02.

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Haviam desembarcado a menos de duas luas quando o filho mais novo da família decidiu marcar uma pequena reunião. De acordo com o mesmo, queria apenas saber quais seriam os planos de batalha, embora todos os outros soubessem que ele apenas sentaria e ouviria o que todos teriam a falar, para depois pronunciar suas táticas mirabolantes e incrivelmente perfeitas. A mente do jovem Ivar era imensa, cheia de altas qualidades, embora ainda houvesse baixa autoestima.

O grande acampamento ficava a beira de um riacho dentro da floresta fechada onde tentavam manter sigilo embora todos daquela terra soubessem quem eram aqueles homens e o que vieram fazer. De todo modo, Ivar achou mais seguro contar a todos o que tinha em mente apenas na última hora, considerando que ninguém jamais esperaria por um ataque da maneira mais jovem havia planejado. Era, realmente incrível.

- Recuem! - gritou alto, pela voz de Bjorn, o irmão mais velho do cinco príncipes vikings. Obviamente, caso vivesse por mais muitos anos, seria o rei de sua capital, e por isso, prezava bastante por sua vida, alegando que queria ter certeza de que seu exército não fosse aniquilado ou capturado.

- Avancem! - gritou dessa vez Hvitserk, do outro lado do campo, o jovem de olhos verdes tinha erguido suas duas espadas de aço damasco, leves como uma pena, e afiadas como as piadas de seu irmão mais novo bem ao seu lado sobre o quão Bjorn parecia patético.

Uma quantidade pequena de homens em uma linha avançava enquanto a outra linha do outro lado do campo recuava, os guerreiro fora à parte apenas observavam aquela cena atentos, como se seus olhos fossem perder-se no meio daquilo.

- Parem! - gritou novamente Hvitserk para sua linha de homens, que imediatamente obedeceram, ficando em posição de defesa com seus escudos a frente, escondendo suas armas bem atrás. - Linha da frente, proteção! - disse, e em troca recebeu um alto grito de guerra dos guerreiros ao seu comando como resposta. - Linha secundária, proteção! - gritou mais uma vez, ouvido em resposta outro urro de guerra, logo depois sua ordem cumprida.

Os homens estavam​ parados de ambos os lados, o lado de Hvitserk e Ivar não parecia querer se mover, fazendo os homens de Bjorn ficarem confusos, juntamente ao seu líder. Logo, ouviu-se outro grito estrondoso e grosso, dessa vez, do outro lado do campo, onde o pequeno exército de Bjorn estava.

- Atacar! - gritou o mais velho dos irmãos, correndo em direção a linha de frente altamente protegida onde Ivar e Hvitserk estavam. Quando o pequeno exército de Bjorn se aproximou, apareceram mais homens nas laterais, escondidos entre as árvores ao redor, rodeando completamente o exército de seu irmão mais velho, e o prensando, fazendo assim, concretizar-se o plano de Ivar.

Não iriam matar seus próprios homens, já que não brigavam entre si, no entanto, Ivar foi o único ferido, com um estalado e pesado tapa no topo de sua cabeça por Bjorn, que logo foi empurrado pelo mesmo antes de se afastar para algum lugar com escoros. O resto dos guerreiros continuaram no campo onde prosseguiam com seu treinamento, enquanto isso, Hvitserk decidiu que iria caçar alguma coisa, para o jantar de seus irmãos, pelo menos.

Após ter prendido suas duas espadas de aço raro nas ligas de couro em seu quadril, o jovem de cabelos longos e trançados pegou rapidamente seu arco-e-flecha e pôs-se a entrar mata à dentro, sem ninguém para ajudá-lo, já que sempre adorou sua própria companhia. Os pássaros assobiavam mais alto quando já se estava longe do acampamento e Hvitserk olhava atentamente para cima, pouco ludibriado com a paisagem, mesmo que a flecha em seu arco estivesse em posição. Após algum tempo caminhando, finalmente achou o banquete perfeito: um veado adulto e, aparentemente gordo bebendo água em uma queda d'água. Parecia ser fêmea e por isso o rapaz teve mais cuidado ainda já que poderia estar grávida e, por isso com os sentidos mais sensíveis.

Ele mirou seu arco-e-flecha bem na traseira do animal e tentou ficar em uma posição abaixada. Quando finalmente conseguiu a mira perfeita e estava prestes a soltar a flecha, algo fez o animal se assustar e com isso correr para longe de onde estava, impedido Hvitserk de tentar capturá-lo. Bufou alto, com toda a sua angustia por ter perdido um jantar tão fácil, e então decidiu que iria atrás do som que havia expulsado o veado daquela cascata. Havia pouca relva entre a água e as pedras, o que impossibilitava o rapaz de andar mais rápido e acabar fazendo barulho com os galhos, podendo assustar sua nova caça.

A cabeça atenta do rapaz procurava por alguma brecha entre as folhas para que pudesse ver o outro animal, mas quando finalmente achou uma abertura grande o suficiente, assustou-se rapidamente com o que viu. Uma cabeleira longa e loira que escoava a água da cascata, os fios estendiam-se até o fim de sua fina cintura, deixando todo o resto do corpo descoberto. Era uma garota.

Sua voz soava baixa, mas era possível perceber que a menina cantava enquanto banhava-se nas quedas d'água, uma música em outro idioma da de Hvitserk era cantada pela estranha e a cada palavra, mais de sua curiosidade era tocada. Por algum tempo, o jovem rapaz permaneceu na mesma posição enquanto tinha os olhos presos no corpo nú da garota, suas pupilas pareciam já estarem dilatadas já que sem sombra de dúvidas, aquela era a donzela mais bonita que vira em sua vida. A maneira como pegava em seu cabelo e apalpava o seu corpo era único, ele nunca havia visto aquilo onde morava já que todas em sua capital são completamente diferentes da civilização inglesa.

Enquanto procurava uma posição melhor, para vê-la mais perfeitamente, Hvitserk pisou em um galho seco e o mesmo quebrou-se, fazendo um barulho um pouco alto mediante todo o silêncio da floresta. Também se pode dizer que nem os ventos, quanto mais os pássaros quebrariam ganhos enquanto andavam e animais maiores não são tão silenciosos. Foi por isso que a garota assustou-se, já que pensou rápido demais no óbvio.

Os seus olhos rápidos corriam de um lado para o outro no lugar onde achava ter ouvido o barulho do galho. Com tantos avisos que sua mãe dera, certamente gostaria de ter seguido, pois sentia que estava sendo vigiada.

- Quem está aí? - gritou alto, mesmo com a voz um pouco trêmula pelo medo, e antes que pudesse gritar novamente, viu levemente o intruso que a olhava. Conseguia ver seus olhos sobre si e toda a estatura do homem que a espionava por detrás dos arbustos.

Rapidamente a garota correu para a margem e puxou o seu vestido do chão em busca de cobrir seu corpo ainda molhado para poder correr para longe. Estava claro que a jovem parecia aterrorizada com a presença daquele ser e por isso queria ir o mais longe possível, ignorando o fato de ter começado a correr para o lado errado de onde morava.

O medo de se perder e acabar indo para o mesmo lugar em que achara o intruso a afetou, a fazendo perceber que não estava sendo seguida pelo homem que a olhava escondido, mas claramente se lembrava dos olhos grandes sobre ela e a maneira como sua estatura era grandiosa. Certamente não era um inglês e obviamente aparentava ser maligno.





(Qualquer erro ortográfico será reparado. Espero que digam o que acharam)

VIKING ODIN'S BLOODOnde histórias criam vida. Descubra agora