pensando que não passava de um mero sacrifício.

No quarto dia que ele ficou de guarda no navio, enquanto ele bebia rum de seu cantil, um pássaro azul pousou no timão do navio. Gancho estranhou. Estranhou ainda mais quando viu que havia um papel embaixo de sua patinha. Com dificuldade por ter só uma mão, soltou o papel da patinha dele e o abriu, revelando ser uma carta... Da Princesa Emma.

Meu querido Killian,

Acabo de chegar em Misthaven. Durante a viagem inteira, você e seus beijos não me fugiram a mente. Espero também ter, de certa forma, estado com você, apesar de não nutrir esperanças por entender que um capitão de um navio precisa ter outras coisas em mente além de uma princesa com quem ele trocara meros beijos.

Porém, desejo que saiba que sempre será muito bem-vindo a Misthaven, não por meus pais ou os guardas que condenam a pirataria, mas por mim.

Abraços, Emma.

Killian não podia conter um sorriso largo em seu rosto. A Princesa estava pensando nele! E o havia convidado para ir a Misthaven! Não podia acreditar...

Vendo que o pássaro continuava no timão, quase como se esperasse uma resposta dele, Killian desceu até sua cabine e pegou um papel e pena começando a escrever uma resposta. Sobre como que ela também não saía de sua cabeça e que ele pretendia ir para Misthaven agora mesmo e que quando ele chegasse, a esperaria à noite no porto, mais ou menos em cinco dias. Depois ele prendeu a resposta na pata do passarinho e o soltou falando para encontrar a Princesa Emma de Misthaven.

Em seis dias ele chegou no porto de Misthaven. À noite, ele ficou esperando-a até que finalmente a viu se aproximando num vestido simples com um capuz. Killian sorriu na hora.

— Emma...

— Shhh! — ela disse com o dedo na boca para pedir silêncio. — Não fale meu nome alto, vai que alguém liga os pontos?

— Certo, nesse caso vou te chamar de... — ele pensa em algum nome para ela, mas nada lhe vem a cabeça. Ele vê alguns cisnes nadando nas águas do porto e tem uma ideia: — Swan.

— Swan? Por quê? — pergunta Emma de cenho franzido.

— Ah, o seu pescoço é elegante. Como os deles. — ele diz apontando com seu gancho para os cisnes. Emma cora.

— Você... Reparou no meu pescoço? — Killian não espera corar diante da observação dela, mas cora.

— Talvez. — Pff, ele pensa por dentro. Os sonhos que eu tivera cheirando, beijando, chupando esse belo pescoço... Emma tosse coçando a garganta diante do silêncio constrangedor.

— Bem... Imagino que por mais que você conheça meu reino nunca tenha recebido um tour da princesa, certo? — ela pergunta tentando flertar. Killian sorri sem mostrar os dentes, jogando seu jogo.

— A não ser que a memória esteja me falhando, não... — Emma pega em seu gancho que apesar de ser uma arma e um objeto metálico frio não a incomoda. O ato derrete o coração de Killian.

— Nesse caso... — ela diz o guiando.

E naquele momento ele se dá conta: por ela, ele iria até o fim do mundo.

00000

Os dois acabam indo na taverna mais respeitável e cara de Misthaven. Killian insiste em pagar as bebidas dos dois, por mais que Emma tenha trazido um saquinho de ouro suficiente para a dela. Ela fica tocada com seu gesto cavalheiro, mas o ordena que da próxima vez ela pagará as bebidas dos dois.

— Então, terá uma próxima vez... — Killian comenta com sua sobrancelha erguida de uma forma que deixava os joelhos de qualquer mulher heterosexual bambos. Emma não responde nada, apenas corando.

Os dois se divertem, mas não se beijam. No meio das risadas, Killian questiona:

— Como você me encontrou? — Emma o olha sem entender.

— Hã?

— O pássaro. Eu nunca a disse que estaria em Weselton. — Emma cora.

— Oh. — ela dá um gole em sua bebida leve e colorida. A feição da princesa demonstra claramente a queimação que a bebida faz em sua garganta ao descer. — Eu não sabia que você estava em Weselton. Pelo menos, não até você me mencionar isso agora. — Killian franze o cenho.

— Então, como...?

— É um pássaro encantado. Fui até uma feiticeira e o troquei por algumas moedas de prata para que ele pudesse sempre encontra-lo e transmitir  meus recados. — Killian a olha surpreso.

— Você se deu todo esse trabalho... Por mim? — ele parece chocado e está mesmo. Poucas vezes em sua vida pessoas se importaram com ele. Menos vezes ainda pessoas se importaram com ele a ponto de fazer alguma coisa por ele. Liam, por exemplo. Milah também.

E não conseguia pensar em mais ninguém.

Emma o encara nos olhos após ele fazer sua pergunta e não responde nada. Ela apenas se aproxima dele próxima o suficiente para lhe dar um beijo. É um beijo delicado, sem toque algum além do das bocas e narizes dos dois. Eles não trocam nem línguas. É muito similar ao primeiro beijo que ambos trocaram. Quando o beijo para, ela se afasta e com um sorriso leve e brilho apaixonado no olhar diz:

— Valeu a pena.

Coroas e NaviosOnde histórias criam vida. Descubra agora