S.O.S

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- Eu ia ligar agora perguntando qual o número do teu quarto. - Digo abrindo espaço pra ele entrar.

- Por que você queria saber onde é o meu quarto? - Sinto um tom de insinuação em sua voz enquanto ele se joga na minha cama.

- Queria pedir desculpas. - Fecho a porta. - Você nem é folgado né. - Me aproximo da cama.

- Eu posso, eu to pagando. - Sua arrogância transparece em um sorriso largo.

- Não seja por isso. - Acho palavras pra responder depois de alguns segundos.

- Eu to brincando, calma. - Ele se levanta e vem até mim.

- Não, se é pra você ficar jogando na minha cara, eu tenho dinheiro ali, eu pago agora mesmo. - Cruzo os braços.

- Eu. To. Brincando. - Ele coloca as duas mãos no meu rosto e repete as palavras.

Reviro os olhos e vou em direção a minha mala, a colocando em cima da cama logo em seguida.

- Ah Kat, não fica brava. Você ta me devendo desculpas, lembra? - Ele se joga na cama novamente, e é impossível não ri com a carinha de coitado que ele faz.

- Me desculpa. - Falo.

- Me desculpa também. - Ele diz evitando olhar pra mim.

- Pelo o que? - Sinto uma tontura, e sou obrigada a sentar no outro lado da cama

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- Pelo o que? - Sinto uma tontura, e sou obrigada a sentar no outro lado da cama.

- Eu não deveria ter gritado com você. - Ele diz enquanto gira o anel do seu anelar.

- De boa, não vou dizer que não mereci. - Respiro fundo.

- Que que deu?

- Não sei, tô tonta. - Passo as mãos pelo rosto. - Deve ser porque não comi nada. - Passo as mãos pelo cabelo, e lembro que to tudo encharcada. - E se eu não me secar vou ficar doente.

- Ninguém mandou ficar na chuva. - O repreendo com os olhos após seu comentário. - Desculpa. - Ele sorri com divertimento claro em seu rosto.

- Eu vou no banheiro, secar meu cabelo . - Me levanto mas não demora muito para que eu sente de novo na cama.

- Vem, eu te ajudo. - Ele me leva até o banheiro e me senta na privada. - Eu já volto. - Ele sai, e eu tento me levantar e pegar o secador da parede.

- Não não, deixa que eu faço isso. - Harry toma o secador da minha mão.

- O que? - Ele quer secar meu cabelo?

- Não me olhe assim. - Ele sorri. - Agora sente, pra eu conseguir secar. - Solto o ar como desistência e faço o que ele me pede. - Se bem que o certo era você tomar um banho primeiro.

- Verdade. Mas eu mal consigo ficar em pé.

- Eu te ajudo. - Olho imediatamente pra ele, o qual possui um sorriso de orelha a orelha nos lábios.

- Sem chance.

- Quem chora mama. - Ele mal termina de falar eu já dou um soco no seu braço. - Ai, pra quem não consegue levantar, ta tendo muita força.

- Pra te bater eu sempre vou ter. - Ambos sorrimos.

- Vamos fazer assim. Eu seco um pouco do teu cabelo você tira essa roupa molhada, e esperamos a comida chegar, dai depois você toma banho. - Ele diz contanto as etapas nos dedos.

- Comida? Que comida? - Ele liga o secador do nada, fazendo os meus cabelos voarem no meu rosto. - Que comida?! - Falo alto por conta do barulho

- Eu pedi.

- Quando?

- Depois que te trouxe aqui. - Ele fala enquanto joga meu cabelo de um lado para o outro.

- Ah. - É a última coisa que digo até ele acabar.

Toc-Toc

- Deve ser a comida. - Ele desliga o secador. - Eu vou lá atender ok? - Assento com a cabeça.

Ele fecha a porta do banheiro e aproveito esse momento pra tirar essa roupa molhada, ou pelo menos tentar. Deixo as roupas amontoadas, e fico só com a roupa de baixo desembaraçando meu cabelo com os dedos.

- Não posso sair pra pegar minhas roupas desse jeito. - Meus olhos percorrem o banheiro inteiro e então decido pegar uma toalha das tantas que estão distribuídas perto do box. Me enrolo nela, deixando só minhas alças do sutiã amostra e então saio do banheiro. - Minha nossa, o tanto de comida. - Digo ao ver Harry distribuindo os pratos de isopor pelo balcão da TV.

- Eu pedi bastante coisa, não sabia do que você - Ele da uma pausa ao me ver. - gostava.

- Eu gosto de tudo. - Vou até ele e pego um dos pratos. - Muito obrigada. - Agradeço após dar uma garfada no macarrão.

- É-é, por nada. - Ele passa os dedos por entre os cabelos e fica de costas pra mim.

Não conversamos muito enquanto comíamos, estávamos com tanta fome, que mal parávamos pra respirar. Depois que acabou e limpamos o quarto, decido pegar algumas roupas na mala pra finalmente tomar um banho.

- Bom, pelo menos agora não corro risco de desmaiar no box. - Brinco.

- Amém. - Ele diz enquanto lê uma revista que achou no criado mudo.

- Eu vou tomar banho. - Digo abraçando minhas roupas. - Obrigada. - Ele olha pra mim. - Você sabe, por tudo. - Gesticulo com a mão.

- Pare um pouco de pedir desculpa, eu não fiz nada demais. - Nos encaramos. - Sério! Agora vai. - Ele me joga a revista, fazendo ambos rir.

É indescritível a sensação da água quente depois de tudo que aconteceu. Cada centímetro da minha pele finalmente parece estar relaxando, e quando ele me vem a mente, algo o empurra bem para o fundo de lá, me fazendo lembrar quase nada. E isso é bom, não doí tanto.

Sem mentira, acho que fiquei meia hora debaixo do chuveiro. Quando saio, vestida e seca, Harry não está mais no quarto. Seria egoísmo meu se eu quisesse vê-lo me esperando depois de tudo que o fiz passar hoje.

Ele ta me salvando da minha própria lucidez, a sua capacidade de me estressar e me ajudar ao mesmo tempo faz com que eu pare de pensar toda hora em tudo que ta dando errado.

Meus pais ficariam malucos se soubessem que estou em um hotel sozinha com um cara que conheci há menos de uma semana no Brasil. Eu também não medi muito a gravidade dos fatos, ele poderia ser um psicopata, ou algo do tipo. Se fosse, seria demais pra digerir tudo, e uma puta falta de sorte. Mas há males que vem pra bem, psicopata ou não, o ''estranho'' ta fazendo mais por mim do que um ''conhecido'' já fez. Só gostaria de saber o porquê.

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