- Capítulo Quatro -

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CONHECENDO O REINO ANIMALE

Ao cair da noite, a Lua despontou no céu. Ela estava linda, cheia, e seus raios brancos iluminavam a praça. Ao observar que já era noite, Luiz e os amigos aproveitaram para voltar para suas casas, pois ali ficava muito perigoso, havia muitos marginais à espreita, prontos para atacarem a qualquer momento.

As luzes dos postes se acenderam, iluminando a rua. Luiz se despediu de todos, prendeu a coleira de Kiara na guia e caminhou pela calçada de volta para casa. No caminho, ele se deparou com dois homens negros, altos, vestindo trapos. Eles cheiravam muito mal, era como se não tomassem banhos há anos. Eles tentaram assaltar Luiz, porém algo inesperado aconteceu. A Lua emitiu um forte jato de luz branca contra o asfalto, o que fez com que uma enorme cratera se formasse no meio da rua.

Um dos homens correu e tapou a boca de Luiz com uma das mãos e prendeu um dos braços do garoto nas costas dele, imobilizando-o, enquanto o outro homem o apalpava, tentando achar algo de valor. Luiz soltou a guia de Kiara com o susto e estendeu um dos braços, pedindo sua ajuda. Enquanto isso, a cratera formada pelos raios lunares brilhava cada vez mais, emitindo uma luz de cor branca.

Subitamente, Kiara pareceu entender o gesto do seu amigo. Ele precisava de ajuda, e ela não iria abandoná-lo naquele momento. Ao identificar que ele pedia sua ajuda, ao invés de fugir, ela parou e posicionou-se de frente para os homens. Então rosnou, mostrou os dentes e soltou um latido tão alto que era possível sentir as ondas sonoras se chocarem com a pele. Observando que os homens não se abalaram com o primeiro latido, Kiara latiu novamente e correu para morder o homem que apalpava Luiz.

Ela saltou e derrubou o homem no chão, pressionando o pescoço dele contra o solo com as patas dianteiras. Em seguida, ela rasgou com os dentes a pele do homem em várias partes do corpo, e o que segurava Luiz começou a sentir medo, ao ver o comparsa jogado no chão, ensanguentado e gemendo de dor. Quando percebeu que o homem que ela mordia já estava bastante debilitado, sem poder mais reagir a nada, Kiara olhou enfurecida para o homem que segurava Luiz, latiu novamente, e desta vez, seguido do latido, um jato d'água saiu de sua boca, atingindo em cheio o rosto do homem, fazendo com que ele soltasse Luiz de imediato.

O homem correu segurando o rosto, assustado e gritando de dor, o outro estava desacordado e ensanguentado, jogado no chão. Luiz olhou assustado para Kiara, mas sem medo, correu em direção a ela e a deu vários beijos, agradecendo o que havia feito para salvá-lo, esquecendo completamente que ela havia esguichado um jato d'água pela boca.

Logo depois, ele segurou a guia de Kiara e caminhou em direção à cratera formada no asfalto. Luiz aproximou-se da borda da cratera e observou a perfeita luz que saía dela. Aquela luz era hipnotizante, era lindo aquele fenômeno. Então o garoto aproximou-se mais um pouco e ficou na beirada da cratera com Kiara ao seu lado.

— Olha que lindo, Kiara! — disse Luiz com os olhos brilhando ao ver aquela luz.

Ao tentar se aproximar mais, Luiz escorregou e caiu no buraco, arrastando Kiara pela coleira com ele.

Luiz gritava, mas não era ouvido, o buraco parecia não ter um fim. Enquanto caía, Luiz puxou a guia, trazendo Kiara para bem próximo dele. Depois desprendeu a guia da coleira, arremessou-a longe e abraçou Kiara, pressionando-a contra o seu peito, tentando acalmá-la.

— Se eu morrer hoje, saiba que eu te amo muito e que você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, minha princesa — sussurrou Luiz no ouvido de Kiara.

Luiz aguardou de olhos fechados o impacto com o chão, deixando o medo da morte dominar seu corpo. Subitamente, Luiz sentiu seu corpo levitar e, vagarosamente, ser ereto e colocado no chão como uma joia preciosa e frágil. Ao abrir os olhos, se deparou com um homem robusto, de aparência muito bonita. Nem muito velho e nem jovem. Ele vestia uma túnica negra, com um cinto de fivela grande na cintura. Ele possuía uma barba longa de cor negra que prendia no cinto. Seus olhos eram azuis e apesar da idade, ele possuía um corpo como o de um jovem. Nos pés, ele calçava botas negras. Ao lado do homem estava uma gata que parecia ter nascido com quimerismo. A cara dela era dividida de forma perfeita, como se alguém tivesse fundido um gato preto com um gato tricolor. Cada olho dela tinha uma cor. Um era completamente verde e o outro era completamente azul. Ao mesmo tempo em que parecia bizarra, ela era exótica.

Luiz Asaf e o Elo AnimaliumWhere stories live. Discover now