- Capítulo Oito -

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ENTENDENDO A PROFECIA

Todos os membros do conselho do rei estavam acomodados nas cadeiras em volta da grande mesa de pedra, acompanhados de seus respectivos protetores.

— Senhores! Preciso entender o que está acontecendo — ordenou o rei com imponência. — Quem é aquele garoto? Por que eu não fui informado que ele viria à festa hoje? De onde ele veio? E como ele conseguiu destruir a pedra da profecia? — questionou o rei, dando um soco na mesa.

O conselho real sentiu seus nervos congelarem. A imponência e o timbre de voz do rei Crésus causava medo e respeito.

— Majestade, a princesa Valentina me comunicou da aparição deste garoto durante a inscrição para o torneio Animale. Ela me informou que ele era amigo dela e pediu para que eu o abrigasse, durante este período na minha casa, pois a estalagem estava lotada — iniciou Lady Nadja ao adentrar o salão. — Assim eu o fiz. Ela comentou que havia sinalizado ao senhor da presença do garoto na recepção da duquesa das Terras do Norte. Além disso, pediu para que eu não comentasse nada com o senhor, pois não sabia qual seria sua reação... E eu concordei, afinal, é notória a inocência e docilidade do rapaz. Percebe-se que ele não é ruim e que não representa nenhuma ameaça — finalizou Lady Nadja, fazendo uma pequena pausa para se acomodar em uma das cadeiras, com Lulu ao seu lado.

— Majestade, desde o início, eu fui contra esta atitude, mas a princesa solicitou sigilo. De fato, não vejo ameaça, e diante do que aconteceu hoje, está nítido que o garoto é o escolhido, é a ele que a profecia se refere — interpôs lorde Salazar.

— O QUE EU ACHO MAIS ENGRAçADO NESSA HISTóRIA TODA é QUE EU TENHO UM CONSELHO QUE SERVE PARA ME INFORMAR SOBRE TUDO O QUE ACONTECE NO REINO E O QUE ELES ME DIZEM é QUE ACHAM QUE UM GAROTO NãO REPRESENTA AMEAçA E ESCONDERAM INFORMAçõES IMPORTANTES DE MIM — gritou o rei num tom irônico, batendo na mesa.

— Majestade, o garoto, de fato, é o escolhido. Desta forma, não interessa se ele é uma ameaça ou não. Precisamos mantê-lo, e à protetora dele, ao nosso lado — disse Cida. — Amanhã quando ele estiver melhor e despertar, eu irei sondar o que ele leu na profecia — finalizou ela sorrindo de forma maliciosa.

O semblante do rei mudou de imediato.

— Não é uma má ideia, lady Cida. Eu irei acompanhá-la. Quero conhecer e conversar com o garoto — informou o rei, tranquilizando-se.

— Majestade, os convidados estão perguntando pelo senhor e pelo conselho, eles estão nervosos e preocupados com o que aconteceu — disse um dos mensageiros do rei, ao abrir a porta do salão e interromper a reunião.

— Minha Nossa! É verdade, esquecemos completamente da festa — vociferou lady Anna.

O rei finalizou a reunião e saiu do salão com Sombra Noturna ao seu lado e o conselho atrás.

O rei voltou para a festa e deu continuidade a ela. Em pouco tempo, os convidados esqueceram o que havia acontecido naquela noite.

Luiz, Kiara, princesa Valentina e Snow, dormiam na enfermaria, enquanto Mestre Makum tratava dos ferimentos deles.

A festa durou a noite inteira, todos os convidados dançavam sorridentes e aproveitavam o momento de confraternização, mas o rei estava com uma expressão preocupada, pois o que aconteceu durante o início da festa comprovava que algo ruim estava por vir. O rei caminhou até a espécie de enfermaria do castelo e sentou-se numa cadeira próxima à cama onde Luiz repousava com Kiara.

Uma aurora boreal tomou conta do céu. A neve cessou naquela noite. O rei Crésus cochilou, e o sol não tardou a despontar no céu anunciando uma nova manhã.

O mestre Makum havia deixado às janelas do local abertas, para que os pacientes especiais recebessem um pouco de luz solar.

O rei despertou com os raios de sol que batiam em seu rosto. Ainda com a visão embaçada e os olhos semicerrados, o rei assustou-se ao ver que nem Luiz e nem a princesa Valentina estavam deitados na cama. Levantou-se assustado da cadeira onde estava sentado e chamou o mestre Makum.

— Onde eles estão, Makum?

— Eles estão bem, majestade, o que houve ontem não foi grave. O choque que fez com que eles desmaiassem — explicou Makum num tom sereno.

— A pergunta foi: Onde eles estão? — replicou o rei demonstrando impaciência.

— Mestre Makum, podemos sair agora? — questionou a princesa Valentina.

— Podem, sim, alteza — respondeu Makum.

Princesa Valentina, Snow, Luiz e Kiara levantaram-se da mesa onde estavam comendo o café da manhã reforçado que o mestre Makum havia preparado para eles. Ao caminharem de volta as camas onde dormiram, eles se depararam com o rei Crésus.

— Majestade! — disseram eles em uníssono, reverenciando o rei.

— Percebemos que o senhor estava dormindo e preferimos não incomodar — disse Valentina.

— Sentem-se, pois o que tenho para falar com vocês é muito sério... — iniciou o rei, fazendo uma pequena pausa para sentar-se e aguardar que Luiz e os amigos se acomodassem. – Há alguns anos, antes de seu amigo chegar aqui, São Francisco me procurou para falar sobre uma profecia que previa uma guerra que decidiria qual seria o destino do meu reino. Só que havia um problema. Nem ele, nem nenhum sábio, nem mesmo os gnomos, sabiam desvendar o enigma da profecia — continuou o rei apreensivo. — Ele apenas disse que o escolhido de outra era iria desvendá-la.

— Receio que esse escolhido deva ser eu, majestade. Peço desculpas pelo transtorno que causei na sua festa ontem, não foi a minha intenção — começou Luiz. — Lembro perfeitamente o que a profecia dizia, pois as palavras ficam martelando a minha cabeça e por mais que eu tente esquecer, não consigo — explicou Luiz num tom sereno. — A profecia dizia "Aquele que desvendar o enigma desta escritura, o escolhido será para salvar o nosso mundo. Somente o filho de outra era poderá nos salvar. Somente aquele a quem os deuses agraciaram com o dom de ser ligado ao cão sem ter o elo animalium. Somente aquele que entende o que o cão deseja, sem que o mesmo diga uma só palavra em sua língua. Este vencerá a guerra eminente ao lado do exército do bem. A amêndoa dourada será de fundamental importância para esta vitória." — finalizou Luiz.

— Amêndoa Dourada? Guerra? Mas quem planejaria uma guerra contra mim? — perguntava-se o rei, enquanto enrolava a barba, absorto nos pensamentos dele.

— O senhor possui algum inimigo, majestade? Alguém que não deseja a sua felicidade? — questionou Luiz preocupado.

— Não! Irei pensar no que foi dito e reforçar a proteção do meu reino, preparando-o para um possível ataque — respondeu o rei Crésus com o olhar perdido, como se já soubesse quem guerrearia contra ele. — Qual o seu nome garoto?

— Chamo-me Luiz Asaf... E esta é a minha protetora Kiara — Luiz fez uma pequena pausa para abraçar Kiara. — Precisamos ir para o treino com o duque Manah — lembrou-se preocupado. — Podemos ir, majestade?

— Sim! Vocês estão dispensados! — disse o rei, sentando-se na cadeira novamente, com Sombra Noturna ao seu lado.

Luiz e Valentina saíram correndo, pois Luiz estava atrasado para o treino com o duque Manah.

— Temos que nos preparar para o que está por vir, Sombra Noturna. Tempos difíceis estão por vir — balbuciou o rei.

— Crésus! Você sabe quem quer te destruir. Então, esteja mais que preparado — falou Sombra Noturna.

Luiz Asaf e o Elo AnimaliumWhere stories live. Discover now