Capítulo 14 - Traumas (parte 2)

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Algumas quadras depois paramos em frente a uma pequena sorveteria.

-É aqui? - Perguntou Matt.

-Não, só quero um sorvete pra amenizar as coisas. - Sorri. - Eu pago.

-É engraçado como uma frase pode mudar o dia de uma pessoa! - Matthew disse falsamente emocionado.

-Continue com essa atuação que não vai conseguir papel nem de árvore em peça de pré escola. - Ri e ele fez careta.

Pedimos os sorvetes e sentamos numa mesa perto.da calçada.

-Agora comece a contar enquanto eu tomo essa maravilha em minha frente.

-OK. - Respirei fundo novamente. - Depois de tudo aquilo no primário eu tive que fazer terapia. Fui a psicólogos até meus 15 anos.

-Nossa, tudo isso?

-Pra você ver o que meia dúzia de pessoas podem fazer na vida de alguém. - Fiz uma feição estranha e continuei. - Logo depois nos mudamos para Santa Fé. Eu comecei meu ensino médio logo depois que Tina terminou. Eu não a teria mais por perto. Ela iria pra sonhada Julliard em NY e eu ficaria lá, sozinha. Parece que quanto mais o ser humano cresce mais maldoso e frio ele fica, não é? - Perguntei retoricamente mas Matt concordou acenando com a cabeça. - Assim que eu entrei no ensino médio reencontrei um dos meus bullys da infância. Foi um choque pra mim. Eu queria correr dali e nunca mais voltar, mas então eu conheci duas pessoas que foram importantíssimas na minha vida. Lea e Gaby. As duas eram as nerds mais loucas que eu já conheci na vida. Bom, isso até conhecer você.

-Eu não sou nerd! - Protestou.

-Uhum, e eu sou a Jennifer Lopez. - Ironizei. - Enfim, elas viraram minhas melhores amigas. Éramos as esquisitonas que viviam atrás de algum livro os história em quadrinhos sentadas na mesa mais perto do banheiro no intervalo, já que era a única que nos restava. E assim foram nos meus três anos de ensino médio. - Dei uma pausa para dar uma colherada no meu sorvete e, logo que engoli, voltei a falar. - No último ano, enquanto todos pensavam no baile, eu e minhas amigas só queríamos ler Harry Potter e esquecer que algo do tipo estava acontecendo na escola. Não teríamos par, então...

-Sei como é.

-Mas, um dia, enquanto eu lia meu livro na mesa perto do banheiro, Gary, meu bully da infância, se aproximou da gente e falou pra mim tipo assim. - Dei uma tossida preparando minha melhor voz de macho alfa. - "Eai, Victoria. Sei que não nos falamos muito, mas você é gata. Queria saber se você não aceita ir pro baile de primavera comigo". - Matthew teve um ataque de riso quando eu acabei de falar, jogando a cabeça pra trás e com olhos lacrimejando de tanto rir. - Para de rir!

-Que sexy essa sua voz de homem. - Brincou ainda rindo.

-Falou como se sua voz fosse muito máscula. - Revirei os olhos cruzando os braços.

-Outch! - Matthew resmungou. - Magoou.

-Era essa a intenção, bonitinho. - Pisquei. - Continuando. Ele me pegou de surpresa e eu acabei dizendo sim. Burra! Estúpida! - Me xinguei dando tapas em minha testa. - No dia do baile, eu estava linda como nunca estive na minha vida. Um vestido rosa, estilo anos 50, que era o tema do baile. Ele foi me buscar e, ao contrário do que eu pensei, foi gentil a noite toda. Nós dançamos e conversamos sobre o colégio e o futuro, já que não tínhamos nenhum gosto em comum. - Ri sem humor.

Parei de falar por alguns instantes. Prendendo o lábio inferior entre os dentes. Mais uma memória ruim daquele estado que eu só queria nunca mais ver.

-Tá tudo bem, Vicky. - Matt sorriu novamente trazendo a segurança que eu precisava naquele momento. Segurou em minha mão e me incentivou a continuar.

Backstage | Matthew Gray Gubler (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora