Você não precisa de cura, eu preciso

878 36 1
                                    


Já se passaram uma semana desde que eu decidir parar de falar com a Candice, finalmente minha vida parecia que tinha voltado ao normal, meus dias de castigo também haviam acabado,  até a Amanda voltou a falar comigo, mesmo que só algumas palavras, tudo tinha a voltado a ser como era, tenho matado algumas aulas de literatura, já que a professora nos força a passar a aula inteira com nossas duplas, por sorte tenho o baile para terminar de arrumar, então posso inventar uma desculpa como '' estava ocupada resolvendo coisas do baile'', '' estava ocupada arrumando os efeites do baile'' , o diretor já havia falado com alguns professores minha ausência em sala por esses motivos então não seria problema nenhum, a Candice parece que também esta bem feliz sem mim, as vezes me pego observando ela nos intervalos das aulas, ela esta sempre sorrindo e brincando com seus amigos, acho que eu não faço falta na vida dela, melhor assim.

— Ei Selly – ouvir Brit me gritar, enquanto estava andando em direção a saída da escola, acenei para ela — Ta indo para casa?

— Ah.. sim

— Esquece – ela segurou meu braço — vamos juntas para o shopping – disse me puxando em direção ao seu carro não tive como recusar.

Amanda esperava pela Brit encostada no carro, achei melhor inventar uma desculpa e ir para casa, não queria que ficasse um clima tenso novamente entre a gente, por mais que a gente estivesse se dando bem essa semana, acho que ainda estava cedo demais para voltar a ser como era.

— Vamos Selena – Amanda disse sorrindo para mim — faz tempo que não saímos juntas. 

Brit deu um sorriso largo entramos no carro todas juntas, foi igual as velhos tempos, ligamos o som no ultimo volume, cantamos juntos com o radio, rimos o caminho inteiro, mas por algum motivo, sentir como se aquilo não fosse igual antigamente.

Compramos muitas roupas, arrumamos nossos cabelos, fizemos as unhas , fomos lanchar, passamos a tarde toda fofocando sobre as meninas da equipe, Amanda aproveitou para contar todos os podres que ela descobriu da Carmem enquanto elas estavam andando juntas, adorei descobrir o que ela fala pela minhas costas, ao mesmo tempo fiquei surpresa como a Amanda consegue ser duas caras e falsa, 10 anos de amizade,  parece que agora que estou realmente conhecendo ela.

Passamos no parque onde os meninos do time se reúnem para jogar bola, sentamos com as meninas da equipe que estavam por lá, torcemos por eles, dava alguns sorrisos falsos para o Brandom quando ele marcava um gol e fazia corações em minha direção. O jogo terminou todo mundo se reuniu em um barzinho que ficava em frente, era só para o grupo dos populares do colégio, olhei ao redor e a Candice apareceu com o Jellal, observei que algumas meninas começaram a rir e soltar piadinhas com sua presença já que ali era o bar apenas para os populares do colégio, e ela tecnicamente não se encaixava

'' Isso aqui começou a ficar mal frequentado né'' - ouvir Monica falando '' vai fazer seu ritual satânico em outro lugar '' – Ouvir Gordon um garoto do time falar, enquanto jogava cerveja no chão, em sua direção, enquanto as meninas fingiam rir da sua piada ''Isso aqui agora virou um bar GLS?'' – por fim ouvir a voz de Carmem, Candice e Jellal saíram com suas bebidas na mão, apenas rindo, sem se importa com os comentários, fiquei olhando enquanto eles iam embora, Jellal virou em minha direção como se tivesse me reconhecido, então apenas virei o rosto, não queria que ele pensasse que eu fazia parte desse tipo de coisa, levantei a cabeça novamente,  avistei eles entrado no carro, mas antes de entrar Jellal olhou novamente em minha direção e sorriu, levantando um copo de cerveja, fiquei vermelhada aquilo tinha sido tão constrangedor .

Brandom me deixou em casa por volta das 00:00, me despedir dando um selinho nele, abrir a porta do carro, mas sentir seu braços me puxando de volta.

Ele tentou me beijar, mas virei o rosto, apenas disse que estava cansada

— Você vive cansada agora, toda vez que eu tento alguma coisa você reclama de cansaço, qual é sua Selena, não gosta mais de mim? – Brandom falou com raiva

Minha vontade era responder '' Sim, não te aguento mais, você é um chato, minha vontade é de socar a sua cara, te pagar uma passagem só de ida pra Júpiter para nunca mais ter que ver sua cara de babaca'' mas respirei fundo

— Só tive um dia longo, apenas isso- me despedir com um selinho — até amanha, cuidado no caminho, chegue em casa bem, tchau – bati a porta do carro, antes que ele me puxasse novamente

Tomei um banho logo, coloquei minha camisola e finalmente deitei na minha cama, aquele dia parecia que não ia acabar nunca, sempre foi assim tão cansativo? fazer esse tipo de coisa? eu que nunca tinha notado? Fiquei pensando no pouco tempo que eu sair com a Candice e seus amigos, e como eu me divertia de verdade, olhando eles hoje, sentir vontade de estar com ela, vontade de entrar no seu carro, e apenas pedir pra ela dirigir sem rumo, como ela fazia antigamente, por que eu deixei as coisas chegar a esse ponto? Se ela gosta de garotas, o pecado é dela, eu apenas deveria entender, qual é minha diferença para a Amanda que abandona as amigas por esse tipo de coisa?

Passei a noite em claro, tava passando tantas coisas na minha cabeça que acabei perdendo o horário de ir para a aula, não ia da tempo de escolher uma roupa, então apenas peguei as primeiras que eu vi no guarda- roupa, alias sou Selena Teefey qualquer roupa é uma roupa bonita, peguei uma maçã na cozinha e liguei o carro.

Como previsto cheguei atrasada, então apenas me dirigi até o ginásio, onde estava as coisas do baile, joguei minha bolsa nas arquibancadas,  comecei a arrumar alguns enfeites para a mesa.

— Noite foi boa ontem né – ouvir uma voz familiar falar, joguei as coisas no chão no susto que eu levei

A dona da voz, se aproximou de mim pegando as coisas que eu havia deixado cair me entregando sorrindo, sentir meu estômago revirar.

Candice continuava lá parada me olhando arrumar as coisas para o baile, só Deus sabe o esforço que eu estava fazendo naquele momento, para ignorar ela e não falar nada

— Sabe se você vai me evitar deveria pelo menos me dizer o que eu fiz – ela começou a falar novamente, jogando uma bola de lã pra cima, continue a ignorando – deixa eu adivinhar, você é legal demais para andar com uma '' sapatão'' como eu?

— Candice você pode se livrar disso se você quiser – finalmente decidir falar com ela — sabe na igreja já vi muito caso desses e meu pai pode te curar desse pecado

— Me curar? – ela então começou a rir alto — ual em, você é realmente filha de pastor – ela disse batendo palmas – eu não preciso ser curada, porque eu não estou doente.

— Só estou falando isso para seu bem, eu realmente me importo com você

— Selena posso fazer uma pergunta?

— claro

— Na sua igreja, também cura gente ignorante?

— COMO É?

— Porque apenas pessoas ignorantes olham isso como uma doença ou pecado, sabe o que é doença de verdade? Ir pela cabeça dos outros, fazer o que os outros querem que você faça, pensar igual a eles, você acha que eu to doente para precisar ser curada?

Abaixei a cabeça, naquele momento eu não sabia mesmo o que pensar ou o que falar, talvez eu tenha dito algo muito errado que a tenha magoado, eu apenas pensei em um jeito que a gente voltasse a ser amigas

— Vem comigo – ela puxou meu braço me puxando para fora do ginásio

Ela me colocou dentro do seu carro e começou a dirigir e não disse mais nenhuma palavra, sua expressão ainda era de raiva, fiquei calada o caminho inteiro, então finalmente nos paramos.

Era uma casa velha abandonada e estava tocando uma musica, eu não estava acreditando que ela tinha me levado em uma festa as 10 horas da manhã.

Descemos e andamos em direção a casa  entramos, tinha um dj e varias pessoas curtindo, e havia homem com homem se beijando, mulher com mulher se beijando, eu não sabia o que fazer ou porque ela tinha me levado ali

— Olha bem para essas pessoas, olha a felicidade delas você ainda acha que alguma delas precisa ser curada?

Apenas acenei negativamente com a cabeça

— Você já me beijou, eu sou uma garota, então... você também precisa de cura? 

The heart wants what It wantsOnde histórias criam vida. Descubra agora