179 dias

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Hoje começaram as aulas (a sério) e, como é num normal dia de escola, os ponteiros do meu relógio de pulso decidiram andar mais devagar neste dia. Admito-vos que  durante a aula de cálculo vi-me a mim mesmo, numa forma desesperada, a ralhar com a porcaria do ponteiro gordinho das horas. 

Pela altura do almoço decidi ir à biblioteca, para instalar uns jogos nos computadores da escola e puder joga-los sempre que quiser. Qual não foi então a minha surpresa quando vi entrar, pelas portas largas da biblioteca, a silhueta baixinha de Jamie. Assim que os meus olhos lhe puseram a vista em cima, escondi-me por trás do computador fixo que eu estava a usar, sem deixar no entanto de a observar a ela. E à forma como o seu cabelo negro baloiçava a cada passo. Quando a perdi de vista, voltei a olhar para o ecrã sem conseguir deixar de pensar na forma como apenas a imagem de Jamie me fazia confusões na cabeça, e de como ainda não tinha descoberto de onde raio eu a conhecia.

Levantei-me do meu lugar, que foi de imediato ocupado por um miúdo qualquer com metade do meu tamanho, e segui a rapariga dos cabelos negros pelo meio das estantes de livros. Quando a vi esticar-se para pegar num livro voltei a esconder-me. Vá lá, Jason! Dizia-me a mim mesmo. É só uma miúda! Inspirei fundo.

- Jamie! - Chamei-a, ela olhou para mim com os seus olhos transparentes. – É..é esse o teu nome, Hmm... certo? - Quando fico nervoso costumo ser um idiota. 

- Haam...Sim. E tu és?

- Jason, sou o Jason! Sou amigo do Scott e esse é o meu nome! - Fiquei de repente vermelho.

- Okay... - Disse ela rindo-se do meu embaraço.

Ficámos por uns momentos em silêncio, até eu voltar a abrir a minha boca para falar.

- Posso perguntar uma coisa? - Ela anuiu. - Mesmo sendo estúpida?

- Claro...

- NÓS CONHECEMO-NOS DE ALGUM LADO? - Gritei demasiado alto, e apenas tomei consciência disso quando fui mandado calar por uma professora que lá estava.

Jamie voltou a rir-se baixinho. E com os olhos demasiado abertos começou a analisar-me com o seu olhar transparente, que eu continuava a reconhecer! E assim nós ficámos durante uns segundos: os dois calados a olhar um para o outro de forma entranha. Apenas passados esses longos e constrangedores segundos é que reparei que os seus olhos se dilataram ainda mais, o que parecia ser quase impossível, a sua boca também começava a rasgar-se num largo sorriso e de repente dos seus lábios para fora escapou-se uma enorme gargalhada, que foi de imediato alvo de todos os olhares curiosos das pessoas que estavam na biblioteca. Eu ri-me com ela para que ela não parecesse mais tontinha do que já estava a parecer, mas rapidamente cessei com o meu riso impostor, quando nos mandaram novamente calar.

- É claro que nos conhecemos! Não te lembras de mim?

Mordi o lábio inferior ao mesmo tempo que abanava a minha cabeça para os lados.

- Não? Fogo, devias estar mesmo mal...

- De onde me conheces? - Disse dando-lhe uma chapada.

- Eu sou a rapariga da biblioteca. - Nada me veio à cabeça. - Aquela que tu vomitaste em cima! - E de repente lembrei-me. A minha cara ficou à arder ainda mais. E ela voltou-se a rir.

- Peço tantas desculpas! Tantas!

- Não foi grande problema, eu nem gostava muito daqueles sapatos.

- Desculpa. - Disse completamente envergonhado.

- Não tens de te preocupar. - Ela agarrou no livro da prateleira de cima. - Tu devias estar muito doente, fico feliz por saber que melhoras-te. 

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