- Capítulo Três -

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UM PRESENTE DIVINO

Quarenta e cinco dias se passaram, e a ansiedade de Luiz só aumentava, pois ele não via a hora de ver novamente os filhotes de Lua. Ele desejava e precisava de uma companhia fiel.

Trim... Trim... Trim...

O telefone tocou três vezes, até a avó de Luiz atendê-lo.

— Vó! Os filhotes de Lua completaram quarenta e cinco dias — disse uma voz feminina estridente do outro lado da linha. — Ai, vó! Estão tão lindos — continuou ela a berrar do outro lado. — Quer que eu separe um e leve logo?

— Separe a fêmea mais gordinha e traga — pediu a avó de Luiz num tom de voz alto e animado. — Luiz quer uma fêmea, então separe a mais saudável, Vic — continuou ela.

— Certo! Beijos! — Victória desligou a ligação em seguida.

Era sábado de manhã, Luiz acordou cedo, pois tinha que ir trabalhar no período da manhã. Victória, prima de Luiz, estava a caminho de casa com uma filhota.

A cadelinha estava assustada, pois aquele era um universo novo para ela. Além disso, afastaram-na da mãe, ela se sentia perdida e com o coraçãozinho apertado. Ela tinha medo de não ter mais o calor da mãe e dos irmãos. No carro, ela veio deitada, com a cabeça recostada em uma das pernas de Victória, gemendo e com o olhar perdido. Não demorou muito, e elas chegaram à casa da avó de Victória, onde Luiz e mais alguns membros da família viviam.

Quando Victória colocou a cadelinha no chão, ela caminhou desengonçada pelo piso liso e farejou seu novo lar por completo, cada minuto encontrando um lugar novo.

Victória tinha os cabelos encaracolados, longos e louros. Seus olhos eram amendoados e transpareciam entusiasmo. Ela era magra e desastrada.

Não demorou muito e a cachorra fez xixi no meio da grande sala da casa.

A sala possuía um imponente sofá, atrás de uma mesa de centro sobre um tapete sintético de pele de ovelha, de cor branca. Uma estante coberta de porta-retratos e outras parafernálias dava suporte a uma enorme e sofisticada televisão no centro.

No canto contrário, uma grande mesa de jantar mostrava o toque clássico que a avó de Luiz tinha, e próximo à mesa, foi onde cachorrinha havia urinado.

A tarde havia iniciado e não demorou muito para Luiz adentrar exasperado na sala para ver a cachorra que Victória havia acabado trazer, pois sua avó havia ligado para ele para avisar que Victória havia trazido a cachorrinha.

— Vic, cadê ela? — perguntou Luiz ao percorrer toda a sala com os olhos à procura da cachorra.

— Você chegou na hora certa. Ela acabou de batizar a sala — respondeu Victória sorrindo e apontando para o local urinado. – Ah! O nome dela é Kiara, eu coloquei esse nome porque você havia me dito que se tivesse uma cachorra, colocaria esse nome em homenagem à leoa, filha de Simba, do filme O rei leão – explicou ela sorrindo.

Luiz sorriu e não perdeu tempo, correu para a área de serviço que era ao lado da sala e apanhou um pano para limpar o xixi de Kiara. Após ter limpado, foi surpreendido por uma bolinha de pelos de cor creme, que carregava uma sandália maior que ela, correndo desengonçada e tropeçando com a sandália na boca.

Os olhos de Luiz brilharam ao olhar para aquela criatura tão pura se divertindo enquanto mordia a sandália. Luiz agachou-se e chamou a cadelinha pelo nome, estalando os dedos e batendo nas pernas.

— Vem aqui, minha princesa!

Ele estava emocionado e feliz.

Kiara veio correndo, rebolando em direção a ele. Luiz carregou-a nos braços e abraçou-a com lágrimas nos olhos. Em seguida, ele caminhou com Kiara nos braços até o centro da sala, e com uma das mãos ele pegou sua mochila sobre a mesa e subiu uma escadaria de madeira, até o segundo andar da casa. Luiz colocou Kiara no chão e apanhou um molho de chaves dentro da mochila, depois caminhou para o seu quarto, que era em frente à escada. Abriu a porta e apresentou à Kiara seu novo canto.

Luiz Asaf e o Elo AnimaliumWhere stories live. Discover now