Titã e Trovão

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Meu nome é Perceu Bento Mendes, tenho 17 anos e moro em um prédio em Aparecida-SP. Meus pais, Jaílson Cunha Mendes e Merilda Bento Freitas, são professores em uma faculdade de engenharia, o que deixa eles Bem ocupados. Eu e meu irmão caçula, Antônio Carlos Bento Mendes (ou só Toni mesmo), sempre conseguimos nos virar bem sozinhos. Meu irmão é gente boa, apesar de ser um pé no saco na maioria das vezes, e não é coisa de irmão, Todos que o conhecem dizem isso.
Tudo aconteceu alguns dias atrás. Era umas 15:30h , eu e meu irmão estávamos ajudando a procurar o gato da gata da vizinha, quando começou a cair uma tempestade e nós tivemos que voltar correndo pro nosso apê.
— Caraca Mano. De onde veio tanta chuva?; — Disse meu irmão ensopado.
— Sei não véio, só espero que a gente não fique doente por conta disso, se não nossos pais nos comem vivos;— Eu disse enquanto ia pro banheiro, tomar banho. Nosso apê é simples, três quartos, um banheiro, sala, cozinha, além de um escritório pequeno onde nossos pais trabalham.
O começo da noite foi normal, nossos pais voltaram umas 22:30, jantamos, assistimos TV e por volta das 23:45 fomos dormir. Foi então que as coisas começaram. Eu comecei a me sentir mal, suava frio, estava com vontade de vomitar, minha barriga fazia uns sons estranhos, depois o meu corpo começou a doer, eu conseguia sentir meu coração bater muito rápido, eu gemia de dor mas não o suficiente pra alguém ouvir. O meu corpo começou a formigar e por fim, apaguei.
Acordei, olhei no celular, eram 05:55 da manhã, meu corpo ainda estava meio dolorido, saio da cama, estava me sentindo meio estranho, me sentia mais, alto, mais forte. Dou uma olhada no espelho, eu realmente estava alguns centímetros mais alto do que no dia anterior, além de mais musculoso, eu não entendi muito bem o que aconteceu, então simplesmente ignorei.
Coloco meu uniforme, que por muito pouco nem coube em mim, ponho uma blusa, saio do quarto, meus pais estavam terminando de arrumar a mesa do café da manhã.
— Oi filho, dormiu bem?; — Disse meu pai enquanto colocava os pratos na mesa.
— Dormi; — Eu disse olhando pra o meu braço.
— Estranho, você parece … mais alto?; — Disse minha mãe me olhando.
— E mais forte também; — Completou meu pai quando olha pra mim.
— Não, eu tô igual a ontem;— Eu disse enquanto escondia os meus braços pra trás. Meu irmão sai do quarto com cara de quem estava de ressaca.
— E aí galera, tudo legal?; — Ele disse com uma voz meio rouca.
— Que isso Toni? Que voz é essa?;— Disse minha mãe.
— É o que tá havendo com vocês dois?; — Pergunta meu pai.
— Deve ser porque eles estão ficando mais velhos; — Respondeu minha mãe. Eu e meu irmão nos olhamos e fizemos que sim com a cabeça. Tudo o que a gente precisava era nossos pais se preocupando com uma coisa que acreditávamos ser atoa. Mais tarde nossos pais nos levaram para o colégio e foram trabalhar.
— Você tem alguma ideia do que aconteceu com a gente de verdade?; — Eu pergunto pro meu irmão.
— Não, eu ia te fazer a mesma pergunta. Eu não consigo entender, a gente não fez nada de mais ontem.
— Verdade. E antes que eu me esqueça, acho melhor cê não contar nada pra ninguém.
— Por que tá dizendo isso?
— Porque eu te conheço;— Eu falo enquanto ele fica sério. Depois disso cada um foi pra sua sala. Na hora do intervalo eu procurei o Toni e o encontrei discutindo com um cara que eu conheço bem, Marcelo Ferraz, um imbecil de mais de vinte anos que estuda na minha sala. Eu me aproximo deles, pronto pra ajudar meu irmão, quando o inspetor chama a atenção de Marcelo, que vai embora.
— Toni, em que merda cê se meteu agora?; — Eu pergunto.
— O babacão ali começou a me provocar, eu o provoquei de volta e ele quis me estrangular. Nada demais.
— Cara, eu sabia que você era idiota mas não desse nível. Todo mundo sabe que ele é encrenca. Ele trabalha pra gangue do Heller, véio. Ele de certo vai se vingar depois;— Ele deu de ombros e disse:
— Ah, depois a gente dá um jeito;— Eu fico olhando pra ele. Ele sabia que eu não ia deixar ele na mão, e Eu que fiquei querendo estrangulá-lo por isso.
Depois da escola nós estávamos a caminho de casa, Percebi que tinha uns cinco caras no seguindo, e entre eles, Marcelo.
Eles percebem que eu os vi e começam a correr na nossa direção. Eu e Toni começamos a correr também até que a poucos metros do nosso prédio, Toni começa a passar mau e cai no chão, ele tremia como se estivesse tendo um ataque epilético, os caras nos alcançam e partem pra cima de mim.
Um dos caras consegue dar um soco no meu queixo mas eu não sinto nada, nem me mexo na verdade, ao contrário da mão dele que parecia uma gelatina batendo com tudo em uma pedra. O cara cai no chão segurando a mão quebrada. Eu fico olhando pro cara assustado enquanto o segundo tenta me bater com uma barra de ferro, que se quebra assim que encosta em mim, o terceiro cara tenta enfiar uma faca no meu estômago, que também se quebra em vários pedaços. Na base do instinto, ergo o terceiro cara como se fosse uma pena, e então jogo no segundo, e os dois vão parar bem longe dali. Marcelo e um outro cara se aproveitam que eu estava ocupado e partem pra cima do meu irmão, Marcelo segurando uma faca. Toni, tinha acabado de se recuperar, olha pra trás, e em um piscar de olhos, sai da frente deles, dá um soco em um e depois arranca a faca das mãos de Marcelo e da um chute em seu queixo, arrancando sangue e três dentes. Ver ele correndo é diferente do que se vê nos filmes, ele não soltava raios quando se movia, só parecia um borrão de foto que se movia muito, muito rápido.
— Que merda vocês são?!; — Gritou Marcelo transtornado enquanto cuspia sangue no chão e se rastejava para longe de Toni. A gente fica parado por um segundo, se olha e depois saímos correndo dali. Chegamos em casa ainda sem acreditar muito bem no que rolou lá fora. Olho pela janela, nem sinal deles.
— Você viu o que aconteceu? Aquilo foi incrível!; — Gritou Toni animado.
— Eu sei. Será que eles vão procurar a policia?;— Eu disse assustado e admirado ao mesmo tempo.
— Claro que não. E se procurassem também não importa. Cara, nós podemos fazer qualquer coisa, nós, nós podemos ser até heróis. Já pensou, nós dois enfrentando os bandidos, ganhando dinheiro com produtos licenciados, ficando com as nossas fans. Já posso até ver;— Ele dizia empolgado.
— Nós dois? Heróis?
— É claro. Por que não?
— A gente acabou de descobrir isso e cê já tá pirando?
— Pensa bem mano. Nós ajudaríamos as pessoas, e de quebra íamos ganhar uma baita grana com lancheiras, brinquedos, e sei lá mais o que. Até nossos pais iam apoiar. E aí cara, cê topa?;— Ele pergunta. Eu achava meio errado a parte de ficar rico com brinquedos, mas ajudar as pessoas e ainda ficar com as nossas fans?
— Quer saber mano. Eu tô dentro; — Eu digo batendo com cuidado na mão dele. Durante o resto da tarde nós “trabalhamos” em nossos uniformes. O do Toni era uma camiseta cinza de manga comprida, com o desenho de dois relâmpagos quase se cruzando, luvas pretas, uma calça azul com duas listras brancas nos lados, botas pretas, além de uma bandana cinza tampando a parte de baixo do rosto, um boné virado para trás com desenho de relâmpagos nos lados e um óculos de natação.
O meu uniforme era uma camiseta branca, uma blusa preta de capuz e sem manga, luvas pretas sem dedos e com uns espinhos presos na parte dos punhos das luvas, calça militar verde, botinas pretas, e uma bandana preta que cobria da minha nuca até a ponta do nariz, com dois furos na região dos olhos.
— Como é que eu tô?; — Me pergunta Toni.
— Tá maneiro. Mas, e os codinomes?
— Pior que eu ainda não pensei direito nessa parte. Só sei que eles tem que ser codinomes daoras e que mostrem que nós somos tipo parceiros;— Ele diz enquanto eu penso em codinomes “Daoras”.
— E que tal … Titã e Trovão?;— Eu sugiro pra ele já pensando em outros codinomes.
— Maneiro, mandou bem;— Ele diz rindo. Estava feito, eu pensei, dali por diante nós seríamos heróis. Iríamos ajudar as pessoas, chutar as bundas dos bandidos, ficar com nossas fans, e nada, Nada poderia nos impedir de fazer tudo isso . Até que nossos pais entram em casa e nos encontram de uniformes.
— Mas o que significa isso? Por que vocês estão vestidos desse jeito?; — Pergunta minha mãe assustada. É, isso poderia nos impedir.

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