- Cheguei nega. - Abro os braços pra comemorar minha vitória.
- Amém. Pensei que tinha caído num boero. - Rimos.
- Tá o, eu pensei que a gente podia ir naquele prédio abandonado do centro.
- Boa boa. O problema é como vamos entrar. - Ela fala enquanto caminhamos.
- A gente dá um jeito. Qualquer coisa viramos marginais. - Nos olhamos. - Zoa! - Gargalhamos.
Seguimos até o tal prédio. Pulamos o portão torcendo para não sermos vistas e subimos até um dos andares.
- Finalmente conseguimos! Depois de anos de tentativa. - Ela diz puxando o celular do bolso e fotografando tudo.
- Mas é o certo. - Caminho nos arredores. - Da próxima vez a gente traz uns sprays pra pinchar. - Sorrio.
- Mas o que que tu tem? Sua vândala. - Ela ri.
- Calma, faremos só uns desenhos reflexivos. - Passa uns minutos de silêncio até que a pergunto: - Você acha que eu devo sair do trabalho lá?
- Que? Por que? - Ela para de bater fotos.
- Sei lá. Acho que quero sair.
- Aham, manda a real. - Conto tudo que aconteceu ontem. - Bah, se eu fosse você, ficava. Tente pensar não em você, ou pensa sei lá. Mas pense nos outros também, em conjunto.
- Éh, eu vou analisar bem. - Passamos mais um tempo ali até que partimos para uma lanchonete próxima. Eu me despeço e venho pra casa.
No caminho de volta, eu evito a rua que passei antes e vou por outra. Não pense que eu sou cu doce, eu só não tô afim que eles mudem de ideia e me encurralem na estrada me pedindo pra eu trabalhar hoje. Na volta, penso na discussão que eu tive com a minha mãe e que provavelmente as minhas saídas seguintes serão limitadas ou inexistentes.
Chegando na minha humilde residência, eu vou direto para o quintal, sento lá aproveitando o sol de fim de tarde e começo com as minhas noias. Eu não sei o que devo fazer, se devo continuar lá. Ah mas que isso? Eu não tô me conhecendo, como assim eu tô saindo por causa daquela mulher ou por causa que ele achou que eu me cortava. Eu insinuei isso naquele desenho, apesar de não ter insinuado nada a Sam pra ela ter tal atitude, pelo menos não involuntariamente. Katherine, pense na sua mãe, no que você precisa e no que as crianças precisam. Isso, pense nelas, e não nele. Fique lá por elas, não por ele.
- Filha, entra, tá esfriando. - Meu pai me chama. Vou direto pra sala e me jogo no sofá, olho para a casa inteira e percebo que realmente eu não ajudo em nada.
Surge uma vontade surpreendente de querer arrumar então aproveito. Seria um ótimo motivo pra "mamãe" rever a sua decisão final. Depois de tirar o último pozinho, vou para o quarto e tomo um banho, com o intuito de diminuir o meu stress, o que é meio impossível, do que a catinga.
- Filha? - Escuto a porta ranger e eu direciono minha atenção.
- Oi?
- Obrigada, fiquei contente quando vi que você arrumou a casa.
- Sim mãe, eu reconheci mesmo a senhora tendo que me dar uma mijada . Desculpa.
- Por nada filha. - Ela me abraça depois de eu engolir o meu orgulho me desculpando. Ela sai e eu me deito após secar os meus cabelos. Amanhã começaria tudo de novo. Mais uma semana na minha rotina, e menos uma no ano.
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Forbidden
FanfictionProvavelmente você já quis ser aquela menina de olhos azuis, diferentona, porém popular. Aquela que todos os meninos correm atrás, mas ela gosta do outro diferentão que não gosta dela mas no final acaba gostando. A menina a qual sempre faz um coque...