Armadilha

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— Deixa eu ver se entendi, cês querem nossa ajuda pra prender um maníaco obsessivo com o poder de transformar moedas em monstros?;— Elastano diz enquanto se encosta no muro do cemitério da cidade, o lugar mais seguro para aquele tipo de conversa.
— Olha garota, eu não faria um resumo melhor;— Trovão fala e corre para ficar do lado dela, que se afasta.
— Ele é sempre assim?;— Eu pergunto para o parceiro dele.
— Só quando respira;— Responde Titã;— Mas então, vocês irão nos ajudar?
— Esperem um pouco. Pessoal, venham cá um instante;— Light-girl pede, depois a seguimos para um canto mais afastado dos dois;— O que acham?
— Eu sou contra nós ajudarmos eles, nós nem sabemos se eles dizem a verdade;— Sonar diz.
— Concordo;— Elastano fala.
— Não seja por isso;— Stelfie fala mostrando o celular, estava passando um vídeo da dupla enfrentando uns monstros bizarros em Aparecida.
— Okay, eles tão certos sobre isso, que bom pra eles, mas não quer dizer que vamos ajudá-los;— Sonar diz de forma meio autoritária, me irritando bastante.
— Cara, quem te nomeou o líder da equipe?;— Eu pergunto.
— Espera, desde quando somos uma equipe? Até onde eu sei a única equipe aqui são eu e as garotas;— Light-girl diz me deixando sem graça.
— Sério gente, cês vão discutir isso agora?;— Portal fala cansada. Ficamos quietos depois disso.
— Bom, eu não sei vocês mas eu vou ajudá-los, afinal foi pra isso que eu resolvi me tornar um herói, pra ajudar quem precisa mesmo correndo riscos;— Eu falo seriamente. Todos se olham por alguns instantes. Depois vou decidido até a dupla, e digo:
— Nós topamos.
— Que bom. Então... alguém sabe como nós podemos prender o Spawnador?;— Titã fala bocejando.
— E se em vez de o procurarmos, ele nos procurar?;— Stelfie fala sorridente.
— Uma armadilha, é pode dar certo;— Sonar diz e começa a mexer em seu tablet.
— Tá mas como vamos fazer isso?;— Portal pergunta.
— E se o Spawnador descobrisse que a tal Luana está em algum lugar, ele provavelmente iria até lá;— Stelfie explica.
— Mas como faríamos isso? Vamos pedir ajuda da policia?;— Elastano pergunta.
— Não, a policia nunca nos ajudaria;— Light-girl responde pensativa.
— Na verdade, até podem;— Sonar diz dando um sorriso de cientista maluco.
— Como é?;— Trovão pergunta pra ele.
— Acabo de descobrir onde o delegado responsável pelo caso mora. Que tal se dermos uma visita?

De repente ouvimos um barulho de chaves batendo umas nas outras, depois o delegado Marcelo Moraes Ribeiro entra apressado na sala.
— Amor o que...? Parados! Identifiquem-se Agora!;— O delegado diz enquanto saca a arma da cintura e aponta para a gente. Ele devia ter uns cinquenta anos. Era alto, meio bronzeado, tinha cabelo e barba bem grisalhos.
— Calma, calma, nós somos do mesmo lado;— Eu falo levantando às mãos, tentando tranquilizá-lo. Enquanto isso, as garotas quase pulam do sofá, Titã e Trovão se preparam para atacar e Sonar fica imóvel em sua poltrona, como se fosse uma estátua.
— Abaixa essa arma Marcelo, se eles quisessem fazer alguma coisa já teriam feito;— Diz a esposa do delegado, Marta Santos Ribeiro, que sai da cozinha correndo. Ela tinha mais ou menos a mesma idade do marido, era morena com os cabelos cacheados e com algumas mechas brancas, além dos olhos verdes.
O delegado fica parado, sem acreditar no que a esposa disse.
— Relaxa pai, eles pediram pra mãe ligar pro senhor vir logo. Eles são aqueles heróis do vídeo que a gente viu, lembra?;— Disse filha do casal depois que chega na sala junto com a mãe. A garota, Suzana Santos Ribeiro, tinha treze anos, era morena, com o cabelo bem curto e cacheado. Tinha olhos verdes e usava óculos de grau alto e, pelo tanto de perguntas que ela fez para a gente, ela era nossa fã.
— Oh sim, lembro de alguns de vocês destruindo o presídio de Jabuti;— Ele fala guardando a arma;— O que querem comigo?
— Precisamos conversar, é sobre trabalho;— Eu falo abaixando às mãos. O delegado olha para a esposa e para a filha, depois faz sinal para o seguirmos.
Eu, Sonar, Light-girl e Titã fomos com ele até um escritório nos fundos da casa. Era um escritório simples até, uma mesa com computador e impressora, alguns retratos da família e uns papéis e pastas empilhados no canto, além de três cadeiras de madeira e um vaso do lado da única janela do lugar.
— Pois bem, sou todo ouvidos;— O delegado diz enquanto se senta em uma das cadeiras, Light-girl e Sonar sentam-se nas outras. Depois contamos tudo, do encontro que a dupla teve com o Spawnador, até a nossa armadilha. O delegado ouve tudo atentamente, depois fica pensativo por alguns instantes, até que dá um suspiro e diz:
— Está certo, eu posso ajudá-los, mas terão que obedecer minhas condições.
— Que seriam?;— Titã pergunta cruzando os braços.
— Primeiro: Eu e alguns de meus homens de confiança irão acompanhar toda a operação. Segundo: Por motivos óbvios, eu não poderia revelar o local onde a garota estaria, no máximo indicar por onde passaríamos com ela. Terceiro: A armadilha terá que ser feita durante a madrugada e o mais afastado da cidade possível, para não ter testemunhas.
— Por mim tudo bem;— Eu falo erguendo os ombros;— ninguém queria testemunhas mesmo.
— Ótimo, mas como o senhor daria a informação que o Spawnador precisa?;— Pergunta Light-girl.
— Eu tenho uma entrevista para um telejornal amanhã, eu posso dar um jeito nisso. Agora só resta encontrarmos um bom local para a emboscada;— O delegado responde e tira um mapa de uma das gavetas de sua mesa, depois estica o mapa em cima da mesa. Decidimos que a armadilha seria feita em uma estrada alternativa pouco usada perto da serra que levava até Paraty, às 04:45h da manhã de Domingo.

Guerreiros Vol.01Onde histórias criam vida. Descubra agora