- O que acha de quando chegarmos no hotel, jantarmos no restaurante de lá? - Sam da a ideia, enquanto estamos sentados no banco de trás do táxi.
- Pode ser. - Digo a olhando e sorrindo de canto. - Posso saber o motivo?
- Recados paroquiais. - Ela sorri.
Ao chegar no mesmo, passamos pelo lobby e ela pede para Katherine levar as meninas para o quarto. Percebo uma reação de desaprovação em seu rosto.
Entramos no restaurante e escolhemos uma mesa. Está conseguindo nos ver? Ali no canto, aonde há várias lamparinas pretas porém não tão eficazes.
- Então... Como foi o passeio hoje com as meninas? - Percebo o desconforto em seu rosto ao escutar minha pergunta enquanto engulo um pouco do vinho branco que pedimos.
- Legal. Foi bom passar um tempo com elas. - Ela corta o bife com dificuldade.
- Por aqui foi tudo bem também. Levamos as meninas na praia, joguei um pouco de vôlei...
- Jogou? - Ela para de mastigar me lançando um olhar duvidoso. Assento. - Uau. Fazia tanto tempo que você não jogava.
- Pois é. Foi muito bom. Revigorante. - A analiso, e percebo que há algo de errado.
Está vendo como ela está evitando contato visual? Como está revirando a comida e colocando nada na boca? Aconteceu alguma coisa, e meu corpo fica gélido só de pensar que talvez, ela possa ter descoberto sobre Katherine e eu.
- Está tudo bem? - Pergunto franzindo a testa.
- Aaron... - Sua voz está baixa e seu guardanapo de pano é colocado sobre a mesa. - E-eu preciso te contar uma coisa.
- Ei, calma. - Coloco minha mão sobre a dela ao perceber que a mesma treme. - O que houve?
Por favor que não seja sobre a Katherine e eu. Por favor, por favor, por favor.
- Estou com câncer. - Paraliso e por um instante me esqueço que tenho que respirar.
- M-mas como... - Câncer?! - Você já teve duas vezes...
- Eu sei, pensei que nunca mais iria passar por isso novamente, mas parece que os tratamentos não resolveram, ele voltou. - Ela diz cabisbaixa.
- Voltou aonde? Colo ou mama? - Ela me olha ao perceber o meu tom de preocupação.
- Mama. - Seus olhos se enchem de água. - Querido eu não quero morrer. - Ela murmura e eu vou até ela a abraçando.
- Calma, você não vai morrer, a gente vai dar um jeito. Vamos passar por isso juntos okey? Estou aqui. - Tento segurar o choro.
Não me olhe assim. Não pense que sou falso nem nada. Mesmo depois do que tá acontecendo na minha vida, querendo ou não ela é mãe das minhas filhas, e eu a amo de qualquer forma. Seria muito indelicado da minha parte tratar uma coisa dessas com indiferença. Ela precisa de mim.
- Mas desde quando você sabe disso? - Saio do abraço.
- Antes da viagem. Quando as meninas nos visitaram, fui em um especialista que me falou sobre a probabilidade de surgir novamente, e então ele me indicou um médico brasileiro, o qual, de acordo com ele, é o melhor nessa área.
- Então essa viagem, tudo isso, foi tudo planejado por vocês três para que você conseguisse consultar? - Tento digerir a informação.
- Sim. - Sua voz é tão baixa que parece que ela está apenas mexendo a boca.
- Meu Deus. - Inclino a cabeça para trás. - Mas por que? Por que não me contou quando soube da probabilidade?
- Eu queria ter certeza, antes de falar e te deixar preocupado por algo que as vezes nem poderia acontecer. - Seu tórax cresce quando ela enche seus pulmões de ar vagarosamente. - Mas aconteceu.
- Minha nossa, Sam. - Esfrego minhas mãos no rosto. - Tá. Sem pânico. Tudo que estiver ao nosso alcance, nós faremos tá bom? - Pego sua mão e a beijo sorrindo de canto consequentemente.
- Eu só preciso saber que tenho seu apoio, e que está ao meu lado. - Ela seca as bochechas com a manga do outro braço.
- É claro que eu tô. Vou fazer tudo que você queira que eu faça pra te ver bem, pra ver você melhorar. - Seus olhos se direcionam a mim, e juro que posso ver uma lâmpada acesa sobre sua cabeça.
- Bom, tem uma coisa que você pode fazer. - Ela arruma o cabelo e segura minhas mãos por cima da toalha da mesa.
- O que? - Não sei porque, mas já estou sentindo um certo arrependimento de ter falado aquilo.
- Quero que Katherine volte para a Inglaterra o mais rápido possível. - Sei que ela pode ver nos meus olhos o quão confuso estou ao escutar isso. - E quando voltarmos, não quero que ela continue cuidando da Romy e da Wylda.
- Sam, não acho que depois disso, seja bom dispensarmos uma babá. - Tento fazê-la mudar de ideia.
- Não disse que não vamos ter uma, podemos ter, só que não quero que seja mais ela.
- Mas qual é o problema com a Katherine? - Tá bom, posso estar me arriscando fazendo perguntas desse jeito mas, eu quero entender o que ela tem haver com a doença.
- Ela me desafia, não me respeita, e acha que eu não sei como ela te olha Aaron? - Meu corpo estremece. - Ainda bem que você não é do tipo que da confiança. - Expiro. - Mas ela me estressa, e acho que nesse momento, é a última coisa com que eu quero me preocupar.
Eu fico sem reação. Não sei o que dizer, que decisão tomar. Se eu escolher a Katherine, posso prejudicar a saúde da Sam e a chance de minhas filhas crescerem com uma mãe, mas se eu escolher a Sam, vou perder a pessoa com quem eu quero passar o resto da minha vida junto e vou fazer a Katherine me odiar ao pensar que desisti da ideia do divórcio.
- E então Aaron? - Paro de olhar fixo para os talheres e a encaro. - Quer que eu veja se amanhã tem vôo para a Europa?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forbidden
FanfictionProvavelmente você já quis ser aquela menina de olhos azuis, diferentona, porém popular. Aquela que todos os meninos correm atrás, mas ela gosta do outro diferentão que não gosta dela mas no final acaba gostando. A menina a qual sempre faz um coque...