- Capítulo Dezenove -

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Recrutando Gigantes

Enquanto Luiz, Kiara e Moqueca estavam sob os cuidados de São Francisco, Leoni articulava uma forma de sair da floresta. Ele caminhou rápido pela Floresta Goya em busca da saída, pois ali era perigoso até para ele, que era um ser poderoso. Ele se desviava dos galhos das árvores e balbuciava para si mesmo:

— Relaxe, Leoni! Ela usa o seu medo contra você.

Leoni respirou fundo e saiu com elegância da floresta. Uma manticore o aguardava ao lado de fora da floresta. O ser era assustador, o corpo e a cabeça eram de leão, possuía uma cauda espinhosa como a de um escorpião e asas espinhosas de morcego.

Leoni saltou e montou no monstro, que voou em uma direção oposta a do vilarejo dos exilados e do reino Animale.

— Hora de terminar o que comecei — disse Leoni com um olhar de satisfação.

Os flocos de neve agora caíam cada vez menos, porém o frio continuava intenso. A manticore voava rapidamente, ela parecia não sofrer com o frio.

Logo, ele já podia visualizar uma enorme cidade de rochas íngremes e juntas. Entre uma rocha e outra era possível observar gigantes carapaças de cores vermelhas, cinzas e marrons. Mais adiante, Leoni avistou essas carapaças se movimentado em direção a um pequenino ser.

— Ali! Vamos pousar, Fang.

A Manticore procurou um lugar menos exposto e mais seguro para pousar e foi diminuindo a altitude do voou. Leoni aterrissou sorrateiramente e escondeu-se atrás de uma pedra, para escutar o que os carrapatos gigantes diziam a Josephine.

— Como ousa nos acordar e nos obrigar a lutar ao seu favor? — disse uma voz feminina, alta e macabra, que saía de dentro de uma gruta a frente de Josephine.

Os carrapatos monstros se aproximavam com mais velocidade, ao ouvir a voz feminina enfurecida.

— Majestade! Saia para que eu possa conversar com a senhora — pediu Josephine. — Venho aqui porque o reino que desejo tomar ameaça à existência do seu também — continuou Josephine, sentindo a tensão tomar conta do seu corpo, a cada palavra que pronunciava.

— Nunca recebemos ameaças de nenhum reino. Sinto veneno nas suas palavras, ser miserável — a voz estava enfurecida. — MATEM-NA, meus filhos! — ordenou.

— NÃO! Não... Espere, senhora, eu venho te informar que o rei de Animale vai matá-la e escravizar seu povo — retrucou Josephine, tentando despistar os carrapatos gigantes.

O medo tomava conta dos seus nervos, fazendo com que ela começasse a tremer.

— Pois então, deixe que ele venha, mas enquanto isso, iremos saborear a sua carne — vociferou a voz feminina saindo da gruta.

A rainha era um carrapato gigante que parecia mais um dinossauro, de tão grande e gorda que era. Quando falava, restos de sangue e baba voava de sua boca.

Os carrapatos continuaram a se locomover em direção a Josephine, e a rainha liderando-os. Josephine se esgueirava andando de costas, tentando se afastar deles. Quando os carrapatos conseguiram encurralar a gata contra a rocha de uma enorme montanha, Leoni saltou montado em Fang, fazendo com que a manticore atacasse a grande maioria dos carrapatos com sua cauda venenosa. Após matar uma parte dos carrapatos gigantes, ele se posicionou a frente da rainha dos carrapatos.

— Como ousa me desafiar? — vociferou a rainha dos carrapatos enfurecida. — Eu vou acabar com vocês, invasores — ela cuspiu ácido em direção a Leoni e a Fang.

Leoni e Fang se desviaram rapidamente e saltaram para cima da rainha monstro. A rainha prontamente mordeu a calda espinhosa de Fang, envenenando-o e arremessando-o longe. Leoni saltou de Fang, quando observou que ele havia sido mordido, e puxou uma adaga de dentro de sua túnica, cravando-a na cabeça da rainha dos carrapatos. A rainha sentiu o metal da adaga dilacerar sua cabeça e urrou, fazendo com que o chão tremesse. Mesmo com a adaga cravada nela, a rainha dos carrapatos arremessou Leoni contra uma rocha, fazendo com que ele caísse com um baque, desacordado no chão.

Josephine aproveitou enquanto a rainha estava com a atenção voltada para Leoni e se arrastou por baixo do monstro, rasgando a barriga dela com suas garras laminadas. O sangue da rainha jorrava sobre Josephine, deixando-a satisfeita ao ver que tinha vencido.

A rainha dos carrapatos urrou novamente, seu urro foi perdendo forças, na medida que sua vida ia embora.

— Seria mais fácil se você tivesse ficado ao lado certo... — balbuciou Josephine fazendo uma pequena pausa. — O nosso — finalizou lambendo as patas e o corpo, para limpar o sangue da rainha em seu corpo.

Quando o corpo da rainha caiu no chão sem vida, vários carrapatos saíram de dentro de sua barriga cortada e seu sangue dava origem a novos carrapatos monstros, o chão começou a tremer, pois os carrapatos monstros despertaram furiosos.

— Acalmem-se! — vociferou Leoni. – A rainha de vocês está morta. Nós tomamos o reino de vocês e até que surja uma nova rainha nós seremos os seus regentes... Unam-se a nós e jamais terão seu reino tomado novamente – disse Leoni com veemência.

Os carrapatos recuaram e reverenciaram Leoni, aceitando-o como seu novo rei. O sangue da rainha escorria derretendo a neve.

— Venham, meus pupilos, que juntos caminharemos rumo a uma nova era — bradou Leoni para os carrapatos que tinham acabado de nascer.

— Da próxima vez, você virá negociar com essas pragas — balbuciou Josephine por entre os dentes.

Leoni deu um sorriso de canto de boca e caminhou até Fang.

— Bom trabalho, garoto — disse Leoni ao se aproximar de Fang.

Em seguida, ele retirou um vidro cilíndrico com um líquido verde dentro, fazendo com que a manticore bebesse. Após ajudar Fang, Leoni caminhou ao seu lado e ao lado de Josephine, com os carrapatos gingantes atrás deles, rumo à vila dos exilados.

Luiz Asaf e o Elo AnimaliumWhere stories live. Discover now