Alone with pain

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Uma semana se havia passado desde que acontecera o beijo com Justin e o encontro com Alex. Eu me tranquei em meu quarto. Eu me entreguei novamente a dor corporal para saciar a dor do coração, eu não queria fazer isso, mas a tentação me fez render, e o brilho das lâminas me chamou atenção novamente. Se cortar é como droga. No início é algo doloroso, mas depois os efeitos que nos proporciona é gratificante e a calmante, é um vício. Igual ou pior que droga mesmo. 

Nessa semana que passou, eu apenas ia a escola, faltei às aulas de educação física e ao time de volei. E quando regressava a casa eu me enfiava no quarto. Eu esqueci que havia um mundo. Eu esqueci que haviam pessoas no meu redor. Mas eu principalmente me esqueci de mim e do meu bem. Mal comi, bebi e dormi. Os gemidos haviam voltado. Mamãe já arranjara novamente tempo para dar prazer a Justin. Eu acho... Não, eu tenho a certeza que eles se esqueceram de mim. Assim como eu havia esquecido. Eu talvez estivesse exagerando, talvez estivesse agir igual a uma menininha mimada. 

Alex? Bom ele passou a vida tentando me falar na escola, mas eu não estava ligando pra ele. Eu o ignorava completamente. Eu estou sendo muito burra, de certeza. Não importa mais. Cansei da vida simplesmente. 

Justin? Esse nem se quer sentiu minha falta. Não procurou saber o que se passava comigo. Ele simplesmente nem se quer reparou na minha ausência.  Tenho a certeza que ele está bem melhor sem me ver, eu não se importa comigo na verdade. E então porque estes pensamentos estão magoando meu coração? Quer dizer... Porque sempre que penso nele meu coração se aperta, e minhas lágrimas derramam igual a uma cascata? 

Ele tem tanto efeito em mim, mas nem sabe... Nem se quer imagina.

Depois de ter limpo meu pulso, voltei para meu quarto. Nem coragem tive para me encarar no espelho. Meu aspecto devia de estar igual a uma caveira. Eu emagreci um pouco. Estava quase sempre sem fome. Mas agora, estou com uma imensa vontade de banhar em chocolate. 

Sai do quarto tentando fazer o máximo de silencio possível. Mesmo que mamãe e Justin não estejam em casa, meus ouvidos estão frágeis. Nem com a lua eu conversei. Eu apenas me dediquei à música deprimente que habitava em meu celular. 

Assim que cheguei na cozinha suspirei. Sinceramente eu já nem me lembrava do que vim aqui fazer. Ah... Sim... Vim comer chocolate. Preciso engordar o que emagreci essa semana. Meu problema não é meu corpo, ou meu rosto. Meu problema mesmo é minha solidão e meu amor por Justin. 

Irónico não?

Caminhei em direção à geladeira e um papelinho me chamou atenção, era letra de mamãe, sou pelo seu jeito esquisito de letra. Peguei nele e me sentei na bancada bem do lado da geladeira. 

'' Filha, meu amor, eu preciso saber o que se passa com você, você não come, não fala, nada. Eu e Justin estivemos conversando sobre sua situação e decidimos pagar um psicólogo pra você. Nós queremos seu bem, por favor não leve a mal. Nós nos preocupamos. Porém eu não estarei aí pois tive de viajar em trabalho, e como Justin tem seu emprego e você sua escola, preferi ir sozinha. Eu quero voltar a conversar com você, nós sempre nos dávamos como melhores amigas. E quando eu regressar, eu e você vamos voltar ao que éramos. Eu prometo. Justin agora ficará encarregue de você, o respeite apenas e não apronte nada. Tenho a certeza que vocês se darão bem, apenas olhe pra ele e imagine seu pai, e tudo dará certo. Eu te amo muito bebé, até daqui a uma ou duas semanas.''

As lágrimas já escorriam por minha face apressadamente, me fazendo soluçar alto. Trinquei o lábio e amassei o papel deitando ele logo fora. Viajou como assim? Nem de mim se despediu? 

Um psicólogo? Para meu bem? Pelo amor de Deus eu não preciso disso. Eu estou bem. Melhor do que nunca. Não se nota? Óbvio...

Eu estou pior que merda. Eu me sinto igual a uma cadela abandonada, ou deixada pra um novo dono. Eu me sinto deprimente. Em nada eu estou bem. E acho que nunca ficarei bem. 

Father or BoyfriendOnde histórias criam vida. Descubra agora