Forbidden

Eu a amo

- Por favor, coloque tudo na conta. Quarto 307. - Digo ao garçom ignorando sua pergunta. - Vamos? - Digo em pé e ela consente se levantando.

Vou o caminho inteiro pensando no que dizer. Pensando nas probabilidades e o efeito que a minha decisão vai ter na vida dos envolvidos.

Entramos no quarto e não demorou muito para que Sam tocasse no assunto novamente.

- Então, parece que tem um as 15h amanhã. - Ela começa a falar sem parar, porém eu não escuto nada do que ela diz. - Aaron? Tá escutando?

- Que? O que você disse? - Saio do transe fazendo seus olhos revirarem.

- Tem um vôo. As 15h. Amanhã. - Ela diz pausadamente, como se eu tivesse acabado de  sofrer um acidente que fez eu ficar retardado o suficiente pra não entender o que os paramédicos me perguntam. - Vou reservar, amanhã de manhã provavelmente já entregarão a passagem no hotel.

- Não. - Murmúrio baixo mas tenho quase certeza que ela escutou pois ficou em silêncio e seus olhos começaram a me fuzilar.

- O que você disse? - Ela joga o celular na cama.

- Não. - Aumento um pouco o tom de voz. - Não. - E então falo alto e claro.

- Não o que? - Ela franze a testa.

- Não vai ter passagem nenhuma. - Vejo uma reação de surpresa em seu rosto.

- Como é que é?

- Olha, ela não tem nada haver com isso, e além do mais, as meninas adoram ela, pense no quanto ficarão magoadas se isso acontecer. - Falo tudo isso, porém a mensagem subliminar é, eu escolho a Katherine.

- Elas ficarão magoadas, ou você? - Ela lança o ultimato.

- Como? - Me faço.

- Pela diferença de idade que temos, é óbvio que você sabe que não nasci ontem.

Droga.

- O que você quer dizer? - É melhor eu ouvir da boca dela do que confessar algo que ela não esperava.

- Admito que fiquei chateada quando percebi, mas eu entendo. - Ela se levanta da cama e caminha pelo quarto. - Jovem, linda, solteira, com a porra da vagina ainda "apertadinha"! - Ela pega um travesseiro e me lança ao pronunciar a última frase.

- Mas que merda Samantha! - Desvio do mesmo.

- Eu sei que você gosta dela, sei que provavelmente já se beijaram, e não quero saber se já fizeram outra coisa. - O ódio está estampado eu deus olhos rubros.

- Então você deve ter percebido que eu a amo também. - Não está com orgulho de mim? Eu finalmente disse a ela. - E já que você sabe, vou adiantar e pedir o divórcio agora mesmo! Ia deixar para depois da viagem, mas já que tocamos no assunto! - Ela paralisa. - Eu queria que ela ficasse porque a Katherine não tem nada haver com a doença, e se você quer culpar alguém, culpe eu e não ela, ela não fez nada de errado. - Sam tenta falar porém eu a interrompo. - Mas se você quer mesmo que ela vá embora, tudo bem, eu peço o divórcio mesmo assim, mas isso não vai interferir no fato de que eu quero te ajudar a lutar contra a doença. Eu ainda me importo com você Sam.

- Se importa? Você me traiu!

- E eu sinto muitíssimo por isso. Mas nós dois sabemos que o nosso casamento não estava igual como era antes, e foi meu erro ter deixado isso se estender tanto, deveria ter tomado essa decisão no começo.

- Você não vai fazer isso. - Ela fala baixo. - Escutou? Você não vai pedir nenhuma merda de divórcio!

- Por que não? Se você tá preocupada por conta do câncer não fique. - Caminho até ela. - Eu irei em todos as sessões com você, e vou te ajudar em tudo que quiser, mas infelizmente não adianta adiar o inevitável e nem insistir em algo que só um está disposto a lutar para manter.

- Você não me escutou? Você não vai pedir o divórcio. A gente vai fazer o que eu disse. A Katherine vai embora e tudo vai voltar como antes.

- Sam...

- Você não a ama Aaron, nem ela a você. - Sou impedido de falar. - O que aconteceu foi só uma explosão de adrenalina por causa da carência que eu mesma vou saciar a partir de hoje. Foi um deslize querido. E ela? - Ela ri debochada. - Ela só te quer porque você tem dinheiro, acorda! Eu, Samantha, sempre estive aqui, eu te amo. - A última frase é enfatizada.

É impressão minha ou ela tá tentando me manipular?

- Claro que não, a gente se ama mesmo...

- Não, e se você insistir nessa ideia insana de estragar a nossa família, amanhã mesmo eu mando uma matéria completa para a Vogue, People, Daily Mail, Cosmopolitan, MTV, qualquer droga de revista que ama fofocar sobre como um marido infiel traiu sua linda esposa com a babá das suas duas filhas de apenas 7 e 5 anos.

Sinto meu corpo inteiro esquentar enquanto ela fala a sua chantagenzinha pra mim.

- E se isso não for o suficiente, ainda posso acrescentar o fato de que a pobre mulher foi abandonada enquanto luta contra o câncer pela terceira vez.

- Você não seria capaz disso. - Trinco a mandíbula.

- Quer apostar a sua carreira nisso? - Seu tom de deboche é insuportável. - Se quiser também apostar a futura carreira que a Katherine nem chegará a ter depois dessa história, a mesa está aberta. 

Sento na cama e coloco minhas mãos na minha nuca. Ela me deixa totalmente sem saída, deixando a sua proposta a única opção.

- Promete que depois que ela ir embora você deixará ela em paz? - Digo tentando ser negociável.

- Claro, mas a partir de hoje, não quero que você mostre nem um afeto à ela, muito menos um sorriso, um gesto, nem sequer toque nela entendeu? - Meus olhos se cerram quando sinto o ódio me invadir. - Eu só preciso desbloquear o celular e discar o número Aaron. Pense em como as meninas serão afetadas com a infidelidade do pai delas, que tipo de exemplo você vai ser a suas filhas?

Abaixo a cabeça, e por mais que o que esteja saindo da boca dela seja só manipulações de merda totalmente planejadas e pensadas, a última parte é verdade.

- Está bem Samantha, como queira. - Vou até ela e um sorriso de missão cumprida se forma em seus lábios. - Mas, deixando bem claro que eu vou fazer isso por elas, Romy e Wylda, e não por você.