O Amor (nem sempre) Mora ao Lado (À Venda Na Amazon)

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

~~ pensamento positivo ~~

A água gelada tocou a bochecha de Rebecca, e ela abriu bem os olhos.

Ah, meu Deus.

O que tinha acabado de acontecer?

Rebecca parou, olhou ao redor. Parecia tão familiar por ser um banheiro idêntico ao da sua casa, mas não se sentia em casa. O que era estranho, pois tendia a se sentir em casa quando estava na casa ao lado. Mas nunca tinha ido ao banheiro do quarto de Daniel. Não... bem, nunca pensaria estar ali depois de...

Oh, Deus.

Ela ligou o chuveiro, só para ter algum barulho o qual ouvir, abafar seus pensamentos. E também não queria ouvir nenhuma evidência de que Daniel estava do outro lado da porta, deitado na cama, seminu.

O que acabou de acontecer?

Tinha transado com o melhor amigo? No mesmo dia em que descobrira que o namorado não passava de um fantoche manipulado e, ao mesmo tempo, manipulador?

Era isso mesmo, mas estava custando a acreditar. Rebecca fechou as mãos em concha mais uma vez e espalmou o rosto com a água.

E aí, riu.

Riu de nervosismo, e também... porque sentira vontade.

Deus do céu.

Começou a imaginar: com que cara sairia daquele banheiro? Será que Daniel cairia no sono, eventualmente, e ela poderia sair ilesa? Sem encarar a vergonha de ter transado com o melhor amigo. Sem o andar da vergonha.

Rebecca deixou a toalha escorregar por seu corpo, caindo aos seus pés, e entrou debaixo do chuveiro. Tinha muito o que pensar, e todo mundo sabe que debaixo do chuveiro saem as mais brilhantes soluções para qualquer problema sentimental.

E ela tinha tantos naquele momento.

✩✩✩

Daniel fechou os olhos e respirou fundo uma, duas, três vezes.

O que tinha acabado de acontecer?

Não conseguia segurar o sorriso para dentro por mais que dez segundos – afinal, tinha transado com a garota por quem estava apaixonado –, mas tinha a impressão de que deveria se controlar para quando a porta do banheiro abrisse e revelasse Rebecca do outro lado.

Ele queria desesperadamente entender o que tinha acontecido ali, e no que isso dificultaria o fato de ter que contar a Rebecca que irá viajar dentro de... quinze horas.

Não que estivesse reclamando do que aconteceu. Não!

Fora... muitas vezes melhor do que ele imaginara em tantos sonhos.

Quando Rebecca bateu à sua porta e pulou em seu pescoço, ele sentiu-se confuso. O instinto o mandou retribuir o beijo e seguir em frente com o que Becca estava propondo – ela tinha deixado as intenções claras desde o primeiro segundo – mas ainda assim, uma voz soava em sua cabeça, gritando irritantemente "alguma coisa não está no seu lugar".

E ele temia que a "coisa" seria o que eles estavam fazendo.

Temia que, depois de colocar a cabeça no lugar – seja lá onde ela estava naquele momento – Rebecca fosse se arrepender daquilo.

Se arrepender dele.

Porém, não tinha como saber, pois ela ligara o chuveiro há mais de dez minutos, e ele começara a sentir o coração como uma bomba dentro do peito, prestes a explodir a cada segundo que passava.