Vinte e seis: Companhia de Charlie Moore.

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As gotas frias de chuva caiam sobre as folhas das árvores, muito acima da cabeça ruiva de Joy Layla Moore. A garota carregava uma imensa mochila, que fazia-a pender de um lado para o outro e, repetidas vezes, perder o equilíbrio.

- Posso levar sua mochila, Layla. – Repetira pela quarta vez o homem na casa dos sessenta que mantinha uma ótima forma com corridas diárias e canoagem nos finais de semana.

- Não. – Rebatera a menina novamente. – Mulheres podem levar suas próprias mochilas também.

- Mas, você... – Dissera olhando-a de esguelha, hesitando por um instante. – é uma garota, não uma mulher.

- Garotas são as futuras mulheres, Charlie. – Dissera afiada como uma faca.

Charlie Moore rira da atitude de sua neta, sempre tão esperta e defensora de seus próprios conceitos, mesmo tendo apenas sete anos de idade.

- O que acha desse lugar, querida – Indagara o avô olhando a clareira. – É bem perto do rio e podemos ter uma boa vista das estrelas.

- Vamos montar as barracas! – Dissera jogando a mochila que carregava no chão, o baque pesado ecoara na pequena clareira, um som abafado e cômico ao ver de Charlie.

A menina fitava o solo úmido, brincando com um galho coberto de musgo e gotículas de água com impaciência. Seu rosto dizia bem o que sentia: Raiva.

O senhor alcançara a arma de fogo que pousava em um dos galhos, certificara-se de ter pelo menos uma caixa fechada de munição em seu bolso. Bufara contrariado.

"Não exponha-a à atividades violentas, já tivemos o bastante de violência por aqui."

- Traga essas latas com você, Layla. – Indicara o homem grisalho.

A menina fitara o avô, olhos nublados pelas lágrimas.

- Pensei que quisesse aprender a caçar. Vamos ou não? – Questionara com a presença de rugas nos cantos de seus olhos, acompanhadas de um sorriso familiar.

A menina pulara até o local onde as latas pousavam, colocara-as em uma sacola plástica e seguira seu avô.



A menina sorria de orelha a orelha, sobrolhos arqueados e um olhar, no mínimo, decidido. Três latas de comida enlata pousavam longe do avô e sua neta, Joy podia imaginar o que as latas estariam sentindo. A menina era pequena, mas tinha tamanho o bastante para conseguir segurar o rifle 224.

- Precisa de mais instruções? – Indagara ao sentar-se com dificuldade no solo úmido e frio.

- Não. – Rebatera antes mesmo de que seu avô dissesse algo mais.

- Atire. – Motivara com uma gargalhada.

A menina puxara o gatilho.

O estouro preenchera o ar com um som assustador, mas também excitante. Pássaros fugiram de seus galhos e árvores chacoalharam com a saída de seus moradores. A lata de feijões fora cortada ao meio, metades separadas e atiradas em diferentes direções.

- Você realmente é boa nisso. – Aplaudira o avô orgulhoso, gargalhando de felicidade.

O cheiro forte da pólvora ainda preenchia o ar quando Joy Layla virara-se em direção ao seu avô, bruscamente e de respiração pesada, o cano do rifle mirava a cabeça quase calva de seu avô.

- Sempre abaixe o cano quando não pretender atirar, Layla. Tire o dedo do gatilho para que não dispare-o acidentalmente. – A menina parou de sorrir.

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⏰ Última atualização: Apr 12, 2017 ⏰

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