— Cara, ainda não acredito no jeito que cê convenceu nossos pais a aceitarem nosso plano; — Eu comento rindo pro meu irmão, o Trovão.
— Fazer o que mano, se eu tenho o dom de fazer chantagem emocional?; — Meu irmão responde se exibindo. Estávamos observando a cidade no telhado de um edifício, coisa que heróis normalmente fazem.
— Mas deixa eu fazer uma pergunta. Como é que vamos ficar sabendo quando e onde precisam da gente?; — Eu pergunto.
— Relaxa, além das rondas, eu baixei um app de notícias regionais, depois cê baixa no seu celular; — Ele responde.
— Ei olha lá!; — Eu falo apontando para uma garota que parecia fugir de um cara a alguns metros do edifício.
— É hora da ação!; — Grita Trovão enquanto desce correndo pela parede do edifício.
— Depois conversamos sobre frases de efeito melhores!; — Eu grito e pulo do telhado e caio de pé no asfalto, fazendo pequenos buracos no chão, depois faço isso de novo e de novo, até chegar perto da garota.
Chego e fico entre a garota e o perseguidor, Trovão fica atrás do cara. Os civis que estavam lá começaram a fugir, e estavam certos em fazer isso.
— Ó só rapaz, não tamo afim de briga, então porque cê não vai embora e para de perturbar a moça?; — Eu falo pra ele de forma intimidadora. O cara era meio estranho, era alto, magro, tinha cabelo castanho e até os ombros, além de um cavanhaque ridículo e os olhos azuis-claro, quase brancos.
O cara olha pra mim, pro Trovão, depois põe as mãos no bolso de sua jaqueta e começa a rir como se eu tivesse feito uma piada. Vira pra mim e diz:
— Façamos o seguinte fedelho, cês vão embora e eu não acabo com a raça de vocês.
Eu olho pra moça, parecia paralisada de tanto medo
— Poxa, acho que vamos ter que negar essa oferta; — Diz Trovão adiantando minha resposta.
— Depois não digam que eu não avisei; — O cara fala tirando a mão dos bolsos, olho pros olhos dele, tinham mudado de cor, estavam vermelhos e a parte preta estava fina, como as de um lagarto.
O cara abre as mãos e deixa cair quatro moedas, uma energia vermelha as envolvia, e assim que batem no chão, começam a se deformar, aumentar de tamanho, depois criando membros, até se transformarem em quatro monstros de mais ou menos três metros de altura.
— Trovão, leva a moça! Eu cuido deles; — Eu falo puxando o capuz da minha blusa mais pra frente.
— Xá comigo; — Ele responde e sai correndo com a moça.
A primeira criatura parecia um dragão robótico. A segunda era metade gorila, metade aranha, além de ter asas de morcego. A terceira, parecia um Xenomorfo marrom peludo e com orelhas e rabo de esquilo. E o quarto, tinha cabeça de lobo, o braço esquerdo era feito de vários tentáculos e o direito era uma garra de caranguejo, tinha asas de falcão, rabo de escorpião, o tórax era escamoso e as pernas pareciam ser de metal.
O gorila-aranha me joga pra fachada de um bar, destruindo parte do lugar. Fujo de outro ataque do gorila e acerto um soco em sua cara, o monstro cai pra trás, mas os outros três partem pra cima de mim ao mesmo tempo.
Consigo fugir do ataque dos três, depois pego o dragão-robô pelo pescoço. O bicho se contorce inteiro, até que eu consigo “quebrar” seu pescoço, e assim que o monstro cai morto no chão, vira fumaça, e volta a se transformar em uma moeda.
Acabo me distraindo com isso, e o Esquilo-Xenomorfo morde meu ombro direito, rasgando a manga da minha camiseta e me arranhando um pouco.
Trovão chega dando um chute na cara do Xenomorfo, que volta a ser moeda na hora.
— Caraca véio! Não posso ficar um minuto longe que cê já se mete em treta?; — Ele pergunta olhando pra minha situação.
— Ah, até que enfim, foi tomar um café ou o que?; — Eu falo examinando o arranhado em meu braço.
— Talvez;— Ele diz me provocando enquanto parte pra cima do gorila-aranha. O cabeça-de-lobo me ataca de surpresa, me enrola com seus tentáculos e sai voando pra longe.
Tento me soltar dos tentáculos mas ele consegue me enrolar ainda mais, até quase me enforcar.
— Trovão, uma ajuda aqui seria legal!;— Eu grito arrancando um tentáculo do meu pescoço.
— Peraê!!!; — Ele diz enquanto destransformava o gorila-aranha.
Depois de alguns segundos, eu consigo desestabilizar o bicho, que cai dentro de um prédio em construção. Assim que consigo me soltar, jogo a criatura pra longe.
A criatura começa a levantar, mas Trovão chuta o monstro pro outro lado do prédio e parte pra cima dele.
Enquanto isso, eu olho ao redor e acho algumas correntes e ferramentas de construção, entre elas, uma marreta. Corro até ela, depois a uso pra golpear a criatura no maxilar, ela me empurra pra longe e cospe uma gosma preta que logo vira fumaça.
Ela vem pra cima de mim, eu fujo dela e tento dar outro golpe mas a criatura se defende. Meu irmão pega uma corrente grande e amarra a criatura pelo pescoço, fazendo com que ela se ajoelhe. Eu aproveito pra dar outro golpe bem no meio do crânio dela, que se divide no meio, fazendo com que ela vire uma moeda na hora.
Eu olho pra moeda, depois olho pro meu irmão e aceno com a cabeça, ele dá um jóinha em resposta. Pego a moeda e depois fomos embora devagar, nós dois estávamos exaustos depois da briga.
Até pensamos em devolver a marreta e a corrente mas elas foram tão úteis pra nós que acabamos levando.— Relaxa moça, fique calma e nos conte de novo sobre o cara que te perseguia;— Eu falo pra garota que estava sendo perseguida.
— O meu nome é Luana Siqueira, o nome do homem que me perseguia é Felipe Henrique. Nós namoramos por um mês, até eu descobrir como ele era ... violento. Desde então ele me persegue em todo lugar, eu já pedi ajuda da minha família, da dele, até da policia, mas nada pareceu adiantar;— Ela diz em chorando desesperada sentada no chão. Ela era dois anos mais velha que eu, tinha cabelo castanho, olhos verdes e tinha jeito de patricinha.
Estávamos no telhado do prédio onde vimos a garota pela primeira vez, tinha se passado poucos minutos desde que enfrentamos o cabeça-de-lobo.
Eu vou até um canto meio escondido do telhado, onde ficaram a minha mochila e a do meu irmão. Tiro minha camiseta reserva e a troco pela rasgada que eu estava usando. Aproveito e tiro uns guardanapos pra moça secar as lágrimas.
— Cê já tinha visto o Felipe fazer aqueles monstrengos antes?; — Eu pergunto enquanto entrego os guardanapos.
— Não, essa foi a primeira vez que o vi fazendo isso; — Ela fala e enxuga o rosto.
— Ei, pode ficar calma, eu vou prendê-lo. É uma promessa; — Diz Trovão sentando do lado dela e a abraçando da forma mais carinhosa possível;— Quer dizer, nós vamos né Titã?; — Ele fala percebendo que eu estava olhando.
— Sim, faremos tudo o possível; — Eu falo segurando a vontade de rir da cara do meu irmão. Depois de alguns minutos, a garota finalmente se acalma e meu irmão para de consolar ela. Então eu e Trovão nos reunimos no canto do telhado.
— Não sei você mas acho que ela já nos contou tudo que sabe; — Me diz Trovão enquanto olha pra garota, que estava ligando pra sua mãe pra não se preocupar.
— Tem razão, é melhor você levar ela pra policia. Estará mais segura com eles. Depois pesquisamos mais sobre o Paulo;— Eu falo.
— Droga! Eu ia sugerir pra eu dar uma volta com ela, já que ela passou por mó encrenca e tal;— Ele fala desanimado.
— É, tô sabendo. Cês podem ir, desde que depois cê leve ela pra delegacia; — Eu falo segurando a vontade de rir de novo.
— Pode deixar cara, mas e você?; — Ele pergunta sem esconder a alegria.
— Eu vou pesquisar sobre o Spawnador sozinho.
— Cê não fez isso véio; — Ele diz indignado.
— Que foi?
— Ó o codinome bugado que cê pôs no cara;— Ele fala pondo a mão no rosto.
— Dane-se, eu que sou o cara dos codinomes desta dupla então esse vai ser o codinome dele e pronto; — Eu falo cruzando os braços e olhando com a cara fechada pro Trovão, que faz a mesma coisa. Depois de dois segundos eu não aguento e dou risada, e ri junto.
— Até mais tarde bestão; — Ele fala brincando enquanto se afasta.
— Até mais idiota. E vê se perde o BV hoje; — Eu grito provocando ele, que vira pra mim e me mostra os dois dedos do meio.
Ele sai correndo do telhado com a garota e eu pego meu celular de dentro da minha mochila, me sento no chão do lado da minha marreta e começo a pesquisar sobre o Spawnador.Duas horas depois ele volta e se senta do meu lado.
— E então, como foi?; — Eu pergunto guardando o celular e rindo um pouco.
— Foi bacana, apesar de não ter rolado nada e que eu fiquei metade do tempo limpando minha barra que alguém sujou.
— O que posso dizer ? Não resisti;— Eu falo passando mal de tanto rir.
— Engraçado. O que cê achou do tal Paulo?
— Quem?;— Eu pergunto enquanto ele dá um longo suspiro.
— Spawnador; — Ele fala com a cara amarrada.
— Basicamente, nada. Só achei uma meia dúzia de fotos que a tal Luana tirou com ele e postou no Instagram;— Eu falo me levantando do chão.
— Não seria melhor se tivéssemos ajuda profissional?
— Tipo um Hacker? Porque a ajuda da policia a gente não vai ter.
— Não, não temos grana pra isso. Tô pensando naquele pessoal do vídeo que vimos. Eles são de Guará né?; — Meu irmão fala enquanto pega seu celular.
— Acho que são; — Eu falo surpreso, normalmente meu irmão não pede ajuda de ninguém, só eu e meus pais carregamos a cruz;— Mas mesmo assim, como vamos conseguir encontrar eles?
— Peraê. Tô procurando no app de notícias; — Ele responde mexendo no celular; — Achei!;— Ele grita w me mostra umas imagens dos caras enfrentando uns bandidos em uma construção abandonada, tinha até o endereço na descrição.
— Vamo lá?; — Me pergunta Trovão.
— Mas como eu vou com você? Não sou um velocista lembra?
— Simples, eu amarro uma das pontas da corrente no braço e você se segura a outra ponta;— Ele fala e me dá uma ponta.
Em muito pouco tempo, estávamos na frente do lugar em que os caras foram vistos. Entramos e vimos os outros heróis prendendo uns caras em algumas colunas de concreto. De repente, um cara surge do nada e atira neles com uma metralhadora, um dos caras cria um escudo azul que os protegeu. Meu irmão corre até o bandido e o prende em outra coluna. Depois volta até o meu lado e diz:
— Nossa, fizeram mó festinha e nem convidaram nóis.
— Quem são vocês?; — Fala um baixinho invocado com as mãos brilhando em azul.
— Ele é Titã e eu sou Trovão;— Diz meu irmão.
— E nós precisamos de ajuda;— Eu completo.
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Guerreiros Vol.01
AdventureDavi Ramos Vieira tem 15 anos e é um nerd comum, vivendo uma vida tranquila em uma Terra similar a nossa, até que ele e outras milhares de pessoas em todo o mundo começam a manifestar poderes de uma forma inexplicável, sendo intitulados Mutantes. Ag...