CAPÍTULO QUARENTA E DOIS

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Na tarde chuvosa do último domingo de junho, Rebecca se viu no meio de uma comemoração. Não imaginava recuperar o ânimo pelos acontecimentos daquela tarde, assim, tão rápido, mas há momentos em que a simples felicidade dos amigos acaba se tornando a nossa. E Rebecca não poderia estar mais feliz por Mariana e Clara, que finalmente tinham engatado o noivado.

Custou mais de um mês até que Clara reunisse coragem para fazer o pedido, e ela narrou a cena dezenas de vezes naquela mesma noite. Mariana também deu sua versão, falando em como se sentiu surpresa com a pergunta, mesmo que, no fundo, já esperasse.

Acontece que virou uma piada entre o grupo, o assunto sobre o pedido. De uma forma engraçada, ficou estabelecido que quem faria A Pergunta seria Clara, e não Mari, por voto "popular". Até Nicolas estava presente no dia da brincadeira, e lá estava ele de novo, na festa de comemoração. E Débora ao seu lado, a amiga que Rebecca recentemente descobriu fazer o coração de Nic bater mais rápido.

Ela não pôde evitar olhar para o relacionamento dos dois de forma diferente, naquela noite. De certa forma, todos estavam diferentes.

Mari e Clara agora não eram apenas namoradas. Além de morarem juntas há pouco mais de um ano, eram também noivas, prestes a selar o casamento.

Giovanna estava apaixonada, e a atmosfera ao redor da amiga exalava isso, mesmo que apenas um pouco. Sendo Giovanna sempre aquela típica amiga sem-vergonha, vê-la pendurada no telefone conversando com uma única pessoa já demostrava o quanto aquilo a havia mudado.

Nicolas e Débora estavam... enrolados, caminhando para se tornarem mais que amigos, e, depois de saber da informação extra, Rebecca não conseguia mais vê-los apenas como Melhores Amigos Para Sempre.

E ela... bem, ela com certeza tinha algo mudando dentro de si. Não apenas naquela noite, mas algo que já a vinha transformando há um tempo, e só agora mostrava os danos – ou os efeitos. Não sabia se alguém mais conseguia enxergar, mas ela com absoluta certeza conseguia sentir isso.

Se pegou por várias vezes imaginando como seria se Daniel estivesse ali, e o que aconteceria se, dali dois meses, eles não pudessem estar juntos, por uma coisa ou outra.

Ela sacodiu a cabeça de um lado para o outro rapidamente e agitou os ombros.

Estava começando a pensar demais sobre o assunto, então decidiu iniciar uma brincadeira. Sugeriu a clássica "eu nunca", que sempre gerava uma série de gargalhadas após revelações vergonhosas – principalmente da parte de Giovanna.

Ela logo se encolheu num canto da sala.

— Ah, não... — grunhiu — eu sempre me dou mal nesse. Vocês arrumam um jeito de descobrir tudo o que eu já fiz! Como pode isso?

— Você é previsível... — disse Nicolas.

— Ou louca — sugeriu Clara.

Giovanna continuou encolhida.

— Por favor, peguem no pé de outra pessoa dessa vez...

— É que é tão divertido quando é com você... — disse Becca, numa voz irritantemente doce, piscando os cílios lentamente.

Giovanna apenas bufou, e todos se reuniram em um círculo no chão, ao centro da sala. Era um cômodo apertado, mas aconchegante. O tipo de apartamento que sai dos planos de um casal após o casamento, mas ainda fazia sua parte nessa fase do noivado. Clara sentou-se por último, trazendo duas garrafas de vodca e uma bandeja com seis copinhos de dose equilibrados na plataforma prateada.

O Amor (nem sempre) Mora ao Lado (À Venda Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora