Noivado

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A chuva cobria boa parte da cidade agora, o céu estava tão coberto de nuvens que ficou escuro como a noite apesar de não passar das três da tarde. Observei como as gotas atingiam o chão em uma fração de segundos, um ar gelado entrou pela janela e não me movi do lugar em que estava - apesar de correr grande risco de pegar um resfriado - aquele clima tempestuoso definia meu estado de espírito e quis acreditar por algum motivo que quem quer que estivesse la em cima estava ciente dos meus sentimentos agora.

A raiva preenchia meu peito e eu sentia meus olhos arderem, meus lábios estavam precionados um no outro enquanto eu mordia minha bochecha tão forte que senti gosto de sangue.

Fazia quase uma semana desde que descobri a verdade dolorosa de minha vida - uma mentira - meu pai não era verdadeiramente meu pai, era apenas um capacho do homem responsável pela minha existência. Que tinha uma especie de distúrbio mental, ja que queria meu irmão - recém descoberto - e eu casados para continuação ao seu nome sem intrusos mestiços - ambos tinham seu sangue - eu era uma Steele, não uma Swan. Isso agora soava tão doloroso, quanto saber que minha mãe soubera todo o tempo da verdade e nunca me disse nada. Não sabia ao certo se Christopher - meu meio irmão por parte de mãe - sabia da verdade, mas Pearl tinha dito que ele fazia parte dos "negócios" da família. Pensar nela fez meu cérebro entrar em curto e voltar a razão em menos de um segundo.


Me levantei e fechei a janela, mas estava encharcada o suficiente para sentir meus músculos frios tremerem - assim como meus dentes que insistiam em bater freneticamente apesar de eu controlar. Abracei meu corpo como se aquilo fosse aquecer minha pele gelada que estava mais branca que o normal, minha camisola grudava como cola e enquanto meu cerebro comandava ordens para eu me mover, meu corpo simplesmente desabou no chão, minhas mãos estavam fechadas em punho e nem notei quando as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, uma batida na porta me fez sair do transe.

- Srta.Swan - Alfred murmurou, ele também não estava longe de saber a verdade e eu não estava no humor para vê-lo naquele instante. Incrivelmente os últimos dias estavam repletos de uma intensidade hormonal que me fez me isolar em meu quarto e descontar minha frustração em todos daquela casa. Foi na manhã de quinta-feira que notei porque estava tão estranha - minha menstruação estava próxima - e minha tendência era ficar estressada e incrivelmente sensível. E foi oque aconteceu - quando Pearl ficou melhor dos hematomas ela passou a intensificar os passos de meu pai, ou melhor deJonathan. Vê-la distante no estado em que me encontrava me fez dar um show e acabamos brigando - ela não se desculpou e não estava contando que eu me desculpasse também, apesar de estar arrependida agora eu não iria dar o braço a torcer e nem me desculpar. Estava contando que após minha menstruação eu invadisse seu quarto na madrugada e nos resolveriamos do nosso jeito.

Alfred insistiu

- Sophie todos a esperam para jantar

- Eu não vou - respondi seca tirando o tecido molhado e jogando no cesto ao lado da cômoda

- Seu pai insiste em sua presença

Suspirei pesadamente fechando os olhos e contando até dez, eu quase gritei - ELE NAO É MEU PAI - mas algo assim não iria soar tão normal, até para uma garota de 21 anos. Estava sentindo falta da Sophie - Pré Lena - antes dela eu não precisava ser ilcrivelmente controlada e menos impulsiva. Eu tinha meu jeito e ate então ninguém nem mesmo meu pai... Jonathan, conseguia me controlar ou me conter. Pearl me fez abrir mão de algumas coisas, mas naquele momento não estava tão certa de ter tomado uma decisão coerente.

- Devo dizer que ele está prestes a notificar alguma coisa - pude sentir a jogada de Alfred em seu tom, ele sabia como eu era curiosa e como minha curiosidade era mais forte que minha tendência a isolamento.

Srta.Swan - Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora