Sete: Enigma.

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Caminhei até a sala no final do corredor.

A palavra Biologia estava pintada no vidro da porta. Entrei com certo receio.

A sala estava lotada de alunos, a maioria deles em pé e conversando uns com os outros.

Aproximei-me do senhor calvo que usava óculos de lentes grossas, sentado em uma mesa em frente a sala.

- Bom dia... - Olhei para o quadro a procura do nome do professor. - Sr.Hughes, sou Aaron Cartes, novo aluno.

- Sente, Sr.Carter. - Disse o professor com olhar duro. - Sente-se na última fileira, atrás da Moore e da Harrinson. - Disse ele apontando para o final da sala, segui seu dedo com o olhar, já afastando-me.

Um vento frio passou por mim, senti um arrepio ao focar a imagem de uma figura ruiva que lia.

A garota usava uma corrente grossa de prata no pescoço, uma camiseta preta, piercings na boca e nariz e usava um coque mal feito.

Ali estava a mesma ruiva sublime que avistei no parque.

Sentei-me atrás dela e de uma garota vestida com roupas rosas demais. Não conseguia tirar os olhos dos traços perfeitos daquela ruiva.

- Joy, conhece o garoto? - Perguntou a morena que sentava ao lado dela. - Joy. - Chamou novamente quando não recebeu a atenção da amiga.

Virou-se lentamente, seu coque mal feito afrouxou de maneira teatral, fazendo as ondas ruivas pintarem lhe as costas. Fitou-me com os olhos azuis de maneira indiscreta. Seu rosto era perfeitamente simétrico, bochechas rosadas, maças do rosto proeminentes, não via sardas ou marcas, mas os piercings iluminavam lhe a boca e nariz. - Além das orelhas que guardavam várias outras joias como aquelas.

Indiferente, focou novamente no livro grosso sobre sua mesa.

- Não lembro-me de conhecê-lo. - Disse a voz perfeitamente suave.

O professor proferiu as primeiras palavras da matéria, a voz arrastada preencheu o cômodo e a apatia tomou conta dos alunos antes entusiasmados.

Durante o discurso vislumbrei o brilho azul dos olhos da ruiva e segui com o olhar até seus olhos arredondados e destacados pelos cílios escuros.

Corei e, a ruiva sublime, sorriu. Seu sorriso era tão delicado e tão branco que por alguns segundos esqueci de respirar.

Nunca acreditei em destino, carma, ou qualquer uma dessas hipóteses mas, encontrá-la novamente, em um lugar onde estaria sujeito a vê-la todos os dias era surreal.

De beleza exuberante mas, seus olhos, acusavam um coração frágil que, deveria ser cuidado e preservado até o último minuto.

Quem era a real dona daquela inspiração?

Coração indomável, traços belos mas, carcaça obscura.

Por que escondes as cores dentro de ti?

Toda as trevas que a envolviam eram acobertadas pelo brilho colorido daqueles cabelos que, refletiam seu verdadeiro âmago.

Sentia-me estúpido.

O sinal soou pela sala monótona e, rapidamente, todos os alunos levantaram e retiraram-se do cômodo.

Demorei a situar-me. Juntei meus cadernos morosamente, enquanto verificava a próxima aula através do papel deixado sobre a mesa proporcionalmente.

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