Capítulo 22 - Gravidez

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Despertei com a luz do sol batendo contra meu rosto e me xinguei por não ter fechado a janela. Sentei-me na cama e esfreguei os olhos olhando ao redor.
A cômoda não estava mais no quarto e aquilo era, de certa forma, desesperador. Depois de toda aquela pseudo conversa com Matthew (já que só ele argumentou e eu me calei, ouvindo tudo como a uma música melancólica), eu decidi por guardar, acabar ou esconder qualquer coisa que me remetesse a ele, o que, honestamente, não foi fácil e nem 50% eficiente já que ele me ajudou a escolher algumas das novas mobílias e eletrodomésticos pro apartamento. Ainda assim, a cômoda foi vendida, num site qualquer da internet, por cerca de 70 dólares, mas isso não resolveu meus problemas.
Ir trabalhar todos os dias como se nada estivesse acontecendo e receber insistentes olhares de "conforto" como aos que dão a quem acaba de romper um relacionamento era pior do que eu imaginava. Meu maior desejo era jogar os roteiros pro alto, sair da emissora sem olhar pra trás e pra nunca mais voltar. Mas a vida tem sempre porém's como uma casa, um gato e a mim mesma a serem sustentados.

Suspirei pesadamente e segui para a cozinha afim de forrar o estômago com alguma coisa.

Já havia passado uma semana desde que Danny me dera seu número, em frente ao restaurante em que estávamos junto ao seu irmão, e eu não o ligara. Eu sequer salvei-o em meus contatos. Eu estava nervosa, confesso. Daniel era sem dúvidas intrigante e perigosamente atraente. Max notou e brincou com o fato de meu olhar insistir em pousar nos lábios de seu irmão mais novo.

"Vão em frente, se beijem, eu viro de costas".

Tenho quase certeza que, se eu não estivesse tão nervosa, Danny teria me beijado. Mas, ao invés disso, eu desconversei com uma risada tímida e seguimos comendo nossos hot dogs.

Nas breves trocas de mensagem com Kirsty ela me recomendou dar uma chance ao amor.
Amor? Sério?
Já tinha algum tempo que eu decidira acreditar que amor só existia na ficção e nos vida de seres mais afortunados que eu. Valentina, por exemplo.

Por falar na minha irmã, depois de meu celular se espatifar no chão e Matthew decidir fingir que eu não existo, eu perdi o contrato com ela. Nem mais uma chamada ou mensagem pra saber se eu estou bem e aquilo me chateava, ainda mais por eu não ter mais seu número.
Droga, eu sinto falta da minha irmã!

Olhei para o relógio. Me espantaria se o tempo me permitisse, mas, se eu assim fizesse, chegaria 5 minutos depois de extremamente atrasada e demissão não era uma opção pra minha vida.

-x-

-Café forte chegando! - A.J. disse sentando-se ao meu lado na mesa da sala de reuniões da BAU. - Um passarinho me disse que você gosta bem forte e sem açúcar quando está estressada.

-Quem disse que eu tô estressada? - Peguei o café e dei um longo gole sentindo o amargor descer pela minha garganta.

-Suas unhas irregularmente curtas que você roeu quando estávamos gravando a cena externa com o Matthew, seus cabelos estão ressecados e foram presos descuidadamente durante a passagem do texto com, adivinha, o Matthew, seus olhos estão com olheiras e, no seu caso, isso não é normal, seus pés não param de se mexer um instante sequer e, se me permite chutar, aposto que estão assim desde que se sentou e você sequer percebeu. - Ela disse e eu olhei para minhas pernas por baixo da mesa, parando de as movimentar imediatamente. A loira soltou um risinho fraco.

-Droga! Vocês estão aprendendo demais com os personagens! Isso não é legal. J.J., mude-se para Nova Orleans com o Will. - Brinquei e ela riu de vez.

-Não precisa ser uma perfiladora de verdade pra saber que seu estresse tem cabelos castanhos, olhos fundos e atende por Matthew. - Soltei um suspiro. - Olha, Victoria, todos nós temos nossos momentos de fúria, frustração e mágoa. Mas também temos momentos de arrependimento, perdão e união. Não esqueça disso, tá? - A.J. levantou-se e caminhou até a porta. Abriu-a e virou-se novamente pra mim. - Aliás, o passarinho pediu para que eu trouxesse isso também. - Vasculhou seu bolso e puxou de lá um papelzinho com o nome da minha irmã e um número de telefone numa letra que eu conhecia muito bem.

Backstage | Matthew Gray Gubler (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora