91 dias

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Era véspera de Natal: A altura perfeita para pegar em toda a família e ir visitar outros familiares, trocar prendas e partilhar gargalhadas e elogios. Mas isso, caros amigos, é o que acontece em filmes e em series, em que as famílias gostam genuinamente umas das outras. A minha é bem diferente, mas em breve verão do que falo.

O caminho, que hoje, eu e os meus pais percorríamos era em direção da casa da minha avó materna.

Na cidade, onde ambos os meus avós vivem, não existem estes invernos rigorosos típicos do sitio onde vivo. Na casa da minha avó, que fica mais a sul dos Estados Unidos, predominavam os invernos solarengos e as praias 365 dias por ano!

O meu pai conduzia o jipe com as mãos presas ao volante, que deixavam cair dos esporos lágrimas de água, que demonstravam o seu nervosismo. A minha mãe esfregava as mãos com um creme hidratante que tinha no porta-luvas da Land Rover. Notava-se a léguas que ambos estavam nervosíssimos com o dia de Natal, mas não é de admirar, faziam já três anos que desde que o meu progenitor festejava o Natal com bombas, pistolas e videoconferências no Skype. Os seus níveis de socialização com a família eram negativos! Eu só esperava que esse facto não se tornasse num problema.

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A casa da minha avó estava decorada no teto com o já famoso pai natal a trenó das suas renas, e no jardim com um grande presépio em tamanho real do estaleiro de Jesus. O calor que eu sentia a pesar sobre a minha pele fazia os meus poros deitarem para fora suor e porcarias nojentas. O nosso corpo humano trabalha mesmo contra uma apresentação decente.

A porta da entrada destapou-se deixando passar uma mulher na casa dos sessenta anos, baixa e gorda com cabelos loiros, como um limão, e de olhos cor de avela como os meus.

- O meu neto! - Gritou ela abraçando-me com uma força descomunal. - Feliz Natal.

- Mãe, hoje é só dia 24 ainda não é natal. - Disse a minha progenitora, enquanto carregava uma das duas malas que nós trazíamos, visto que íamos dormir duas noites em casa dos pais daquela que me trouxe ao mundo.

- Oh filha não digas isso! É sempre Natal cá em casa! - Lá estava a minha avó com o fanatismo pela temporada natalícia. - Oh ANTHONY! - Gritou depois ela com a boca mesmo perto dos meus ouvidos.

Auch! - Murmurei com as dores de cabeça, que me atacaram rapidamente.

- ANDA VER O TEU NETO SEU VELHO GORDO! 

- Já vou! Já vou! - O meu avô, um homem de barbas brancas e de bochechas vermelhas de tanto vinho que consome, apareceu. - Deixa de ser uma chata. - Disse virando-se para  Constance, a minha avó. - hey, Justin tenho uma piada para ti. - Revirei os olhos era sempre a mesma coisa!

- Sou o Jason, o Justin é o meu primo! - Ripostei irritado, todos os anos ele confunde-me com o meu primo super inteligente e que recentemente entrou em Harvard em direito. - Sim, oh tu! Mas queres ouvir uma piada?

- Pode ser. - Respondi encolhendo os ombros.

Knock knock.

Who's there?

- Mary.

- Mary who?

- MARY CHIRSTMAS! – E o meu avô começou a rir freneticamente, deixando cair a dentadura sobre a mão enrugada.

- Muito bom, avô. - Respondi aborrecido à piada que eu já conhecia.

- Pai, já disse à mãe para pararem de dizer isso, ainda dão maus presságios ao natal. - Disse a minha progenitora.

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