Doze: Preciso de você

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A música familiar chegou ao meus ouvidos, demorei a desviar o olhar do ecrã.

- Aaron, preciso de você. - Dizia a voz que reconheceria em qualquer lugar.

- Está bem? - Perguntei com tom de preocupação.

- Poderia encontrar-me em frente a livraria? - Perguntou ela, ignorando minha pergunta, a voz embargada.

- Estou indo, Joy. - Disse desligando o aparelho celular.

Levantei-me, atordoado em meio a devaneios.

Ao fechar os olhos tudo que via tinha o mesmo tom laranja vibrante de seus longos cabelos, cabelos que cobriam-lhe a face e as montanhas de curvas e, em algum lugar via o brilho azul, através de sua aura branca.

Peguei a mochila que carregava sempre comigo, por força do hábito, caminhei pelo corredor estreito.

- Onde está indo? - Disse Amina parando na porta de seu quarto.

- Volto logo. Está tarde, vá dormir. - Disse a ela, beijei-lhe a cabeça e passei por ela.

- Aaron, posso ir contigo? - Disse Hugo que já estava em seu pijama.

- Não, Hugo. - Disse crispando o nariz e balançando minhas madeixas escuras.

- Onde vai? - Disse Ethan sentando no sofá.

- Tenho que encontrar uma amiga, é bem rápido. - Disse segurando a maçaneta.

- A garota Moore? - Disse Daniella com olhar sarcástico.

- Não lhe interessa, Daniella. - Disse revirando os olhos.

- Ela é legal. - Disse Hugo com o olhar preso em seu videogame portátil.

- A ruiva com curvas maravilhosas? - Disse Jean mordendo o lábio inferior.

- Olha como fala, Jean. - Advertiu Jennifer que cozinhava algo na cozinha.

- Aaron que anda brincando com ela, não eu. - Rebateu ele.

Daniella gargalhou junto a Jean, até mesmo Ethan mostrou um sorriso sarcástico.

- Está bem, estou indo. - Disse batendo a porta atrás de mim.

Dirigi-me até a lateral do hotel onde, ao lado de duas enormes caçambas de lixo, ficava minha bicicleta usada.

Segui até a rua Connaught, demorando cerca de quinze minutos até avistar a picape preta de Joy.

Desci da bicicleta e caminhei até ela, que estava sentada no meio-fio e brincava com o rasgo de sua calça preta.

- Joy? - Disse ao aproximar-me. Virou a cabeça em minha direção, deixando os cabelos cobrirem-lhe as costas.

- Oi, Aaron. Você veio. - Disse ela levantando-se.

- Claro que sim. - Disse apoiando a bicicleta no poste próximo de mim. - O que houve? - Disse olhando para seu nariz rubro e seus olhos tão rubros quanto.

- Podemos conversar no Hyde? - Perguntou ela olhando para as botas sujas de lama.

- Claro.

Segui-a através das calçadas vazias e dos carros silenciosos que estavam estacionados, a luz prateada da lua cheia brilhava sobre nossas cabeças e iluminava a pele branca de Joy.

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