Decisão

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Eu continuava chorando e me debatendo, completamente sem controle da situação. Ele me apalpava como se eu fosse uma vadia e a única coisa que eu fazia era me debater e chorar. Eu sentia raiva e nojo dele, mais de mim ainda por ser tão impotente diante daquilo. Cada vez que eu sentia sua mão em mim, o desespero aumenta então já nem pensava direito, mas tentei me lembrar de coisas boas, como se aquilo fosse algum tipo de remédio, mas nada adiantava.

Eu não sentia nada além de nojo. E uma enorme vontade de morrer que só crescia dentro de mim. Eu não queria aquilo, não aquela hora, não daquele jeito. Mas, afinal de contas, era meu direito de escolher, sim?

Acho que Brandom não entendia isso.

Ele foi descendo os beijos pela minha barriga e quando percebi ele já desamarrava o cordão que segurava o meu short e em seguida o puxou pra baixo.

''Não, não! Para! Por favor, eu não quero, por favor." - Choraminguei. Ele nem ao menos olhou pra mim.

Então seria aquele o meu fim? Perder minha virgindade no jardim da minha casa enquanto meus pais dormiam e nem tinham noção do que acontecia naquele momento? Algo que eu preservei tanto e que agora de nada adiantava. E lá estava eu, chorando e cansada de impedir Brandom de me tocar. Não era justo.

Comecei a pensar que seria melhor se eu deixasse rolar, me entregar para ele de uma vez, assim ele me deixaria em paz. Mas, que dizer, já namorávamos há quase 8 anos e aquilo não era justo com ele, por fim acabei relaxando meu corpo. Por um momento tudo ocorreu muito rápido e quando finalmente cai na real vi que uma pedra caiu do meu lado, e aquilo tinha sido tão rápido que eu nem percebi que eu mesma havia o acertado na cabeça. Não tinha sido forte o suficiente para mata-lo ou deixa-lo inconsciente, mas o suficiente para feri-lo e o deixar atordoado por um momento, proferindo um monte de palavras de baixo calão, e eu soube que aquele momento era o qual eu devia fugir.

Entrei em casa o mais rápido que podia, sentindo as lágrimas aos poucos cessarem, e subi as escadas correndo e, assim que entrei no quarto, me tranquei dentro e tentei esquecer o mundo lá fora. Me encolhi na minha cama e repensei sobre o que havia acontecido no jardim com Brandom, ele tinha mesmo me agarrado? É claro que ele tinha feito isso, porque eu ainda não estava louca o suficiente para imaginar coisas. O que houve com ele? Pensei que ele me amasse.

Lágrimas corriam minhas bochechas e caiam na minha cama, enquanto a cena se passava novamente na minha mente,  eu só desejava que ele estivesse sentindo, depois da pedrada, a mesma dor que eu senti.

Era 5 horas da manhã e eu não havia conseguido dormir nem se quer um pouco, e para melhorar um pouco mais a minha situação o despertador iria tocar em algumas horas avisando que eu deveria ir para a escola. Não, eu não estava nem um pouco afim de encarar Brandon, muito menos qualquer um daquela escola. Inventaria qualquer coisa para não ter de ir para aquele lugar. Finalmente consegui fechar os olhos e descansar um pouco.

...

6 horas. Hora de me arrumar para ir pra escola.

Não mexi nenhum musculo para sair da cama, não tinha forças nem pra desligar o despertador.

Escutei alguns passos vindo em direção ao meu quarto então fechei os olhos, para fingir que estava dormindo. Senti minha mãe me cutucando e tocando suavemente o meu ombro, tentando me acordar.

''Vamos, amor, está na hora da escola.'' - Abri os olhos, fingindo estar acordando, e pude ter a visão maravilhosa de minha mãe sorrindo pra mim. Aquilo, de fato, aquecia o meu coração.

''Cof, cof! Não estou me sentindo bem hoje, mãe, será que eu poderia ficar em casa hoje? Cof, cof!''- Fingi estar tossindo e fiz cara torcida, fingindo estar com alguma dor.

The heart wants what It wantsOnde histórias criam vida. Descubra agora