CAPÍTULO DEZOITO

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~~ dezenas, centenase milhares ~~ 

Multidão.

Definição de multidão: uma grande quantidade de seres (animais ou pessoas) considerados ou não em um mesmo lugar.

Grande quantidade: para Rebecca, acima de vinte pessoas.

Ali, no espaço em que acontecia o bazar beneficente, havia uma multidão.

— Nicolas! — Rebecca recebeu o irmão com um gritinho agudo, e se surpreendeu ainda mais ao olhar por cima do ombro do rapaz e ver o pai, a mãe, a irmã mais nova e mais dois amigos de Nicolas, que ela conhecia da época em que estudavam todos na mesma escola, ainda no ensino médio. — Meu Deus, papito veio. E mamãe. E Ana Júlia. Como vocês conseguiram fazer essa garota vir para um lugar que, segundo ela, seria tão... cafona? — Sussurrou Rebecca junto ao ouvido do irmão, que riu e fitou os olhos da mais nova.

— Ah, Becca. Tem tanto que você não sabe.

Rebecca abraçou o pai, a mãe, e depois encarou a irmã com os olhos semicerrados.

— O que você quer aqui? Quais as intenções?

Ana Júlia rolou os olhos para cima e Rebecca jurou que pôde vê-la batendo o pezinho no chão em birra.

Becca prendeu um riso.

— Há um escândalo no clã dos Nonato! E uma bomba, também. Um divisor de águas — Bradou Nicolas, como um rei proclamando uma declaração importantíssima, o peito estufado e o sorriso vagabundo no rosto.

Esse sorriso não é digno de rei, mas ele adicionou à sua característica.

Érica Nonato estapeou o braço do filho mais velho, desaprovando a atitude, mas Nicolas não parou de rir. Augusto Nonato não fez nada, se manteve apenas de cabeça baixa, e Rebecca o ouviu coçar a garganta.

Não seria estranho se ela não soubesse que o pai não é o tipo que se cala. Muito menos na hora de repreender os filhos, ou entrar de cabeça em suas gracinhas – dependia se a gracinha podia ou não ser favorável a ele.

Ela olhou para o pai e depois para Nicolas, a fim de descobrir o que estava acontecendo.

— Qual o escândalo?

— Jogatina, mentiras, enganação! — Nicolas continuou com o tom empolgado, adorando ser o portador das notícias.

Rebecca franziu o cenho. Érica coçou a testa com as unhas grandes e bem-feitas, depois jogou os cabelos para trás. Estava inquieta e incomodada.

— Nicolas, não saímos de casa para escancarar assuntos privados por aí.

— Ah, Rebecca é da família. Ela precisa saber.

O pai e a irmã continuavam calados, ambos ruborizados, mas com um fino ar de triunfo.

Ana Júlia Nonato não se encabulava.

Era impudente o suficiente para não demostrar vergonha.

Rebecca perdeu a paciência e exigiu saber, de uma vez por todas, o que estava acontecendo por debaixo dos panos.

Nicolas, mais uma vez, se fez de postilhão e revelou:

— Senhor Augusto Nonato mentiu! Disse que não estava mais jogando, prometeu que havia parado, mas por nossas costas, estava em parceria com o nosso pequeno orgulho, aqui com o nome de Ana Júlia, e não passou um dia sequer sem fazer apostas e ganhar dinheiro. E esconder o dinheiro, o que eu achei de muito mau gosto. — Ele lançou um olhar reprovador para o pai assim que finalizou a frase. — Muito mau gosto.

O Amor (nem sempre) Mora ao Lado (À Venda Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora