Dezessete: Apenas negócios.

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Minhas mãos estavam úmidas e, apesar das janelas estarem fechadas, sentia uma brisa gelada passar por minha nuca, arrepiando todos os pelos de meu corpo.

Ouvia a respiração tênue e o ruído dos carros que passavam por nós, jorrando água recém-caída das nuvens cinzentas contra a lataria da picape.

- Não está desconfortável por estar só ao meu lado, não é? - Indagou a voz um tanto grave.

- Não estou desconfortável. - Rebati olhando através do vidro manchado de gotículas de chuva.

- Diga isto para o suor em sua testa. - Retribuiu com uma gargalhada harmoniosa. - Não pode ficar desconfortável comigo. - Concluiu arqueando os sobrolhos espessos, desenhados em um traço perfeito.

- Não estou desconfortável com você, J. - Disse jogando minha cabeça para trás, apoiando-a no banco de couro e fitando a sua beleza por alguns instantes.

Joy olhou-me de esguelha, mordeu o lábio inferior e conteve um sorriso.

- Não faça isto. - Disse ainda observando-a.

- Isto o quê? - Perguntou ela olhando-me rapidamente enquanto guiava o volante de couro pelas ruas ocupadas de Londres.

- Não contenha um sorriso. - Pronunciei lentamente. - É a coisa mais linda que já vi. - Disse tocando-lhe as bochechas coradas.

Joy teve seus lábios repuxados em um enorme sorriso, suas bochechas aproximaram-se dos olhos amendoados, que brilharam com meu comentário.

Estendeu um dos braços e pressionou o botão de seu aparelho de som.

O som agudo da guitarra enchera a picape, o tambor que soava na canção batia contra nossos tímpanos, acelerando as batidas ritmadas de nossos corações.

- Irá dançar comigo no baile, não é mesmo? - Perguntou ela com tom infantil.

- Disse que não sei dançar. - Rebati com um sorriso envergonhado no rosto.

- Podemos aprender. - Gargalhou. - Daniella também não dança muito bem. - Adicionara com tom zombeteiro, jogando a cabeça ruiva para trás em uma risada cheia de humor.

Joy parou o carro com um tranco, olhando fixamente para o carro prateado a nossa frente, que esperava pela luz esverdeada do semáforo.

Um carro vermelho passou por nós, parando atrás do luxuoso carro prateado.

A luz esverdeada brilhara, batendo contra as íris azuladas de Joy, que arrancara com o carro, seguindo os veículos em uma corrida perigosa.

A cidade passava por nós como um borrão brilhoso, todas as luzes que iluminavam a cidade transformaram-se em uma só. Ouvia apenas um zumbido, misto das buzinas incessantes e da velocidade excessiva.

- Joy, o que está acontecendo? - Berrei enquanto segurava o banco do passageiro com força, jogando meu corpo contra o couro frio e fechando os olhos em cada esquina.

- George! - Gritou ela sem tirar os olhos do caminho a nossa frente, apontando com o indicador para os dois carros que seguia.

Joy acelerava e avançava nas ruas movimentadas, fazia curvas rápidas demais e fazia com que os pneus cantassem em um ruído irritante.

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