262 dias

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Todo o ambiente, que se instalara dentro da pequena cave, estava mergulhado numa atmosfera de fumo cinzento e de uma euforia extrema. Era difícil respirar ar puro no meio do amontoado de gente adolescente e era difícil de ver e reconhecer pelo menos uma das caras que surgiam à minha frente.

Os álbuns antigos dos Metallica tocavam no seu volume máximo, ao mesmo tempo que faziam vibrar as paredes da pequena casa de Scott, o meu melhor amigo. As pessoas partilhavam, o velho e habitual papel sujo e enrolado, que transportava consigo uma pequena quantidade de ervas viciantes. A alcatifa de veludo, presa sobre chão da cave, já tinha sido alvo de várias manchas de vómito, suor e pingas de cerveja que escapavam dos copos dos convidados mais despassarados.

Eu próprio sentindo-me um pouco tonto e sufocado com todo aquele alarido, decidi subir para o andar de cima da casa.

Scott, completamente nervoso, apanhava copos de plástico vazios, tombados no chão e aspirava os vários tapetes espalhados pela sala com grande agitação.

Sobre o sofá estava sentado Brad, o fabuloso namorado de Hayley, também conhecida como a única rapariga disposta a ser tanto minha como amiga de Scott. No entanto, Hayley não é, como possam pensar, apenas a nossa única amiga feminina e simpática. Ela é também a paixão-quase-platónica de Scott: aquela rapariga que o deixa completamente fora de si e que o faz detestar todos aqueles rapazes que se aproximam dela. Está claro, que portanto Scott detestava Brad e a sua forma presunçosa de tratar Hayley, a sua miúda! Para ser sincero eu também detesto aquele badocha.

-Olha para ele. - Murmurou Scott olhando para Brad, a chaminé ambulante.

Abanei a cabeça reprovando toda a figura daquela chaminé.

- Continuo sem perceber o que ela vê nele! - Encolhi os ombros. - A sério olha para mim! Tenho algo de mal?

- Acho que és perfeito, meu!

- Sim, sim. Pelos vistos falta-me fumar duas toneladas de erva por dia para que ela olhe para mim dessa forma. - Depois ele ficou ali, especado a olhar para Brad, que se tinha aninhado a duas raparigas de biquíni. Notei na expressão irada do meu amigo e, quando este se preparava para correr na direção dele, parou subitamente; o seu telemóvel estava a tocar. - FOGO! A MINHA MÃE! - Gritou.

- O quê? - E de repente, quando acabo de beber o resto da minha cerveja para olhar para ele, já Scott tinha saído pela porta fora e corria para se afastar o mais possível do ruido da festa antes que a chamada terminasse.

Coloquei a minha garrafa de cerveja no lixo e agachei-me no chão, para apanhar os restantes copos de plástico espalhados pela carpete vermelha, uma espécie de ato de solidariedade para com Scott.  E lá estava eu, agachado numa posição um tanto controversa, até que de repente fui bruscamente interrompido por um par de pernas nuas que se atravessaram no meu caminho. Olhei para cima e vi a figura de Anna iluminada pela luz solar que entrava dentro de casa pela porta aberta. Levantei-me de forma pateta e deixei cair o saco preto que trazia preso nas mãos, entornando quase todos os copos de plástico. Anna a popular chefe de claque! A típica rapariga rica e loira, com todas as curvas no sítio certo, e que infelizmente tresandava a cerveja, estava à minha frente e sem dizer nada pegou na minha cara com as duas mãos e beijou-ma. Deve ter demorado apenas uns dois segundos, mas para mim pareceu ter passado umas cinco horas até os nossos rostos se descolarem um do outro. Anna sorriu de uma forma demasiado sensual e, pegando-me pelas mãos levou-me para o quarto de Scott.

Nesse momento rezei rapidamente num murmúrio, apesar de nem ser cristão.

*****

Estava já sem camisola, deitado sobre o colchão da cama de Scott, com Anna a lamber-me lenta e suavemente o peito quando a porta se abriu de repente.

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