244 dias

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Notou-se que a morte de Hayley prejudicou a família Roberts, pois o quarto da minha amiga continuava o mesmo, era óbvio que desde que Hayley dera entrada no hospital ninguém fora capaz de lá entrar. As roupas da nossa amiga todas amachucadas, ainda estavam por arrumar, a sua cama ainda tinha os lençóis espalhados e enrolados, a sua secretária estava suja com uma pequena camada de pó cinzento e as janelas ainda estavam tapadas pelos estores cremes. Anastácia, que era o único membro da família com disposição para entrar naquele quarto, abriu os estores e apagou as luzes.

Scott, parecia estar num filme de terror, apenas olhava em volta com medo de que alguém saltasse e o assustasse, e caminhava de forma insegura e com as mãos a tremer pelo quarto, que ele tão bem conhecia. Anastácia atou o cabelo no topo da sua cabeça e começou à procura de algo, abrindo gavetas atrás de gavetas, e levantando todas as peças de roupa e livros de escola da sua irmã. Enquanto o fazia resmungava entre dentes algumas coisas sobre Hayley, tentando controlar a emoção que começava a atacá-la. Anastácia debruçou-se e espreitou para baixo da cama, até que encontrou algo. Ela soltou um guincho de alegria e levantou-se, segurando com as duas mãos uma pasta verde escura.

- Bem. - Começou ela virando-se para mim. - A ti a Hayley deu todos os desenhos dela. - Anastácia encolheu os ombros, quando eu agarrei a pasta de forma cuidadosa e a abri, para ver os desenhos que estavam lá dentro. Scott pareceu ter ficado triste, ele sempre elogiara todos os desenhos de Hayley, e devia estar a custar-lhe ver-me a receber aquilo. Anastácia abriu a boca para falar novamente. - Eu acho que ela sabia, que se isso fosse encontrado aqui em casa iria ser queimado. - Anastácia sorriu de forma triste. 

A irmã de Hayley afastou-se de nós de repente e foi buscar um saco preto enorme. Aproximou-se de Scott e deu-lho. 

- A ti deu-te o baixo dela. - Scott ficou boquiaberto. - Deves ser muito importante para ela, já que te deu o seu bem mais precioso.

Não podia acreditar, e pela cara de Scott, supus que nem ele acreditava. Hayley era baixista desde os seus doze anos, se havia algo que ela amasse mais do que o seu namorado ranhoso, era aquele baixo. E ele agora pertencia a Scott. Ele começou a chorar e limpou o ranho á manga do casaco depois abraçou Anastácia enquanto dizia:

- Eu vou-lhe dar muito bem uso.

Depois fomos corridos de casa dos Roberts, as recordações que nós trazíamos naquela casa eram demasiado fortes para a Mrs. Roberts e para o seu marido. Então saímos o mais rápido e o mais silenciosamente possível, sem chamar à atenção de ninguém.

 Essa foi a ultima vez que entrámos ou saímos da casa dos Roberts, porque no final do verão eles mudaram de cidade. E a nossa última ligação a Hayley desaparecera.

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