10.

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     O cavalo que vinha mais a frente tinha em suas costas o cavaleiro que mais matou cristãos por todas as suas voltas à Inglaterra. Logo foi reconhecido por Alícia que arrepiou-se ao ver o homem tão de perto.

- O que esta escrava faz com as roupas de minha filha? - indagou Erik a Hvitserk, que encontrava-se altamente confortável e deitado. - E porque é que estás deitado na minha cama?

- Tu tens sempre que ser tão chato? Faça uma pergunta de cada vez. - disse o rapaz de tranças sem fazer muito esforço. Era clara a sua condição e provavelmente metade da aldeia sabia o que o príncipe de Kattegat havia feito, no entanto isso não o incomodava, fazendo-o até ver graça de tal situação. Como Bjorn havia descoberto sua faceta ainda não sabia, mas que o irmão mais velho havia sido coagido por alguém para o espancar. Claro que o mais valho não havia saído da briga muito diferente de Hvitserk. - Não te preocupes com a cama, ou as roupas da tua filha... Preciso de um favor, não diga a ninguém que estou aqui, não ainda.

     A risada do velho homem prendeu Alícia contra parede, atraindo a atenção dos dois. Logo, Erik voltou a olhar para Hvitserk.

- Aslaung sabe que está aqui, e parece muita zangada contigo. Como é que podes fazer tanta idiotice. Por acaso tens demência?

     Por que é que todos o faziam a mesma pergunta. 

- Por favor, atrase-a apenas um pouco. - implorou Hvitserk a Erik, o velho homem que tinha as duas mãos apoiadas em sua cintura e um duro olhar para o garoto. Aquilo era um sim, meio que indiretamente.

- Ela deve, provavelmente estar a minutos daqui, então sugiro que procure um buraco mais fundo da próxima vez.. - concluiu o velho homem com a testa franzida enquanto pensava - Talvez a casa de Lorek...

- Dessa vez não, velho amigo - interrompeu Hvitserk enquanto tentava pôr-se de pé, garantindo êxito após uma e outra tentativa. Aquilo parecia engraçado aos olhos de Erik, que riu-se um tempo depois.

- Parece que andas mais Northumbriano do que pensávamos. - debochou o homem por Hvitserk sentir ainda os machucados.

- Não sou, mas não é tão fácil receber cuidados de uma princesa sequestrada.- então riram-se os dois, quase como se Alícia não estivesse ali.

...

Após o que pareceu muito mais que duas horas, Hvitserk finamente chegou ao que pareceu ser uma caverna. As curiosas orbitas castanhas de Alícia examinavam tudo ao seu redor, enquanto Hvitserk esforçava-se para amarrar o teimoso cavalo em uma árvore.

- Onde estamos? 

- No ultimo lugar onde iram me procurar.. 

- Certo. E onde estamos? - persistiu Alícia, agora um pouco mais assustada ao perceber a presença de alguém. Apenas um homem, no entanto não eram preciso mais que isso para aproximá-la ao encalço de Hvitserk. 

- Ora, se não é o meu segundo filho de Ragnar preferido... E... quem é essa? - sorriu Floki ao se dirigir a Alícia, que não entendeu ao menos uma palavra, e mantinha-se esquisa atrás de Hvitserk, que, por outro lado, a usava como moleta, escorando-se na menina.

- Esta é Alícia, a sexta filha do Rei Alfredo, O Grande. - moveu-se a boca de Hvitserk quando a de Floki abria-se em espanto. Alícia pouco sabia o que eles dizia, mas percebeu do que se tratava quando depois de segundos, Floki curvou-se a ela debochadamente.

    O perverso sorriso do homem enlarguesceu quando uma grande idéia lhe veio a cabeça. A princesa raptada seria a chave para uma nova era no império saxão.

- Parece que Ivar anda perdendo o posto de sobrinho favorito. - riu-se Floki quando aproximou-se mais da menina. Hvitserk mateve-se calado e saiu de sua frente apenas quando Alícia esgueirou-se mais para trás, na tentativa de se manter afastada do homem com tinta escura em torno de seus grandes olhos azuis malignos.

- P.Por favor, afaste-se - pediu a menina em voz enfraquecida, quando Floki pôs seus dedos a tocar a fina e gélida pele do rosto da princesa.

- Veja, Hvitserk, lisa como seda! - reclamou o velho homem ainda com o rosto alegre a olhar para o menino de feição cansada. Então Floki a soltou e com muito cuidado o ajudou a caminhar até para dentro de sua casa. - Há feridas esposas em seu corpo? - perguntou preocupadamente, Floki ao menino cheio de hematomas.

     Alícia que seguiu logo atrás esgueirava seu olhar curioso entre os dois homens, tentando a todo custo entender o que falavam, mas sabia, com certeza, o quão preocupado parecia o velho homem com relação à Hvitserk.

- Estou bem, não se preocupe tanto, eu preciso apenas descansar um pouco... Alícia já cuidou de alguns machucados. - a frase do garoto fez Floki parar o que fazia e seguir atentamente até Hvitserk para entender o que dizia.

- Então quer dizer, que ela, esta princesa com a qual tu e os teus irmãos roubaram-na, mataram parte da sua família e massacraram a sua cidade, ajudou a ti e aos teus machucados, sem pedir nada em troca? - indagou, arregalando os olhos para a resposta, que saiu tão rápida e facilmente quanto um assobio.

- Sim.

       O homem soutou então uma gargalhada alta, tão alta que assustara até mesmo os pássaros à fora da casa, quando Alícia aproveitou um momento de distração do velho homem para voltar a se esconder atrás das largas costas de Hvitserk.

- Então quer dizer que os teus planos para esta menina não incluem um estrondoso e gradeoso sequestro? - Halfdan negou com a cabeça, e em recompensa levou uma bela coronhada em repreensão do mais velho.

- Acabastes que descer no hanque de sobrinho preferido, para desertado. - falou enquanto esquentava um grande caldeirão com sopa e ossos de vaca, que o alimentou durante o mês inteiro.

- Não me importo em estar no hanque ou não, apenas me deixe ficar aqui um dia ou dois, até me recuperar e poder falar com Aslaug, antes que ela sacrifique Alícia na ceita do próximo mês.

     O sacrifício humano era feito quando os guerreiros que voltaram da guerra agradecia aos deuses por seus feitos e alegravam-se pelos que deram sua vida e agora louvavam e guerreavam em Valhalla.

- Bem, acredito que desta vez não poderás te safar.. a não ser que a única maneira seja realmente engana-la com a notícia do grande e estrondoso sequestro na qual falei ainda agora. - sugeriu Floki com seu sorriso duplo. O velho homem que sentia imensa falta de seu melhor amigo morto em chão saxão faria qualquer coisa que significasse almejar um mínimo momento de vingança contra os que tiraram-lhe o que para ele, foi um irmão de alma.

- Podes ficar aqui... Mas ela dorme ao relento. - piou, por último, e ouviu em alto e claro som que o menino também dormiria lá, se aquilo que dissera fora verdade. Então o homem retirou sua palavra e serviu aos dois, sopa com ossos de vaca. A primeira refeição de Alícia em Kattegat



Hey hey! Acredito que devo a todos vocês que acompanham esta história um pedido de desculpas. Bem, não há explicação para atrasos, ainda mais quando não é a primeira vez, mas peço-vos que não desistam de mim... Ainda. Rsrs.

Votem e comentem. Qualquer erro ortográfico será reparado.

VIKING ODIN'S BLOODOnde histórias criam vida. Descubra agora