13.

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           O vapor de água subia por todo o quarto. Suas criadas limpavam e arrumavam a princesa para o grande dia; o dia de seu casamento. Um enorme vestido branco com um véu que descia até o chão, os lábios inchados em vermelho e sandálias de ouro a compõem, juntamente com sua coroa ao topo da cabeça, ela parecia feliz... Até o momento em que chegara ao seu casamento.

          Gritos e altas gargalhadas faziam eco no enorme salão, homens selvagens com roupas inadequadas transformavam o ambiente em algazarra e antes que pudesse gritar em desespero, vira seu noivo, apenas com as suas roupas debaixo, despropositado, mas ele parecia não se importar, e, ao se aproximar, tocou-lhes em sua castidade, e só então percebera que também faltava-lhes seu vestido, que a pouco o tinhas em seu corpo. Nua, assediada, e mal casada, aquilo era mais como um show de horror.

           Como um pesadelo. Que na verdade, era isso mesmo.

          Alícia acordou em um suspiro alto, inspirando apressadamente na tentativa de suprir seus pulmões com o máximo de ar que conseguisse. Continuava no mesmo lugar a qual Hvitserk havia mandado-na. Ainda questionando-se como ele não estava ao seu encalço, e mais uma vez, sentiu-se sozinha.

          Sua boca seca implorava por água, obrigando-a a manter-se deitada na palha arisca que servia para alimentar os cavalos do estábulo. O sol ainda não brilhara, era por volta de três horas da madrugada, e quando tudo parecia quieto, as lágrimas começaram a aparecer.

           Abraçada ao seu próprio corpo, Alícia deixou-se relaxar e chorar um pouco. Frustração e medo, os sentimentos mais mesquinhos enchiam a sua mente com um turbilhão de pensamento sobre a sua casa, sua família. A pobre menina não sabia mais quem era. Uma escrava que passará a cuidar da casa de uma senhora rainha má, empregada eterna, sem direitos, sem privilégios.

          Aquilo já não era vida a muito tempo, pensou.

          A enorme porta do celeiro fez um barulho enorme ao ser aberta, assustando a jovem menina que procurou se esconder no primeiro lugar escuro o suficiente na tentativa de que ninguém pudesse achá-la, não queria ser achada, e se pudesse, passaria seus últimos dias ali mesmo. Algo oco como madeira velha tocava o chão, como que fosse um auxílio para andar. Alícia procurou o intruso no escuro mas não reconhecia a silhueta larga do que aparentava ser um homem bastante forte. Indagou-se do porque precisava de uma vara para andar, se aparentava ser tão jovem.

- Apareça, eu sei que está aí! - disse, o que parecia ser também um jovem. - Não quero fazê-la mal, eu juro. - disse, em tom mais baixo, fazendo Alícia sair de onde estava e seguir em direção ao homem, que sentou-se no chão, próximo a ração dos animais que dormiam ali.

          Quando Alícia aproximou-se mais, o rapaz jogou o que parecia um cantil, contendo o mais precioso liquido da humanidade: água pura. A menina bebeu quase todo o líquido, quase como se pudesse afogar-se, enquanto o garoto tinha seu rosto em uma careta enojada por estar tão perto de uma cristã.

          Ivar não fazia a minima idéia do porque de seu irmão, o mais inteligente entre os seus outros irmãos-cavalos trouxera uma princesa sem poses, ou ocupações para seu reino, e isso o intrigava amargamente. Talvez fosse apenas para possuí-la, como havia insinuado mais cedo na assembléia, ou por outro motivo, ao qual ele estava disposto a descobrir.

- Diga-me, cristã... O que você sabe fazer? - perguntou o rapaz de brilhantes orbes azuladas, mantendo o olhar na menina encolhida em seu lugar.

        Alícia não soube bem o que o menino quis dizer com sua pergunta. Não era uma questão comum, e ela percebeu que não fazia a mínima ideia do que se tratava. Ela era uma princesa, era isso o que sabia fazer, embora sempre fora dotada de ocupações, como o manejo da escrita, cavalgada, e ainda, aprendera os ofícios de seu reino, para o mínimo caso de que todos os seus irmãos mais velhos perecessem antes da coroação.

- Porque está me perguntando isso? Eu não sei o que quer dizer... - proferiu Alícia, enquanto abraçava o próprio corpo na tentativa de proteger-se do frio absurdo que a madrugada de Kattegat trazia. - Porque está aqui? - perguntou confusa, não conhecia o rapaz, senão por mais cedo na assembléia, quando o jovem acusou Halfdan de abusador sexual, e também de interesseiro.

- Eu faço as perguntas aqui. Diga-me porque Hvitserk a trouxe para Kattegat.. Diga-me quais as intenções dele para contigo?! - gritou Ivar em total estresse. A menina o deixava nervoso, mas afinal, o que não o deixava naquele estado? Absolutamente nada. 

      Alícia apertou-se um pouco mais em seu espaço, e levantou do chão onde se encontrava a frente de Ivar no momento seguinte. Ela não sabia quem ele era, no entanto, sabia que ele não era o tipo de pessoa com quem devia falar. Ninguém ali era.

- E-eu não sei.. Halfdan apenas trouxe-me para cá, acho que quer que eu seja a sua escrava, ou, por qual motivo teria me trago, não consigo imaginar nada. - disse rápido, e então Ivar perceber o quão inútil era a menina. Ela não sabia por que Hvitserk a queria, e isso o irritava, pois sempre odiou a mania de seu irmão de sempre manter o mistério até o final.

- Como poderia saber mesmo? - sorriu amarelo, levantando-se com um pouco de dificuldade, suas pernas estavam doendo mais do que o normal. - Mas não se preocupe, você não é a única, a tua espécie não foi dotada com inteligência. - proferiu ironicamente, Ivar, e pôs-se a andar para fora do celeiro, ignorando a menina por completo depois disso. Ela não servia para absolutamente nada. Então uma ideia lhe ocorreu: sequestrá-la.

      Mas é óbvio que eu pensaria nisso, no entanto, não levará a lugar algum, senão pelo meu aborrecimento e, é claro, a sua morte. Pensou o rapaz ao deixar o recinto.

       Alícia permaneceu imóvel até ver o garoto de cabeleira negra sair pela enorme por do celeiro. Seu mente vagou para Halfdan, e onde ele poderia estar senão ali, com ela.

      A menina o odiava com todas as suas forças, mas percebeu que o único que poderia amenizar sua passagem por lá seria o loiro de tranças frouxas, e fez isso ao lembrar da assembléia mais cedo, quando viu o menino defendê-la, mesmo que no segundo seguinte tenha dito que sua vida valia pela de seu pai, Ragnar Calças Peludas.

     De fato, ela não o compreendia, e isso a estressava, pois Halfdan virou sua vida ao avesso, e este caminho irreversível parece não ter fim.

Qualquer erro ortográfico será reparado.

Ei galeraaa!! Bem, sei que já faz mais de mês que não posto nada aqui (o que já não é a primeira vez) mas desta vez estou com uma novidade!!! TAN TAN TAAAAN.. sei que este capítulo parece pequeno, mas amanhã irei publicar novamente (eu ouvi um amém?) POOOOIS, eu realmente achei este capítulo muito minúsculo, o que me lembra de pedir desculpas a você por isso, eu sei que todos vocês merecem muito mais!! Espero que tenham gostado (porque eu gostei de escrevê-lo), não te esquece de votar e comentar o que está achando.. será que Ivar vai aprontar alguma coisa? Haha, eu amo vilões, tomara que ele seja um!!
     

VIKING ODIN'S BLOODOnde histórias criam vida. Descubra agora