Revelações

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- Preciso falar contigo mãe. - Digo sentando na mesa e pegando a xícara de café.

- Sobre? Não me diga que é aquela história ridícula de querer sair do trabalho. - Ela tira um pedaço do sanduíche.

- Na verdade, é sobre o trabalho. - Ela me lança um olhar mortal. - Mas, não de sair. Pelo contrário. O Sr. Johnson pediu pra eu dormir lá por causa das meninas, e também porque vão chegar tarde. - É claro que eu falei "vão" e não "ela vai".

Não sei a mãe de vocês, mas a minha nunca me deixaria dormir em algum lugar onde eu iria ficar sozinha com um "homem" e suas filhas. Por mais que elas estejam junto, admito que é meio estranho.

- Vou falar com o teu pai. - Ela diz num tom não convincente.

- Eu vou falar com ele, mas primeiro, preciso saber a sua resposta. Lembre-se que você que não queria que eu saísse. Se eu não for, vou ter que fazer hora extra, ou, eles vão me descontar no salário. - Tento fingir que não me importo se ela decidir que sim ou não. Mas confesso que faço uma pressão psicológica pra ela deixar.

- Tá, Katherine. Tá. Pode ir. Já que é feriado. Mas quero você de tarde em casa. - Ela sai da mesa.

- Tá bom mãe, Deus que te ajude. - Sorrio e tomo um gole de café. Não é pra eu tá animada sabendo que com certeza eu terei mais uma decepção amorosa à noite, não que eu espere que aconteça algo, ele é casado gente. Mas eu tô.

Eu termino de tomar café, e vou para o colégio. Sem entrar muito em detalhes, é mais um dia normal, com vários números, letras, piadinhas, professores que se acham os fodões, alunos que também se acham os fodões, relatório atualizado entre eu e a Emy, e Evan.

- Até que você tá ajeitada hoje Kit Kat. - Ele provoca enquanto observo a Ed. Física.

- Ah claro, até porque eu me arrumo todo dia com esperança que você me elogie e eu me importe. - Falo colocando as mãos no bolso.

- Ah que isso. Eu sei que no fundo você se importa. Ou já se importou.- Ele diz balançando a cabeça fazendo com que os cachos saíssem do olho.

- Aham, vai nessa. - Ouço o apito do professor indicando que o meu time seria o próximo e saio.

- Calma aí. - Ele me puxa. - Não se faz de difícil não, porque eu já beijei essa boquinha, e posso beijar de novo. - Pois é... me esqueci de comentar. Eu tinha 15 anos quando o Evan me deu o meu primeiro beijo. Sim, 15 anos. O motivo de eu esperar tanto, foi porque eu queria que fosse com a pessoa certa. Viu? Não é de hoje que sou trouxa.

- Me solta, Zé droguinha

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- Me solta, Zé droguinha. - E novamente, Katherine fala sem pensar.

- Zé o que? - Ele se altera.

- Katherine Pierce. Pra quadra. Agora. - O professor me chama e eu aproveito pra sair daquela situação.

Eu tinha acabado de comprometer a minha vida social e a dele. Vai que alguém tenha escutado, e sobre pra mim ainda?

- O que foi aquilo? - Emy pergunta enquanto o outro time faz os três toques (voleibol).

- Evan tava me incomodando. - Dou uma manchete. - Dai sem querer eu chamei ele de Zé droguinha.

- O que? - Ela se assusta e não pega a bola.

- Se liga no jogo porra! - Uma guria se intromete.

- Cara, e agora?

- Relaxa, ele não sabe que tu sabe.

Termina o jogo, era a última aula então podíamos ir embora. Enquanto eu esperava minha mãe e evitava o Evan:
- Quer posar lá em casa? Pra a gente decidir o que fazer sobre isso? - Ela indaga.

- Não dá. Vou dormir nos Johnsons.

- O que? - Ela dá uma risada realmente assustadora. - Tu? Vai dormir? No mesmo ambiente? Que o gostoso lá ?

- Emy, caralho. Não exagera! - Levanto as sobrancelhas e olho para os lados para conferir que ninguém estava nos escutando.

- Por favor, fica com o celular direto pra me mandar foto dele, por favor. - E por um momento, sinto passar pelo meu corpo inteiro, um puto sentimento de ciúmes.

- Capaz mesmo, não vou perder tempo tirando foto enquanto eu posso olhar ele ao vivo e em estéreo.

- Nossa. Acho que é a primeira vez que você fala dele assim.

- Assim como? - Começo a rir desesperadamente, pra tentar mudar o clima.

- Sei lá. Com interesse.

- Ah, minha mãe chegou. Tchau nega. - Eu nem se quer dei um beijo no rosto dela, porque assim, eu teria que responder se sim ou não o que ela acabara de dizer. Entrei no carro, e fui até em casa pensando no episódio anterior.

Na real, não é que eu esteja interessada, mas sei lá, eu sinto alguma coisa, uma atração inexplicável, tipo, eu tenho uma queda por cabelos cacheados

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Na real, não é que eu esteja interessada, mas sei lá, eu sinto alguma coisa, uma atração inexplicável, tipo, eu tenho uma queda por cabelos cacheados. Acho que já deu pra perceber. E o Aaron, além disso, ele tem um rosto... Um corpo... Um jeito protetor, uma personalidade, tipo, ele tem conteúdo, ele consegue desenvolver uma conversa. E aqueles olhares penetrantes, aquele sorriso... Isso fode seriamente com o meu psicológico.

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