Problemas, Problemas e mais Problemas

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* Data: 17/02/2017; Localização: Guaratinguetá-SP:
Eram 09:45h da manhã, eu estava no telhado de uma loja pronto para ir para casa. Uma mulher de uns cinquenta anos que parecia estar fazendo caminhada foi encurralada por uns quatro bandidos em um beco perto de onde eu estava.
Calmaí sinhora, é só cê fazê o que nóis pidir e vai ficá tudo bem;— Disse um marmanjo estalando às mãos e dando um sorriso que mostrava os dentes de ouro.
Eu olho o celular, escolhendo uma música legal para ouvir. Depois de uma semana sem nenhuma ocorrência além de um ou outro acidente que eu ajudei a evitar, eu já estava doido por um pouco de ação e iria aproveitar o máximo.
Starman do David Bowie? Não, filosófico demais. Bohemian Rhapsody do Queen? Não, muito longo Eu penso. Deixo no Mr. Blue Man Sky do Eletric Light Orchestra. Guardo o celular em um dos bolsos da jaqueta, ajeito os fones de ouvidos debaixo da máscara, depois pulo do telhado dando um soco no marmanjo, que cai no chão cuspindo sangue.
— E lá vamos nós;— Eu digo acendendo às mãos. Os outros três se assustam mas depois partem para cima de mim, um deles com uma faca e um outro com um pé de cabra.
O cara com a faca tenta me esfaquear duas vezes, mas escapo recuando, depois seguro o braço do bandido e dou um chute em seu nariz. O cara da ferramenta dá um golpe na minha cabeça, eu caio de joelhos no chão, o cara tenta dar outro golpe mas eu me defendo com um escudo e depois crio um chicote, prendo os pés dele e o derrubo no chão.
— Pé de cabra? Cê curte Half-Life?;— Eu pergunto enquanto o cara dos dentes de ouro me segura por trás;— Ôôô sai pra lá rapaz;— Eu digo criando um escudo ao meu redor que o joga para longe. Desfaço o escudo mas Ievo um chute no rosto do quarto cara. Ele parecia entender uma ou duas coisas de artes marciais pois ele dá uma série de socos e chutes muito rápido e eu caio longe no chão, ele ia me dar outro chute no rosto mas eu consigo segurar a perna dele e o jogo alguns passos longe. O cara se aproxima de mim mas eu desvio para o lado, o bandido dá um soco mas eu seguro, eu dou um soco e ele segura, ele dá um chute no meu estômago e um soco no queixo. Fico apoiado com meu joelho esquerdo, o cara se aproxima e eu dou um soco com um punho gigante. O cara do pé de cabra olha para mim e depois foge correndo até que bate a cara em uma parede que criei, o cara dos dentes de ouro tenta dar um soco em mim mas eu solto uma rajada com os olhos que o joga no chão desacordado. Depois levito todos os bandidos até um canto e coloco um tira-entulho vazio em cima deles.
— É, foi divertido. A senhora tá bem?;— Eu pergunto me aproximando calmamente.
— Aaah. Saí daqui seu ET;— Ela grita e me dá um chute no...no... na virilha.
— Jesuuss;— Eu digo ajoelhando no chão sem ar.
— Socorro, um ET quer me abduzir;— A mulher grita correndo sem olhar para trás.
Depois de algum tempo me recuperando, eu vôo até em casa.
— Ah oi filho, como foi sua ronda?;— Minha mãe pergunta quando entro na cozinha. Ela estava tomando café da manhã com bolinhos de chuva que ela tinha feito no dia anterior.
— Foi bem tranquilo, levei um golpe bem baixo mas tô legal;— Eu respondo e pego um bolinho;— Vou tomar banho.
— Pode ir, só não garanto que vai ter bolinhos quando você voltar;— Ela responde rindo enquanto eu fico olhando seriamente para ela.
Entro no meu quarto e me deito um pouco, ponho a mão no bolso da minha jaqueta e pego o comunicador que o Sonar tinha dado semana passada, lembro da briga feia que aconteceu depois que sugeri de formarmos uma equipe, principalmente entre mim e o Trovão. Mas talvez tenha sido melhor assim, a gente não passa de um bando de adolescentes que até pouco tempo nem imaginavam ser super-heróis. Coloco o comunicador dentro do bolso da jaqueta, tiro o uniforme e vou tomar banho. Depois que coloco minhas roupas, minha mãe me chama na sala.
— Que foi mãe?
— A gente vai precisar ir no apartamento da Drica
— Por que? O que aconteceu com a tia Drica?;— Eu pergunto enquanto minha mãe vai para o seu quarto pegar sua bolsa.
— Seu primo Lúcio, fugiu de casa de novo.
— Nossa, que novidade;— Eu digo. Meu primo Lúcio Ramos Santos Júnior tem quinze anos e é “a ovelha negra” da família, isso porque ele já fugiu umas cinco vezes de casa, além de já ter aprontado todas comigo e com meus outros primos quando eles viviam na cidade, fora que ele já fez serviços para bandidos mais de uma vez, mas apesar do caráter duvidoso ele é um cara inteligente, afinal não é qualquer um que consegue ganhar um prêmio em ciência da computação.
Fomos até o apartamento da tia Drica, que ficava no segundo andar. O tio Lúcio não estava, para variar estava ocupado demais trabalhando, Meu primo menor, Benedito, estava na creche, a tia Drica estava sozinha em casa para variar, estava chorando como se fosse a primeira vez que o Lúcio tivesse fugido.
— Eu devia ter desconfiado, ele andava estranho, sempre que ele recebia uma ligação ele saia de perto, vivia se trancando no quarto, ficava sempre quieto, não conversava com ninguém;— Minha tia dizia desesperada. Eu até que sentia pena dela, mesmo tendo a sensação de ela estar exagerando, mas nunca consegui ser próximo do Lúcio, nem fazia muita questão de ser.
Minha tia aproveitou o momento e pediu para minha mãe fazer o almoço porque “ela estava abalada demais para pensar em outras coisas a não ser seu pobre filho sumido”.
— Mãe, admite que a tia se aproveitou de você, como sempre aliás;— Eu digo enquanto a gente voltava para casa.
— Eu sei, mas não posso deixar ela na mão, afinal ela é minha irmã;— Minha mãe diz, de repente ela para e pensa um pouco;— Filho, bem que você poderia ajudar e procurar o seu primo.
— Aquele capitão encrenca? Nem pensar, ele já é grande o suficiente pra saber o que é Certo e Errado;— Eu respondo quando o telefone toca, olho na tela e vejo que era número desconhecido;— Alô?
Alô, Davi?;— Pergunta o cara que me ligou.
— Sou eu, quem tá falando?
Sou eu filho, seu pai, eu sai da prisão. Eu queria te ver, eu...;— Mas eu desligo a ligação. Tudo que eu precisava era esse cara no meu pé agora. O que está acontecendo hoje? É dia nacional dos problemas? Que mais falta acontecer?
— E então, quem era?; — Diz minha mãe.
— Não era ninguém, ligaram errado, só isso;— Eu respondo secamente. Chegamos em casa, fico sentado no sofá e ligo a TV, tentando esquecer o que tinha acontecido, não tinha nada de interessante então eu deixo no Rede Mundi, passava Hotel Transilvânia pela quinta vez, quando foi interrompido por um pronunciamento oficial do presidente.
Senhores e senhoras brasileiros, hoje eu pedi para fazer esse pronunciamento e transmitir para todo o Brasil pois tenho um assunto de suma importância, importância global. Houve a recente confirmação de seres potencialmente perigosos para todos da nossa sociedade, seres humanos com habilidades únicas e de fato extraordinárias, que alguns chamam de mutantes. Essas pessoas precisam ser estudadas, analisadas para que possamos entender como e porquê elas possuem essas habilidades e também que possamos garantir que não machuquem civis nem danifiquem patrimônios públicos, por isso eu e alguns de meus colegas políticos criamos um projeto de lei que institui a prisão momentânea desses indivíduos mutantes até que tenhamos certeza de que eles não serão um risco para a nação. Eu peço a todos para que não entrem em pânico, pois esse projeto será votado e aceito o quanto antes e juntos todos superaremos esta crise como vencemos e estamos vencendo as demais. E também peço para você, cidadão mutante, por favor, se entregue o quanto antes para o departamento de policia militar mais próximo, para provar que você não é um perigo para o restante da nossa querida nação. Desejo a todos um ótimo Domingo.” Anunciou o presidente enquanto eu fico de boca aberta enquanto minha mãe tenta não surtar.
— Meu Deus do céu, e agora Davi? O que você vai fazer?;— Ela pergunta.
Minha reação inicial era tacar uma mistura de alho e água benta em cima daquele vampiro miserável, mas depois me controlo e fico pensativo.
— Calma mãe, eu vou fazer o possível pra que essa lei seja negada, confie em mim;— Eu respondo tentando transmitir o mínimo de confiança enquanto eu xingava em pensamento essa porcaria de dia que só me trouxe problemas.

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