CAPÍTULO TRINTA E SEIS

2.6K 339 41
                                    

Rebecca é totalmente sobre cumprir promessas. Mesmo aquelas bobas, que nem parecem sérias quando se faz, ela coloca tudo o que tem para cumpri-las. E se preocupa em não prometer o que não poderá cumprir. Tinha prometido a Daniel leva-lo no circo caso ainda estivesse na cidade quando ele retornasse da viagem, mas não esperou que fosse acontecer. Agora, tinha lembrado da breve conversa sobre e se animara. Lembrava-se do circo como algo mágico, ainda através do seu olhar de criança. Não tinha retornado depois de adulta, e temia quebrar esse encanto. Mas, é o Circo! Todo mundo sempre remete circo à magia, então o risco não era dos maiores.

Tinha na memória os dias ensolarados nas férias de dezembro, em que saía segurando na mão de Nicolas até o bairro vizinho, onde ficava o circo, e embarcava numa tarde cheia de risadas, surpresas e doces. Quase se sentiu tentada a ligar para o irmão e chama-lo para se juntar ao dois, mas justo nesse momento, a imagem de Daniel apareceu a sua frente, o sorriso adorável no rosto e o "vamos?" na ponta da língua. Ela até esqueceu que pensara em Nicolas.

— Vamos. — Sorriu, boba. Segurou a mão estendida de Daniel e saíram.

A mesma sensação de quando era criança, como se a magia tivesse se instalado no mundo ao seu redor. Não sabia se dessa vez tinha sido causada pelo Circo ou pelo rapaz ao seu lado.

Caminhando à margem das ruas do Condomínio das Rosas, se aproximando cada vez mais da saída, Rebecca apertou a mão de Daniel e puxou o assunto:

— Então, quer dizer que você nunca foi ao circo. — Sugeriu ela, lembrando-se dos e-mails.

— Não, nunca.

Becca soltou o ar das bochechas e afirmou, com dose extra de drama:

— Você não teve infância!

Daniel riu e balançou a cabeça de um lado para o outro.

— Aproveitei de outras formas... meus pais não se preocupavam em nos levar para parques, circos, piqueniques...

— Agora estou sentindo muita pena de você e Anderson. Dá para entender por que vocês são assim.

Assim? Assim como?

— Ei, olha lá. O portão de saída. Rá-rá, vamos correndo.

Rá-rá. Você está se achando melhor do que eu só por causa de uma ida ao circo?

— E aos parques de diversões, e por causa dos sábados de piquenique, e as diversões na rua. Aposto que você vivia em casa jogando videogame, e morre de medo de montanha-russa.

— Não tenho medo de montanha-russa. Nunca fui em uma.

— Por medo, aposto.

— Porque não tive a oportunidade.

— Acho que na área do circo há um parque. Vamos realizar dois programas inéditos em um só dia. — Becca arqueou as sobrancelhas o mais alto que pôde, e esticou os lábios para baixo — Inéditos pra você, quero dizer...

— Você está cheia de gracinhas hoje.

Rebecca jogou uma mexa do cabelo para trás com um movimento de cabela.

— Obrigada.

— Não foi um elogio. Foi mais uma reclamação.

— Aceite-me como sou, homem!

Daniel gargalhou da imitação de sotaque meio-inglês-antigo-meio-português de Rebecca, mas logo voltou a postura carrancuda e remedou o tom de voz de Rebecca:

O Amor (nem sempre) Mora ao Lado (À Venda Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora