Furacão

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Saí do aeroporto com Carlos ao meu lado. Ele segurava todos os materiais necessários para nossa investigação e as malas com nossos pertences.

- Tem certeza de que não precisa de ajuda? - perguntei e ele apenas negou com a cabeça mas seu rosto estava vermelho e ele parecia prender a respiração.

Retirei duas malas de seus braços e um alívio saiu de sua boca em forma de suspiro.

- Valeu.

- Não tem de quer. Agora pegamos um táxi ou...- minha pergunta foi respondida no mesmo instante quando um carro preto conversível parou na nossa frente. A janela do motorista abaixou e um homem de terno e óculos escuros nos fitou seriamente.

- Srta.Pearl e Sr.Flow?! - disse numa voz que chegou a fazer os pelos de minha nuca eriçarem.

- Sim - respondi quando vi que Carlos parecia nervoso.

- Entrem. Não podemos demorar muito.

Não esperei um segundo pedido. Empurrei as malas para dentro que acabaram em cima de Carlos e entrei logo em seguida. O "homem de preto" deu partida e nos vimos em meio as ruas caóticas do centro da Carolina do Norte.

- Agora escutem bem, essa infiltração é de grande risco e a hora para desistir é agora - murmurou ele sem desviar os olhos da estrada.

No fundo eu sabia que Carlos não queria estar ali, mas éramos amigos tempo suficiente para ele não me deixar sozinha nessa.

- Ótimo - disse quando nenhum de nós se pronunciou - Srta.Pearl você e seu colega serão colocados a serviço da família Swan, lembrando que todo cuidado é pouco. Escutas serão colocadas em suas roupas de uma forma que não sejam vistas, Pearl ficará responsável pela segurança da família, mais propriamente da filha mais nova de Jonathan Swan, que tem dado trabalho suficiente para o pai precisar contratar alguém para vigia-la, Sr.Flow você ficará 24 horas por dia na casa, o que lhe dará total acesso aos pertences da família, mais uma vez tomem cuidado, vocês estarão sozinhos lá.

- Por que Lena ficaria encarregada da segurança da garota se eu sou o homem - Carlos falou enrugando a testa.

Revirei os olhos

- Tive lutas de box quando era mais nova, mais precisamente dos treze até dezesseis anos..um segurança tem que saber lutar não apenas por ser homem.

Ele parecia surpreso com essa novidade então deu de ombros.

- Ook vocês ficam por aqui - o "cara de preto" como apelidei ele já que não disse seu nome, falou e paramos em frente à uma mansão pelo que pareceu um condomínio inteiro.

Meu queixo quase caiu, quase, pois eu já sabia que a família Swan era a família mais rica dessa cidade, a única família rica dessa cidade, ponto. Os Swan são conhecidos pelo famoso advogado renomado e os médicos da cidade, são praticamente donos de Sweville e tem uma palavra final em tudo que a cidade decidir. E por isso, apesar de praticamente um todo da cidade ser de classe baixa eles ainda se aproveitam do dinheiro público e sua tal importância.

- Qualquer dúvida não me contate por telefones da casa ou seus celulares, saíam até a cidade é liguem de algum telefone público, bem..boa sorte.

Saímos do carro com nossas bagagens e um segundo depois o carro voou pela estrada até sumir de vista.

Carlos me olhou com uma expressão de "e agora?" Então me virei para casa e atravessamos um longo jardim até chegar em um portão de ferro, que parecia cercar toda a casa e impedir que visitantes indesejados entrassem.

- Vocês são? - uma voz neutra soou atrás de nós e Carlos deu um pulo levando a mão ao peito, eu apenas me virei para encontrar um senhor de cabelos grisalhos, olhos escuros e uma expressão tão impenetrável como sua voz.

- Srta.Pearl e Sr.Flow - nos apresentei já que Carlos parecia ter perdido a voz.

Com um olhar duro ele se aproximou do portão que abriu, esperei por um barulho agudo quando o ferro se movesse mas não houve barulho.

- Me acompanhem - ele disse e não esperamos um segundo pedido.

Atravessamos outra longa parte do jardim e finalmente estávamos na casa. Meu coração parecia descompassado dentro do peito mas controlei minha respiração.

A mansão era simplesmente o maior lugar que eu já havia entrado em minha vida, logicamente que não era normal eu entrar em lugares grandes, vim do sul onde tudo é diferente, as cidades são ainda menor que Sweville, e tudo ao redor é mato, Ook nem tudo, haviam as baladas de todo lugar e o mal hábito das fofocas mas tirando isso era um bom lugar.

- Você acha que ele é tão limpo quanto parece - Carlos sussurrou para que só pudesse ouvir.

- Como assim?

- Esse senhor me assusta mais que aquele cara no carro - murmurou, nesse instante o homem a nossa frente tossiu e foi quando o vi - Sr.Swan - o senhor a nossa frente fez uma reverência extremamente exagerada e apenas encarei o advogado que parecia cercado por uma energia magnética. - Esses são Srta.Pearl e Sr.Flow.

- Os seguranças? - sua voz era fria e calculada e seus olhos nos avaliou de cima a baixo.

- Somos nós - afirmei mantendo minha postura firme e meus olhos fixos nos dele. Uma coisa que aprendi e que levaria para vida inteira, nunca desvie o olhar de seu inimigo nem que seja por um segundo.

- Eu...- mas ele foi cortado por um "Paaii" que soou do corredor no segundo andar, um momento depois um grande furacão loiro voou pelas escadas e pulou colidindo contra o Sr.Swan que pareceu por um instante abalado mas voltou a sua postura no segundo seguinte. Sua pele era clara de uma forma brilhante, seus olhos claros mostravam o desejo de aventura e provavelmente o perigo em que qualquer um entraria se caísse nessa.

- Soph - seu pai disse em tom de aviso e ela pareceu finalmente nos notar, seus olhos encontraram os meus e por um segundo fui afogada em águas profundas que me lembravam o oceano, havia um brilho magnético em seu olhar, o mesmo magnetismo que seu pai exalava mas o dela era de uma inocência e rebeldia, doce e ácido, a calmaria e ao mesmo tempo uma tortuosa tempestade. Me senti como entrando dentro de um furacão e todo meu corpo pareceu sentir aquilo.

Ela desviou os olhos tão rápido quanto olhou e falou como se tudo que senti não tivesse a atingido da mesma forma.

- Chegarei tarde.

- De novo Soph...quantas vezes essa semana? - ela pareceu refletir um instante mas seu pai respondeu - A semana toda.

- Mas..hoje é sexta - deu de ombros como se aquilo fosse óbvio.

Ele deu um longo suspiro e fechou os olhos percebi que Carlos o encarava com a mesma curiosidade que eu.

- Sophie preciso que você pare de se mostrar tanto nas ruas, ou pelo menos pare de sair com a classe inferior a nossa.

- Não tenho culpa que gosto dos não convertidos pelo dinheiro e velhos babões - ela resmungou cruzando os braços e quase sorri mas me contive.

- Pelo menos vai estar no jantar de caridade domingo?

- Eu preciso mesmo?

- Toda a família Swan deve estar presente.

- Bem, ook e.. você é um gatinho sabia - ela piscou para Carlos e ele encarou o chão corando de vergonha. Ela voltou para o andar de cima - Saio as nove Alfred avisa o motorista por favor.

- É claro Srta.Swan - Alfred o senhor que nos acompanhou até a casa afirmou com outra reverência - Sr.Swan devo mostrar os quartos deles?

-Sim Alfred, eu faria isso mas tenho uma reunião. Qual de vocês é o segurança da minha filha?

Ergui minha mão e ele assentiu.

- Acompanhe ela na festa que ela irá hoje à noite e tente..mante-la longe de qualquer perigo.

Eu realmente iria "tentar"

- Sim Sr.Swan.

Ele terminou de descer os degraus e saiu da casa por onde entramos.

- Me sigam por favor - Alfred disse e obedecemos seguindo para mais dentro da casa.

Srta.Swan - Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora