O Vigésimo Jogador

Capítulo 3

Um estrondo.
Kevin desaba no chão.
Tiros.
Fogo.
Toda a plateia corre para a saída.
As cortinas resplandecem o fogo que agora se espalha pelo teatro.
Pedro está vivo.
De trás do palco surgem um garoto e uma garota.
- Somos os jogadores 3 e 10. Sou Paulo e ela, Mariana.
- Vamos!- diz a garota.
Quando Paulo solta Pedro e Mariana me solta, Pedro corre em minha direção e me abraça. Tiro o pano da minha boca e o beijo.
Não contenho as lágrimas.
- Precisamos ir!- grita Mariana.
A multidão ainda interrompe a saída.
Procuro pelo palco e não encontro Kevin.
- Paulo!
A adaga de Kevin atravessa o peito de Paulo.
- Filho da puta!- grita Mariana chorando.
Ela aponta uma arma para Kevin e atira.
Kevin se defende com o corpo de Paulo e escapa.
- Precisamos ir!- diz Pedro.
Começamos a correr e Mariana vem conosco.
A estrutura começa a ceder.
Saímos do teatro, seguimos pela rua da esquerda e entramos num café abandonado.
Já é noite.
Entro e sento numa mesa.
- Que merda!- grita Mariana desamparada chorando- Eu vou matar aquele filho da puta!
- Calma! Precisavamos sair de lá... você vai ter sua vingança.
- Precisamos nos acalmar. Bolamos um plano hoje e acabamos logo com isso.
- Eu tô com muita fome- diz Mariana.
- Eles roubaram nossas bolsas com comida...
- Gente, estamos num café!- diz Pedro.
- Vamos pegar algo para comer.
Encontro um interruptor próximo ao balcão e ascendo as luzes. É um lugar aconchegante, já vim aqui algumas vezes. Tem várias mesas e bancos de madeira.
- Essa luz tá muito forte- diz Mariana.
Ela desliga as luzes e ascende o grande cardápio que está na parede atrás do balcão.
- Bem melhor. Agora, façam seus pedidos.
Rio.
Mariana é uma garota bonita. Seus longos cabelos castanho-claro estão presos numa trança.
Iluminada pela luz falha do cardápio a sua frente noto cicatrizes em seus pulsos que expõe feridas do seu passado. Seus olhos verde-escuro penetrantes demonstram claramente sua auto-confiança.
- Quero torta de framboesa- ela diz.
- E eu, um capuccino com muito chantilly- digo.
Do outro lado do balcão, pego uma fatia de torta de framboesa ainda fresca dentro de uma caixa de vidro e entrego para Mariana.
- Abandonaram recentemente o café.
- Sim...
Pedro está muito quieto.
- O que foi?- pergunto.
- Estou pensando no que faremos amanhã. Temos que acabar logo com isso.
- Sim...
Ligo a máquina de café e coloco uma cápsula.
Pego meu café e me sento ao lado de Pedro, de frente para Mariana.
- Restam 7. Tirando nós e Kevin que está protegido pela seita e oculto no mapa, restam apenas 3.
- E o que faremos? A cidade está toda destruída. Em dois dias não haverá nada além de um grande buraco negro.
- Por isso devemos ser rápidos.
- E quando... só sobrar a gente?- Pergunta Mariana.
- Eu...eu não sei...
No fundo do café, ao lado da Jukebox tem 5 sofás de veludo listrado.
- Vamos descansar.
Cada um de nós deita em um sofá.
- Pedro...eu te amo...
- Eu te amo Noah...

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