Passaram-se uma semana desde que Joy falou comigo pela última vez. Tento focar-me nas aulas mas, ainda depois do ocorrido, tudo nela distrai-me.
Estava preparando um sanduíche quando meu telefone tocou.
Jennifer e Ethan olharam-me de esguelha, desconfiando da chamada.
- Carrie está lhe ligando, Aaron. - Comentou Jean apoiando as largas costas contra a cadeira. Daniella arqueou as sobrancelhas com um riso debochado.
- Sim. - Respondi ao telefone que brilhava perto de meu rosto.
- Aaron Carter? - Disse uma voz rouca e alegre.
- Sim, sou eu.
- Riley Martin falando, gerente da Biblioteca Londrina. - Disse a voz suave acompanhada de uma risada contida. - Você foi selecionado para preencher o cargo aqui.
- E-eu fui? - Disse com um enorme sorriso no rosto.
- Sim. Começa hoje as três da tarde, seu turno termina as nove.
- Obrigado! Estarei aí as três em ponto.
- Espero por você. - Disse a voz rouca. - Tenha um bom dia, Aaron.
- Você também, Sr.Martin. - Respondi enquanto andava pela pequena edícula.
- Riley. - Corrigiu o homem.
- Riley. - Repeti.
Voltei para onde minha família continuava estática e curiosa.
- Quem era ao telefone? - Perguntou Amina balançando de curiosidade sobre a banqueta.
- Consegui o cargo na Biblioteca Londrina. - Disse sorrindo. - Começo hoje as três da tarde.
- Biblioteca Londrina. - Repetiu Jennifer desconfiada. - Onde é esta tal biblioteca?
- Na rua Connaught, perto de um parque. - Disse enfim.
- Qual parque? - Perguntou Ethan.
- Não sei o nome do parque, pai. - Respondi dando uma mordida no sanduíche antes intocado.
- Esse Riley tem uma filha? - Debochou Daniella.
- Riley é o gerente, parece um bom homem. - Comentei.
- Voltarei tarde para casa, saio do trabalho umas nove horas. - Disse jogando minha mochila sobre as costas e deixando o cômodo.
Estava atrasado para aula, corri até o ponto de ônibus e esperei por alguns minutos.
O enorme ônibus vermelho e moderno estacionou perto de mim, entrei no veículo sem muitas pessoas e cumprimentei uma garotinha de cabelos cacheados.
Estava certo, esta cidade tinha algo para mim.
Cheguei na imensa escola e entrei pelas portas largas de madeira, recebi olhares de um zelador magricela e de um garoto tristonho que também corria pelos corredores brancos.
Cálculo, dizia as letras garrafais pintadas na porta de vidro.
O professor que foi interrompido por mim olhou-me com uma expressão carrancuda e apontou para as carteiras atrás de si.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Parque Obscuro
Mistério / SuspenseTodas as coisas tem seu lado cheio de luz mas, o que fazer se apaixonar-se pelo lado obscuro foi o caminho escolhido pelo seu coração? Aaron Carter tomou esse caminho e não arrepende-se. A vida deste garoto torna-se um verdadeiro caminho tortuoso a...