Capítulo 32❤

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Bianca POV

Eu sempre acreditei que a confiança é a base de um relacionamento. Eu sempre achei que era algo fundamental e que sem isso, não era possível manter uma relação.

Isso era algo que eu tinha absoluta certeza.

Eu estava enganada.

Depois que todos foram embora, Anna entrou no quarto sorrindo. Me abraçou e perguntou como eu estava, e eu respondi que estava melhor. Conversamos sobre coisas banais, e se olhassem de fora, parecia que tudo estava bem, e que era só mas uma amiga me visitando.

Mas não foi bem assim.

Anna estava tensa, evitava olhar nos meus olhos, e mesmo que eu não a conhecesse bem - muito pouco aliás - eu sabia que ela me escondia algo, e sabia que isso envolvia o Augusto. Porque sempre envolvia o Augusto.

- Agora que eu já sei como não se fazer uma panqueca - eu comecei me referindo a história sobre como ela queimou um panqueca que a mesma acabara de me contar - Me diga o que aconteceu.

- O que? c-como assim o que aconteceu? - ela dizia nervosa e sorria, tentando disfarçar.

- Me diga o porque de você ter vindo Anna. Me diz o que aconteceu com o Augusto. - eu falei calmamente, enquanto encarava seus olhos. Ela suspirou e se aproximou da cama, evitando olha nos meus olhos.

- Tudo bem, tudo bem. Você venceu. Eu vou te contar, mas você precisa me prometer que vai escutar tudo até o final sem me interromper ou tirar conclusões precipitadas.

- Ok, eu prometo. Agora me diz, o que aconteceu enquanto eu estava em coma?

Ela respirou e contou.

Contou tudo, desde a quase depressão do meu namorado, até o seu beijo com a vadia do colégio. Ela deu ênfase na parte do "ele estava completamente bêbado".

Ele estava bêbado.

Ele a beijou.

Não sei o que doeu mais. O fato de que eu fui claramente traída, ou o fato de que ele não me contou. Não importava o motivo, ainda doía pra cacete.

Deus, como doía.

No minuto seguinte que ela terminou a história, senti meus olhos encherem d'água. Como ele pode fazer isso comigo? Augusto, o garoto que eu amava, meu melhor amigo, meu namorado, tinha me traído com a garota mais nojenta do meu colégio.
Senti as lágrimas se formando atrás dos meu olhos, e mandei Anna ir embora. Não fui educada, e não me arrependo por isso. Meu coração estava se partindo, e eu não queria ninguém vendo.

Chorei por horas. Toda vez que eu achava que não podia haver mais lágrimas, eu pensava na forma como ele me olhava, e tudo vinha novamente. Dormi em meio a dor, tendo a mágoa como meu cobertor.

Droga Augusto, você soube como ferrar com tudo.

Acordei e senti que ia morrer. Não fisicamente, eu teria alta hoje. Mas minha alma tinha feridas mais dolorosas que no meu corpo. Elas pioraram quando ele entrou no quarto.

Augusto estava sorridente, transbordando alegria. Olhou pra mim se aproximou da cama, me dando um beijo na testa. Sentou na cadeira e eu o observei. Usava um jeans surrado e um moletom. Tão simples, mas tão arrebatador.

Achei que iria gritar com você. Achei que eu explodiria, e ficaria furiosa, exigindo que você se explicasse. Eu deveria ter feito isso.

Mas não fiz.

Não fiz, pois no momento que eu abri a boca pra lhe xingar de todos os nomes possíveis, eu lembrei do meu pai. Lembrei do motivo deu estar naquele hospital. E de repente, tudo que eu queria era me agarrar a você e seu moletom, e chorar até não aguentar mais.

Foi isso que eu fiz.

- Bi, o que aconteceu? Fica calma e me fala porque você tá assim. - Augusto pediu enquanto sentava na beirada da cama e me abraçava de volta.

- E-eu... Não q-quero ir p-pra casa. - repetia em meio ao choro, enquanto você afagava minhas costas.

- Eu sei que deve ser difícil pra você, mas não pense no que aconteceu. É passado, você vai conseguir superar. - ele disse e eu me afastei um pouco pra olhar seus olhos.

Augusto estava sorrindo.

E o sorriso dele era lindo.

- Como você sabe? - eu perguntei e ele segurou a minha mão, aumentando ainda mais o sorriso.

- Porque eu vou estar com você. Vou te ajudar a passar por isso. Pode confiar em mim.

Eu não consegui responder.

O peso do que você tinha feito caiu sobre os meus ombros, e eu não entendia como ele podia falar em confiança, depois do que aconteceu. Olhei para Augusto, mas ele não percebeu a decepção no meu olhar. Eu podia terminar tudo. Eu devia terminar tudo. Mas eu precisava de dele, eu precisava de dele pra poder enfrentar os meus fantasmas. Eu fingi o meu melhor sorriso e o abracei de volta. Não iria conseguir lhe olhar nos olhos.

- E-eu confio em você.

Eu sempre acreditei que a confiança é a base de um relacionamento. Eu sempre achei que era algo fundamental e que sem isso, não era possível manter uma relação.

Isso era algo que eu tinha absoluta certeza.

Eu estava enganada.

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Minha vida no papelOnde histórias criam vida. Descubra agora