03.

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         O acampamento havia sido desmontado e toda as coisas estavam sendo postas em seus navios novamente, por ordem de Björn que recebeu a ordem de Ubbe, que recebeu de Sigurd que havia sido designado por Ivar para o fazer.

       Era como uma cadeia alimentar, em que o mais novo conseguia ter comando sobre os mais velhos, e assim, se sobressair do bando todo. Se vikings fossem lobos, certamente Ivar, ou Hvitserk seriam o Alpha, isso se não tivessem tanta autoconfiança, e, é claro, se fossem realmente lobos. O que não eram e nem gostariam de ser, pois o que realmente identificava os jovens guerreiros eram o prazer pelo negro do corvo. A mania que seu pai tinha de dizer a todos que era filho de Odin fez com que seus filhos adquirissem o mesmo sangue de seu deus, e com isso, passaram a acreditar que eram mesmo mais resistentes que os demais. Sendo, sucessivamente, netos do pai de todos os deuses. Sabiam que o fardo em serem homens confiáveis e conhecidos era grande demais, quase mais do que alguns dos Ragnarsson's poderiam sustentar. O fato é, que mesmo com sangue poderoso em suas veias, ainda eram humanos, e por isso, quase não passavam de meros sacos de carne e sangue, que a qualquer hora poderiam ser aniquilados caso passassem a se tornar homens grandes demais, como seu pai foi.

Os seus machados já haviam sido amolados a muito tempo e todos pareciam estar com seus escudos, prontos para receberem o sinal para o início do confronto. Ivar, o irmão mais novo havia repassado mais uma vez seu plano com os homens para que pudessem ficar justamente onde ele queria. Todos sabiam o quão gratificante era para o jovem de cabelos castanhos mandar nos outros, por tal motivo, ninguém duvidava que o tal fizesse com maestria. Todos o odiavam por isso.

Hvitserk limpava o seu rosto antes de se preparar mentalmente para o confronto com os cristãos enquanto tentava esquecer a garota que havia visto no dia anterior. Sua cabeça dava voltas e voltas quando pensava no corpo nú da donzela. Nunca foi muito seletivo em escolher mulheres para partilhar seus prazeres, no entanto, admitiu a si mesmo que poderia ficar um pouco paranoico se continuasse a pensar tão profundamente naquela mulher. Isso porque havia até sonhado com a garota, e por tal motivo amanheceu mais cedo que os outros, e com as calças molhadas. Apreciava um pouco as águas do pequeno moinho onde se refrescava, quando seu irmão mais velho, Bjorn veio até si carregando seu machado aparentemente bem amolado e então suspirou. Hvitserk sabia que algo o incomodava, mas o conhecia desde que nasceu para saber que o mesmo procurava desabafar antes de ir para a batalha, por isso permaneceu calado esperando que Bjorn começasse.

-... Estou preocupado - começou Bjorn a falar, logo depois suspirou mais uma vez.

- Sei que está. Você sempre está preocupado com alguma coisa que não faz sentido. - riu Hvitserk com seu comentário. Conversar com seu irmão o acalmava pois o Bjorn nunca tinha o que dizer, e isso sempre o deixava entretido. - O plano de Ivar é bom, eu mesmo o aprovei, deveria relaxar um pouco e.. só precisa matar alguns cristãos hipócritas.

- Tem razão, mas mesmo assim não consigo deixar de ter preocupações. Caso eu morra nessa batalha quer... - o mais novo interrompeu seu irmão com um pequeno barulho que fez com sua própria boca para que não começasse a falar besteiras.

- É a primeira pessoa que conheço que não quer ir a Valhalla! O que houve? Por acaso não te satisfaz conhecer Odin, reencontrar nosso pai, viver no paraíso, embebedar-se todos os dias, trepar até seus testículos doerem? - e como em poucas vezes em sua vida, Hvitserk exaltou-se. Era um fato que escandinavos não temiam sua morte, até a aguardavam com glória, e faziam de tudo para que chegasse de uma vez. Mas Bjorn parecia querer o contrário, como se esperasse pela morte de sua mãe para conseguir seu trono desejado. - Talvez mereça mesmo morrer nessa batalha, será lembrado como... Bjorn, O covarde. - alfinetou seu irmão antes de se levantar e olhar mais uma vez para o mais velho que ainda estava no chão o olhando como se houvesse um espírito em sua frente.

Hvitserk apenas deu as costas a Bjorn e seguiu caminho para onde todos os outros estavam. A sua armadura de couro já havia sido colocada e o mesmo procurava por algum elmo que o pudesse servir, tinha que manter sua cabeça protegida das machadadas e um bom ferro o ajudaria. Logo todos os escandinavos começariam a caminhada até o castelo de Northumbria, onde o rei Alfredo, O Grande os aguardava com temor. Todos cantarolavam e riam o quanto podiam enquanto se aproximavam mais e mais de seu destino. Todos formavam um grande exército, talvez um dos maiores já avistados por aquelas terras, entretanto, poucos realmente se conheciam, mas queriam a mesma coisa e por isso estavam juntos.

Bjorn e Ivar seguiram com o seu exercito maior na frente, visível para o castelo, Ubbe e Sigird seguiam em ambas as laterais e Hvitserk havia ido com uma pequena escolta para detrás do castelo, onde seria a parte mais fácil por onde poderiam entrar quando o confronto começasse. Não que o rapaz não gostasse de uma boa linha de frente, mas seguia o seu papel, e isso iria garantir que o faria obter sucesso no final.

O rei Alfredo parecia um pouco nervoso, o que não era para menos, já que seu exercito era inferior ao dos vikings, mesmo assim, acreditava que Deus o ajudaria e que venceria aquilo, que receberia um milagre de qualquer forma. Havia armado sua esposa e sua filha mais jovem com duas espadas e as escondeu no quarto mais alto do castelo para que não as houvesse risco algum de qualquer forma. Temia por elas já que todos os seus outros herdeiros homens estariam à batalha consigo. O exército visível dos vikings estava muito longe para que os arqueiros pudessem atirar flechas em suas direções e apressadamente eles arrumavam-se o máximo que pudiam para confrontarem os intrusos. Teriam que sair do castelo a qualquer minuto, a não ser que os monstros do outro lado dos portões fizessem algo de inesperado.

Com um grito bastante estrondoso e alto de Bjorn, o líder mais velho do exército nórdico, os guerreiros mostraram que não iriam sair de seus postos, mas que pareciam dispostos a atrair os cristãos para fora de sua fortaleza atirando grandes bolas de fogo com pequenas armadilhas que faziam com que as peças que queimavam rolassem ate os portões do reino, balançando a estrutura. Aquilo era isentivo suficiente para por os guerreiros de Wessex agitados e também preparados para o combate do lado de fora do castelo. Coisa que também havia sido decidido no embalo, pois tanto os guerreiros quanto o próprio rei Alfredo não queria que os demônios fedorentos viessem até si para tomar-lhes suas famílias e pertences.

Os portões foram abaixados e antes mesmo de todos os guerreiros cristãos pudessem sair do castelo, os guerreiros que se escondiam nas laterais do castelo os cercaram, pareciam bem maiores, no entanto, Ivar percebeu do que se tratava quase do mesmo momento, haviam o mesmo número de pessoas a lutarem entre si, seria uma guerra bastante sacrificante. Mas os deuses estavam com eles.



(Qualquer erro ortográfico será reparado.)


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