11.

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Três dias escondidos na caverna de Floki foram suficientes para que ocorresse uma guerra civil em Kattegat, os moradores encontravam-se a ameaçar a rainha por seu filho ter trago um carrapato-maligno à sua capital. Poucos sabiam como reagir a esta crise, enquanto homens e mulheres insatisfeitos com a escolha do segundo nomeado a rei propunhavam uma caçada a princesa northumbriana. Era claro o descontentamento do povo, mas aquilo tudo fez com que uma mãe preocupada apenas enlouquecesse mais um pouco com o sumiço de seu filho.

Entre Alícia e Hvitserk tudo parecia piorar a cada dia. A pobre princesa, obrigada a encarar os olhares duros de Floki e os perversos de Hvitserk deixava-a estressada com tudo o que tinha. Mesmo que à noite, ela sempre tivesse que lavar as feridas do rapaz, por Floki se encontrar bêbado em qualquer lugar ao redor.

- Ele já foi um homem bom, apenas tornou-se amargurado desde a morte de sua esposa, e, posteriormente da me meu pai.. eles eram próximos, como irmãos. - explicou Hvitserk ao cansar-se de ver a pobre menina em defensiva a toda hora.

- Como a esposa morreu? - Alícia, que limpava os panos encarnados em água morna, tinha os ouvidos atentos para aquela história. Há dias havia percebido que aquela população vivia mais precariamente que em seu reino, e que mesmo devastando cidades inteiras e saqueando igrejas e monastérios descaradamente, todos ali haviam sofrido grandes perdas, uns mais que os outros, como Floki.

- Anos atrás, a esposa de Floki, Helga, ficou grávida, e deu a luz a uma menina, que morreu afogada tempos depois, a pobre mulher, traumatizada, decidiu adotar uma criança quando Wessex foi invadida a mando de meu pai.. a menina raptada já era crescida e ficou apavorada em ter de morar com um casal estranho, então, na primeira oportunidade que teve, a criança esfaqueou Helga e logo em seguida, tirou sua própria vida. Acho que preferiu morrer do que viver entre pessoas que ela não conhecia, mas que lhe salvaram a vida. Helga ao menos matou alguém, e sabia que a menina não iria sobreviver sem ajuda. Ela estava sozinha, angustiada, só queria saber qual a sensação em ter alguém para cuidar, dar carinho, estas coisas...

As palavras de Hvitserk comoveram Alícia de tal forma que ao menos soube o que dizer depois. Então mais uma vez o silêncio tomou conta do casal, que agora pareciam conversar entre olhares. Os dela diziam "sinto muito" enquanto os dele expressavam um "tanto faz".

Na manhã seguinte, os jovens amanheceram com Floki a bater com uma enorme concha de ferro em seu caldeirão, o velho homem aparecia com um sorriso que mal lhe cabia na boca. A princesa, que agora sabia um pouco de sua história não o julgava mais, embora estivesse um pouco incomodada por tal barulho.

- Será que pode bater com isto um pouco mais alto, já que os meus ouvidos ainda não sangraram. - estalou Hvitserk sarcasticamente enquanto levantava de sua cama improvisada e esticava os seus músculos e bocejava ao mesmo tempo.

- Hoje terá assembleia, e iremos nos reunir, todos nós.

- O quê?! - exclamaram alto os dois jovens que, aparentemente não sabia desta notícia.

- Oh céus, me havia esquecido deste evento.

- Sim, mas eu lembrei. Será a oportunidade perfeita para falarmos para todo mundo sobre o nosso plano. - disse Floki em seu status mais alto de felicidade. Hvitserk então enrijeceu seus músculos e o maxilar, olhando diretamente nos olhos do velho homem, implorando que não falasse sobre plano para Alícia, Hvitserk tinha que prepará-la antes. Seria muita coisa para assimilar, e mais ainda se Floki abrisse sua grande boca inadequada.

- Oh, ao menos contou a ela que a usará como troféu na cidade e contará a todos o que fez com ela e com o teu corpo macio, e que dirá que ela é parte de um esquema maquiavélico e bem estruturado consistente em um sequestro que custará a Northumbria muito ouro? - Floki fingiu um espanto enquanto ria, no entanto, Alícia e seus olhos derramaram suas ultimas gotas de esperança. Foi bem ali, naquele momento onde a jovem menina deu-se conta de que nunca sairia daquele lugar com vida.

Seu pai, se vivo, não teria dinheiro suficiente nem para si próprio, que era sua prioridade, o que dirá para pagar um sequestro mal arquitetado como aquele. Hvitserk, Floki e toda aquela população Viking cansariam-se dela em dia, meses no máximo e não esperariam sequer um segundo antes de julgá-la por algo nunca poderia ter feito. Não havia rota de fuga senão pelos barcos, onde não haviam espaços suficientes onde pudesse se esconder e caso tentasse ir sozinha, nunca chegaria em casa, já que conhecia tão pouco sobre a navegação marítima do que qualquer pessoa. Foi ali que Alícia percebeu o tempo a passar devagar, como na velocidade de uma pena, suas pernas automaticamente se moveram e parecia que corria milhas em minutos.

Hvitserk, em seu mais profundo espanto não poderia deixar de seguí-la, deixando para trás uma extensa e embaraçosa risada do velho homem Floki. Suas pernas davam largas passadas em direção a menina que mesmo correndo em escala menor, ainda se mantinha bastante a frente dele, seu nome foi chamada diversas vezes, mas em nenhuma correspondida, e quando ele achou que finalmente a perdeu, encontrou-a ao chão, abraçada a uma árvore velha e suja, na tentativa falha de se esconder entre alguns arbustos que resultou em arranhões em seus braços e um grande espinho em um de seus dedos de sua mão. A ferida fez a menina chorar um pouco mais e se sentir ainda mais angustiada em não conseguir arrancar a farpa. Hvitserk aproximou-se apenas segundos depois, puxando a mão da menina e examinando o machucado. O jovem que já sofreu por aquilo várias vezes, inusitadamente colocou a ponta do dedo com o espinho em sua boca e o sugou, até que parte da madeira pudesse ser vista e ele pudesse atirá-la fora.

- Eu juro que posso explicar. - disse logo após soltar a mão da menina para que ela pudesse ver que o espinho já não se encontrava mais lá. - Mas tu devias parar de sair correndo sempre que alguém disser algo assombroso assim.

- Me desculpe se não sou habituada a tantas notícias ruins assim.. e tu não tens de se explicar a toda hora. Mas por favor, não me leve ao matadouro cruel como se eu fosse apenas um animal.

- Acredite, não é você quem está indo para o matadouro. Mas precisamos ir. - ordenou.

- Pois não irei, se quiser que eu saia daqui, terá de me matar! - gritou em ordem enquanto batia o pé em protesto. Jamais iria para a cidade sabendo que lá seria difamada, teria sua honra manchada e seria ainda mais humilhada senão morta na primeira chance.

- Se não vieres comigo por bem, terei de levá-la a força, sobre meus ombros. É isto o que queres? - O rapaz pôs dois passos adiante em direção a ela, ficando cara a cara com a moça, em mais uma tentativa falha para tentar intimidá-a. Dessa vez a culpa foi dele, pois destraiu-se ao olhar fixamente para os lábios entreabertos da bela menina.

-... Não. - disse finalmente após alguns segundos, então Alícia pôs suas duas mãos sobre o peitoral de Hvitserk e o empurrou com toda a força que tinha, fazendo-o dar três ou mais passos para trás e quase, quase mesmo, não cair no chão.

Ela não era tão frágil assim, afinal. Pensou.



Hey hey babies! Bem, eu gostei bastante de produzir este capitulo (?), embora não o tenha revisado a quantidade de vezes que deveria. Estou super feliz que grande parte de vocês, leitores estejam realmente gostando do que escrevo e que seus comentários me deixam imensamente, infinitamente emocionada e feliz. Espero que gostem e não te esqueças de votar e comentar.

Qualquer erro ortográfico será reparado...

VIKING ODIN'S BLOODOnde histórias criam vida. Descubra agora