NO MEU CAMINHO (PARTE 2)

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[ATENÇÃO! Esse capítulo contém gore leve e cenas de tortura.]

"Sentiu minha falta?"
Estava tudo escuro ao seu redor e os olhos vermelhos de Chara brilhavam nessa escuridão.

'Não... Chara? Isso denovo não...' O esqueleto pensava. Sabia que era um sonho. Aprendeu a manipular seus próprios sonhos quando era menor e isso realmente o ajudou ao longo do tempo.
Mas quando um demônio como Chara aparece num sonho, pouca coisa se pode fazer. É como se ficasse preso num sonho lúcido. É parecido com uma paralisia do sono, com as alucinações, agonia, e tudo mais.

Mas Sans não deixa transparecer seu medo. Respira fundo e tenta se manter calmo.
"Não, obrigado, estou muito bem..."

A garota desapareceu da sua frente e reapareceu muito perto, assustando-o.

"O que importa? Agora você está preso denovo..."
Ele tentou se afastar, mas suas pernas estavam presas ao chão. Paralisia.

Começa o pesadelo...

"Acha que vou deixar você escapar ou esquivar? Não, não, muito errado..."
Ela sorria e apontava sua arma favorita na direção dele.
Era uma faca de cozinha muito amolada. Não tinha brilho nenhum, parecia que já tinha sido usada várias vezes.
"Lembra disso? Ah, lembra sim..."

Sans quis retrucar com alguma coisa, algo que a deixasse com raiva, mas sua mandíbula estava paralisada também. A única coisa que conseguia fazer era abrir e fechar os olhos e revirar a visão.

Isso... Era agoniante. A garota que agora nem podia ser chamada de humana, foi pra trás dele e chutou suas pernas, nos joelhos, o fazendo cair no chão gelado.

"Eu já fiz isso de outras maneiras, não sei se lembra... Mas hoje eu mesma quero te... Machucar..."
Ela parecia sem expressão. Antes, sorria como sempre, mas agora seu rosto estava coberto pela sombra da franja.

'Me... Deixa ir... Não... Isso... Isso dói..."
A mente dele gritava e ele queria chorar... Mas tinha que ser forte. Ela só iria continuar se ele logo se desesperar. Das outras vezes, o esforço foi bem menor quando se concentra que isto é só um sonho ruim.

Chara gosta de invadir pessoalmente o sono de Sans só pra testá-lo e ver suas reações. As vezes, sai frustrada, pois ele teve determinação e ignorou a dor. Mas outras vezes, o monstro está tão frágil, que ela se diverte mais ainda, deixando-o se mexer, para ouví-lo gritar.

Chara é um demônio que se alimenta de sentimentos ruins, como todo demônio desse tipo, mas ela gosta mesmo é desses ressentimentos repreendidos, de doenças psicológicas, e violência. Por isso, LOVE é tão importante pra ela. Level of Violence...

A menininha voltou a sorrir sobre ele e passou a ponta da faca pelos braços do esqueleto.

Isso doeu nele e fez um barulho terrível, que era mais alto na vítima do que para o agressor.
Ela começou a fazer isso em cada osso, dos membros inferiores e superiores, falando o seu nome específico.

Isso era horrível, e foi horrível de presenciar. Sentir sua pele sendo rasgada não deve ser nada agradável, mas imagine se seu corpo fosse todo de ossos aparentemente resistentes, e sua única parte orgânica é ferida,lentamente, sem piedade.

Chara forçava as costelas e isso machucava muito... Ela passava os dedos, o que trazia arrepios, que deveriam ser deliciosos empolgantes, mas depois arranhava com as unhas, enfiando os dedos profundamente...
Passou a faca logo em seguida...

Sans só fechou os olhos e pediu pra acordar. Era só isso que queria. Queria acordar e sentir sua amada humana em seu aconchego, sentir seu calor, não a gélida dureza da lâmina que o torturava.

Isso era tortura, das piores. Ela tinha o corpo parecido com o de Frisk, um pouco mais magro, mais a aura era a de algo obscuro, o calor era inexistente vindo dela, parecia um morto vivo...

E ela o xingava. Em várias línguas, não sei. As pessoas pensam logo que demônios falam latim... Mas aquilo não parecia latim.

Algumas agressões eram toques feitos da mesma maneira durante a noite mágica de Sans com Frisk, mas tudo estava desfigurado, desconstruido, era agressão, era doentio e doloroso... Não causava nenhum prazer, pelo contrário.

As lágrimas queriam descer. Sua cabeça gritava, queria se mexer, lutar, se livrar desse pesadelo...

Mantinha os olhos fechados, apesar da ardência irreal.

Vendo que ele permanecia sem derramar uma lágrima, sem se debater, e sem tentar falar ou algo assim, Chara deixou que falasse.

A primeira coisa que queria fazer é gritar muito, mas ficou em silêncio.

"Não vai dizer nada? Nem se despedir?"

Silêncio.

"Então... Eu cansei de você. Da próxima vez, eu faço um pesadelo mais elaborado..."

"Pode... Vir..." [cai pro pau otaco fedido]
Ele murmurou.

A garota de bochechas rosadas sorriu e se abaixou empunhando a faca com Determinação.
Enfiou o objeto no seu peito, entre uma costela e outra, visando acertar o coração.

Uma dor insuportável, uma dor cortante, profunda, ardia muito e faltou-lhe ar, de tão alto que gritou e do lugar que ela tinha perfurado, sangue jorrou e sujou o rosto sorridente psicopata de Chara. Ela ria baixinho.

De repente, Sans está de volta à sua casa, do lado de Frisk adormecida, na sua sala, sem nenhum arranhão. Acorda com um susto e como se subisse do fundo do mar para a superfície, afogado. Subitamente.

Seu coração disparado, acabou acordando sua esposa, do seu lado.
"Sans? Tudo bem?"
Ela perguntou levantando e o olhando.

Ele pôs a mão no peito e não sentiu nada, passou os dedos nos braços e nada. Suspirou aliviado e vitorioso, afinal, já tinha ficado lá, sofrendo por mais tempo, por falta de controle.

Ele abraçou sua mulher e riu, beijando seu rosto gordinho.
"Tudo... Tudo bem agora... Eu... Estou bem..."

"Você... Sempre diz isso... Foi outro pesadelo não foi?"
Ele não a respondeu, só abraçou-a forte e voltava à realidade...

Agora estava tudo bem...
Por enquanto...

My Sweetheart WifeOnde histórias criam vida. Descubra agora