Backstage | Matthew Gray Gubler (Em Revisão)

Capítulo 26 - Desculpas

(Música: Won't Go Home Without You - Maroon 5)

Meus olhos já estavam ardendo e as lágrimas escorriam. Parada em frente ao guarda roupas, com a carta de Matthew nas mãos, ainda atônita. Já começara a escurecer lá fora mas eu nem notei o tempo passar. Minha barriga roncava alto, implorando por comida. Minha cabeça doía, implorando por um descanso. Meu coração estava apertado, implorando para que eu tomasse minha decisão.
Era hora, eu precisava decidir. O resto da minha vida estava em jogo.

Olhei para o despertador ao lado da minha cama e os ponteiros já marcavam 17h40. Merda!

Levantei-me depressa sentindo uma leve tontura. Assim que ela passou, puxei qualquer casaco do cabide, corri para o banheiro e lavei meu rosto. Não estava a pessoa mais apresentável do mundo mas, ao menos, meus olhos haviam desinchado. Passei pela cozinha pegando um brownie velho que restara da manhã do dia anterior e saí porta afora apenas com o celular e alguns trocados nos bolsos da blusa.
Esperei impacientemente o elevador chegar ao térreo, e, ainda mais impacientemente, um táxi parar pra mim enquanto sentia o olhar de todos se pousarem em mim e nas minhas vestes nada convencionais. Ótima hora de decidir sair com calças de pijama, Victoria!
Um táxi enfim parou e eu embarquei dizendo para ele o destino e pedindo para que ele se apressasse.

Trânsito! MALDITA HORA DO RUSH! Por que todo mundo tinha que sair do trabalho na mesma hora mesmo? Olhei no relógio do celular e já passavam das 18h10. Se ele pensasse que eu não iria eu estaria perdida!
Pedi para que o motorista parasse e paguei a corrida descendo do carro e correndo na direção do tal bar já que eu não estava tão longe, com um fio de esperança que Matthew esperasse por mim.

O Shelby's Bar não era muito grande nem muito chamativo. Quem passasse em frente nem saberia diferenciá-lo de um galpão perdido no meio da cidade. Se não fosse pela pequena placa em neon nem eu mesma saberia. Quando cheguei, as portas estavam fechadas o que fez meu coração falhar por um instante pensando que Matthew não estaria mais ali.

-Victoria! - Ouvi uma voz atrás de mim. - Está atrasada!

-Izzy? - ofeguei, cansada da corrida. - O que faz aqui?

-Isso não importa. Não agora. - Me puxou delicadamente pelo braço. - Matthew achou que não viria.

-Onde ele está? - Procurei-o com o olhar.

-Você está muito afoita. - Ela riu fraco. - Venha, entre. Vou te arrumar algo pra beber.

Adentramos o estabelecimento que estava completamente vazio senão por nós duas. Olhei ao redor e dei valor ao ditado “não julgue o livro pela capa”. O lugar era enorme e lindamente decorado. Mesas e cadeiras de madeira escura estavam espalhadas por todo o local. A bancada de bebidas parecia ter saído diretamente do hotel de “O Iluminado”. Do lado oposto a bancada havia um palco de madeira rústica, parecia antigo, mas estranhamente bonito. Eu com certeza voltaria ali mais vezes.

-Gostou? - Izzy perguntou servindo-nos uma dose de vodka.

-É incrivelmente aconchegante. Sabe, pra um bar e tal.

-É, eu sei. Antes de mim isso aqui era um chiqueiro! Bêbados barbados caindo pra todos os lados, marcas de sangue e cheiro de urina em todos os cantos. - Ela fez careta.

-Você é dona daqui?

-Agora sim. Depois que Shelby morreu de repente, sem deixar testamento, o bar foi a leilão. Esse lugar tem muito valor sentimental pra mim. Foi o primeiro lugar em que eu me apresentei em Los Angeles. Se não fosse a Shelby eu ainda seria uma cantora de rodoviária. - Izzy sorriu. - Ainda não está totalmente pronto, mas estará em breve. Você está convidada pra reinauguração.