Capítulo 13

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Elizabeth


Era sábado e tinha se passado dois dias daquela tragédia que abalou todo o mundo. Aqui no Centro de Operações continuavamos trabalhando porque tínhamos muito o que fazer. Eu estava me sentindo pesada. Como se tivesse andando por dias. Tentei absorver as palavras ditas por Alex, mas era difícil. Eu me sentia culpada pelo que tinha acontecido. Sentia que deveria ter pensando em algo ou feito algo. Não queria ter chorado na frente dele mas fiquei arrasada ao ver o sofrimento e desespero no olhar daquelas pessoas, todas aquelas vidas encerradas de maneira tão covarde.

Ele veio atrás de mim com uma expressão preocupada no rosto. Conversou comigo me acalmando e me abraçou de forma tão carinhosa. Ainda podia sentir seus braços em volta de mim. Eu mal tinha o visto nesses últimos dois dias, ele andava muito ocupado resolvendo tudo antes da sua viagem à Moscou. O modo como vinha agindo comigo mostrava que Alex não era aquela pessoa fria e distante que demonstrava ser a todos. Ele sabia ser sensível, carinhoso e cuidadoso. E ver esse lado dele me fazia querer estar com ele ainda mais. Eu sentia uma atração assustadora e intensa por ele. Mas agora eu via que era mais que isso. Esse sentimento dentro de mim estava me consumindo. Eu estava apaixonada por ele. Não tinha mais como negar. E agora? E agora Eliza? Você esta apaixonada pelo seu Chefe. Mas e ele, o que sente por você? Eu via nos olhos dele que sentia algo. Se era só atração ou tinha algo mais eu não sabia dizer. Mas estava decidida a descobrir. Não ia mais deixar esse sentimento de lado.

— Terra chamando Elizabeth! — Robin estalou os dedos na minha frente. Estávamos finalizando o expediente para ir almoçar.

— Desculpa. Eu ando meio distraída. —  disse tentando sorrir.

— Isso tem a ver com o idiota que estragou a sua noite naquele dia?  —  Robin sabia que algo aconteceu entre mim e Alex. Do mesmo jeito que eu sabia que havia algo entre ela e Luccas. Mas não falávamos em voz alta, ainda.

— Em grande parte. Confesso que estou meio... perdida. - desabafei.

— Te entendo, pode acreditar. Mas, olha, manda ele pastar e arranja um mais gostoso. O mundo esta cheio deles. É o que eu vou fazer com o idiota que estragou a minha noite. — disse baixo pra ninguém ouvir.

— Bem que eu faria isso, se conseguisse tirar o meu idiota da cabeça.

— Ooou, para tudo. Isso ai não é só tesão ou paixonite. Amiga, se você ta assim por quem eu penso que está, diria que VOCÊ ESTÁ FERRADA! — Ela se virou pra mim ainda cochichando com os olhos arregalados. Já estávamos chegando ao refeitório e sentamos numa mesa.  —  diz pra mim que não é ele. Que eu to doida?

Eu fiquei em silêncio suspirei. Eu não ia negar a essa altura estar apaixonada por Alex. Mas não fazia ideia do que fazer com isso. Dei de ombros. Robin bufou.

— Por isso ele anda tão estranho.  —  disse pensativa. —  Vocês... Vocês dois já...?

— Não, claro que não. Nos beijamos uma vez. Mas foi só isso.  —  Ela me olhava chocada.

— Se beijaram? E ai? Como foi? E porque " claro que não?" o que impede de ir em frente?  — só Robin pra me fazer sorrir numa situação como essa.

— O beijo foi... intenso. — ela me olhava como se visse o natal chegando, essa doida  —  e respondendo a outra pergunta não claro que não, ele é meu chefe e 

—  Pára! Conversa isso ai. Serio amiga. Eu, apaixonada pelo boy, jamais deixaria de pegar ele porque trabalha comigo. O coração não escolhe por quem vamos nos apaixonar. Acontece e pronto. Me conta o real motivo desse desperdício.
O modo inusitado como minha amiga enxergava as coisas seria reconfortante, se eu não tivesse certeza de que ela não possuía um pingo de juízo. Suspirei.

— Resumidamente, ele demonstra querer estar comigo num minuto e no outro me afasta. Já cansei de tentar entender.

— Huummm. Algo esta segurando ele. E eu acho que tenho ideia do que seja.  —  ela falou seria. O meu cérebro quase entrou em pane com essa informação. Eu queria muito entender as atitudes de Alex.

— Como assim?

— Eu não sei muito da vida dele. Ninguém sabe, a não ser sr. Wood talvez. Mas o que eu sei que é que ele é sozinho. E que a muitos anos perdeu alguém importante e ele evita ter relacionamentos.

—  Como assim sozinho? A família dele não....

— Não, ninguém.  —  Robin falava seria. Ele era sozinho? Não tinha família, parentes nem mesmo ex namorada, ex mulher? Como assim? Talvez ele tenha tido e perdido essa pessoa. Talvez foi alguém que ele amou muito. Por isso ele me afastava? Por medo? Jamais teria imaginado isso. Minha cabeça não parava de pensar. E o cenário não estava nada bom...

— Elizabeth, não surta agora. Foca em mim um segundo. — Robin chegou mais perto pra ninguém nos ouvir.  — Eu sei que você deve estar pensando em mil coisas agora, mas deixa eu te falar... Eu trabalho com Alex há 7 anos e eu nunca vi ele agir como esta agindo nas últimas semanas. Você afeta ele. E muito.

— E em que isso me ajuda, Robin? Quando estamos juntos ele me toca, me olha de um jeito que eu nem sei explicar. E quando penso que tudo vai se resolver ele se fecha novamente.

— Se tem uma coisa que Alex sabe é como ser frio.  —  Falou pensativa.  —  Mas nem tudo esta perdido. Você não é mulher de desistir, é das minhas. Então vamos agir.

  — Não eu não sou... Quero lutar por isso. Mas não sei como.

— Amiga. Esta esquecendo de algo essencial. O poder que nós mulheres, seres diabólicos e demoníacos temos em cima desses pobres coitados que são os homens. Eles estão na palma das nossas mãos e eu e você somos do tipo que sabemos usar esse poder. Você precisa arrancar dele o que talvez ele nem saiba que existe. Tem que jogar tudo na cara dele.  — disse piscando pra mim como se encerrasse o assunto. Comecei a rir do seu discurso. Robin era uma figura.

— Concordo com você e eu até estava fazendo isso antes. Mas espera um pouco, deixa eu te perguntar uma coisa, Dona Robin, se você é tão poderosa como eu sei que é porque ainda não deu um jeito no seu idiota?  —  falei baixinho a provocando. Eu ia dobrar Alex. Estava decidida e Robin tinha me dado o empurrão que eu precisava. Mas queria ver minha amiga feliz também. Ela me olhou e sorriu sarcasticamente.

— Amiga, sua boba. O meu idiota faz as palhaçadas dele comigo porque eu sou safada, porque eu sou jovem e gostosa demais pra me prender a alguém agora. Mas no dia que eu decidir que cansei das farras e de ver ele a cada dia com uma vadia diferente, ele vai comer na minha mão. —  Ela falou sorrindo diabolicamente e eu realmente senti pena de Luccas. Robin era o tipo de mulher que conseguia tudo que queria dos homens com seu jeito de ser.

— OK. Que bom que você é minha amiga, porque oficialmente tenho medo de você.  —  falei rindo.

—  Sou inofensiva.  —  disse fingindo inocência.  —  Agora voltando a senhorita. O negocio é o seguinte. Você vai ver o Alex hoje a noite, vai fazer ele decidir o que quer e eu vou te ajudar nisso.

— Ai meu Deus, Robin...   — Avaliei sua expressão com medo das loucuras da minha amiga. Então comecei a refletir sobre como as coisas estavam complicadas entre Alex e eu. E já estava mais do que na hora de mudar isso.  — Ok! O que você tem em mente?

O PREÇO DO AMOR - EM EDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora