The heart wants what It wants

Só você

O sol começava a esquentar, estávamos ainda no mesmo lugar, o cigarro já havia acabado, as cervejas também, Candice ainda não olhava no meu rosto, e se mantinha distante, eu apenas ainda estava ali do seu lado, onde eu disse que iria ficar, não importava quantas vezes ela me mandasse embora, meu coração apenas dizia que aquilo não era o certo

— Selena o que nos somos? – Candice se dirigiu a mim pela primeira vez, fiquei surpresa e feliz ao mesmo tempo.

— Pensei que você não se importava com rótulos

— Rótulos são importantes, é ele que determina quem você é, e onde você se encaixa.

— Eu não sei – honestamente, eu não sabia responder — eu não sei o que nos somos, apenas sinto que não posso ficar longe de você

— Por que não? – Candice se virava em minha direção, após muito tempo me encarando.

— Eu não sei explicar, apenas não consigo - sinto meus olhos lagrimejarem.

— Você me ama? – a pergunta foi de repente, não conseguir esconder minha cara de espanto, como eu responderia aquilo? Amar uma mulher? Isso não é errado? Era isso que eu estava sentindo? Amor? Sentir meu corpo perder a força, ela começou a sorrir, não um sorriso alegre, mas o seu sorriso sarcástico de sempre — Você sabe o que significa amar uma mulher na nossa sociedade? – não compreendia onde ela queria chegar com esse tipo de pergunta.

Ela se levantou, esticou seu braço, como se tivesse alongando, pegando seu óculo escuro que estava em sua cabeça, colocou,  virando-se para frente novamente, não conseguia olhar para onde seus olhos estavam mirando, mas podia deduzir que ela encarava a cidade.

— Não vou te envolver em algo que você não esta preparada, não vou cometer esse erro novamente.

Após dizer essas palavras, ela se virou, afastando -se para ir embora, eu não ia mais deixar ninguém dizer o que eu devo ou não fazer, quem ela pensa que é pra decidir por mim o que eu estava preparada? Posso não saber o que eu estou sentindo, posso não saber o que é amar uma mulher, mas uma coisa eu estava certa, nunca mais vou deixar ninguém decidir o que eu devo fazer com a minha vida

Peguei em seu braço com toda a força que eu conseguir reunir em meu corpo, olhei no fundo dos seus olhos.

— Eu posso decidir isso sozinha.

Ela sorriu novamente, mas dessa vez um sorriso sincero, pegou no meu braço, fazendo- o soltar do seu, se aproximou de mim, e me beijou.

Havia um tempo que não nos beijávamos, eu sentir como se esse fosse o primeiro de verdade, o primeiro que nos havíamos dado, o primeiro com sentimento verdadeiro, sentir lagrimas escorrendo pelo meu rosto, eu estava feliz, não entendia porque estava chorando, apenas não conseguia controlar, aquele momento, foi o mais especial da minha vida, apenas queria que o tempo parasse, e que não tivéssemos que nos separar, puxei seu corpo para o meu próximo do meu, para sentir que era ela de verdade, e não apenas uma imaginação.

Terminamos o beijo com um selinho, em seguida ela me abraçou bem forte, acariciando minha cabeça, sentir que ela estava chorando também, porém não disse nada, não queria que nada atrapalhasse.

-

Candice dirigia com um sorriso no rosto, eu estava ao seu lado, não tirava os olhos dela um momento, passei muito tempo sem poder olhar aquele rosto, não queria perder mais tempo, nossas mãos estavam entrelaçadas, às vezes olhávamos uma para a outra e sorriamos como se não pudéssemos acreditar que estávamos juntas novamente.